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terça-feira, 19 de julho de 2011

Japão: Os Kamikases estão de volta

"Ninguém tem maior amor do que aquele que dá
a sua vida por seus amigos." João 15,13

Recebi de Vladimir Takeda, presidente do Country Club e membro da nossa Asssociação de ex-Bolsistas no Japão (Ameojapão), um email sobre os japoneses idosos que se ofereceram para trabalhar e contrair doença na usina nuclear de Fukushima. Coloco aqui um pequeno trecho:

Talvez agora o ocidente e mesmo muitos descendentes nipônicos possam compreender o verdadeiro sentido da lenda “Ubasute yama”, que foi refilmado pelo diretor Shoei Imamura, com o título “Balada de Narayama” (Palma de Ouro em 83).

“Imamura nos conta a história sobre o Monte Narayama em cujo sopé, na época de um Japão feudal extremamente pobre, vive uma comunidade de aldeões agricultores. Os velhos, ao completarem 70 anos são levados ao Monte Narayama para aí morrerem.
O altruísmo de Orin, uma idosa às vésperas de 70 anos e de saúde e dentes perfeitos, a faz quebrar os incisivos superiores para justificar sua desnecessidade de comida, já às vésperas de sua partida ao Monte...” (fonte Google).

Na época, eu conversei com alguns “nisseis” e “sansseis” sobre o filme e a maioria achou que o filme era cruel, e no mínimo esquisito, sem compreender que, numa época de extrema pobreza e escassez de alimentos, era melhor alimentar os jovens para ter uma esperança no futuro. Como comentou Marvio, mesmo sendo assombrosa, a medida era simples e lógica para a sobrevivência de toda uma comunidade.
O interessante é que mesmo após séculos e num país sem fomes, esta lógica ainda permaneça entre muitos idosos.


Vladimir acrescenta a seguinte matéria do jormal DESTAK, publicada em 03.06.2011

http://www.destakjornal.com.br/readContent.aspx?id=10,98921

Idosos japoneses se oferecem para trabalhar em Fukushima

Cerca de 200 idosos japoneses estão se oferecendo para tentar controlar a crise na usina nuclear de Fukushima. O grupo é composto por engenheiros aposentados e outros profissionais. Todos com mais de 60 anos.
Eles dizem que são eles que devem enfrentar os perigos da radiação, e não os jovens.
Assistindo ao noticiário, o engenheiro Yasuteru Yamada decidiu mobilizar idosos como ele. Para ele, a atitude não é corajosa, mas lógica. "Eu tenho 72 anos e posso viver mais 13 ou 15 anos. Mesmo que seja exposto à radiação, o câncer vai demorar 20 ou 30 anos para se desenvolver." Ele está tentando autorização do governo para que os voluntários possam entrar na usina nuclear. O governo agradeceu a oferta, mas é cauteloso, e Yamada não dá detalhes sobre o andamento das negociações.
A usina ainda está liberando radiação, três meses após o terremoto e tsunami que atingiram o país. A operadora Tepco confirmou que o combustível de três reatores derreteu, e dois funcionários foram expostos a níveis radioativos acima do tolerado.


Impressionante !
Coloco aqui um vídeo sobre o Tsumani, também recebido do Vladimir Takeda, um registro fantástico gravado por uma pessoa dentro do carro, que vê aparecer água por todos os lados, em questão de segundos.
Tenha um bom fim de semana

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Visto americano nunca mais

Recentemente saiu na revista Time uma matéria com o título: “Deixe eles entrarem: Como os brasileiros podem ajudar a economia dos EUA”, sobre o turista brasileiro nos Estados Unidos, o qual nós comentamos aqui no post : Brasileiro é o melhor turista do mundo
(http://nogueiraclaudio.blogspot.com/2011/06/brasileiro-e-o-melhor-turista-do-mundo.html).
Vá lá e leia como os gringos estão apaixonados por nós, digo, pelo nosso dinheiro. Antes éramos imigrantes, agora somos geradores de emprego na terra do tio Sam. Por esse motivo, americanos e brasileiros pedem pelo fim do visto. Se isso acontecer vai ser muito bom, porque o meu visto de dez anos acabou de vencer. Mas eu sinceramente não acredito nessa possibilidade, tanto que já agendei a renovação do novo visa.

Os que mais gastam

"Os brasileiros superaram os japoneses quanto ao gasto médio por pessoa em viagens aos Estados Unidos em 2010, informou nesta quinta-feira (14) a U.S. Travel Association. Agora, o Brasil é o país cujos viajantes mais gastam nos EUA por pessoa, posto em 2009 ocupado pelo Japão. Em 2010, os brasileiros gastaram em media U$ 4.925,00 por pessoa em viagem aos EUA; seguidos pelos chineses, com US$ 4.540,00; e em seguida pelos japoneses, com US$ 4.290,00. Em termos comparativos, um brasileiro equivale a 4,7 canadenses; 7,5 mexicanos e 1,7 ingleses em relação a gastos médios individuais do viajante nos EUA”. Informou o Brazilian Press, que se diz ser “O maior jornal brasileiro fora do Brasil”
(http://www.brazilianpress.com/20110421/local/noticia07.htm)

A US Travel Association previa um crescimento de 30% de turistas brasileiros em território americano, de janeiro a março deste ano, quando comparado com o primeiro trimestre de 2010. Com essa projeção o Brasil superaria a expectativa de 1,4 milhão de turistas, e deve passar de 1,5 milhão. Lembrando que ano passado o total foi de 1,2 milhão de turistas. Em 2010 os brasileiros deixaram quase 6 bilhões de dólares nos Estados Unidos.

De janeiro a maio deste ano, de acordo com o Banco Central, o turista brasileiro no exterior gastou US$ 8,33 bilhões, um acréscimo de 45%. O que resulta em uma média de 1,66 bilhão de dólares por mês.

Podemos fazer dois cálculos aqui sobre os gastos do turistas brasileiros nos Estados Unidos em 2011: (1) Se a média de U$ 4.925,00 por pessoa permanecer em 2011, o que pode não acontecer se o dólar continuar desvalorizando (nesse caso a valor será maior), os gastos dos brasileiros nos Estados Unidos, considerando 1,5 milhão de turistas, resultaria em US$ 7,38 bilhões, o que seria um acréscimo de “apenas” 23% em relação aos 6 bilhões gastos no ano anterior. Outro cálculo (2) seria considerar que esse aumento de 45% (veja parágrafo acima) seja o acréscimo de todo 2011 com relação a 2010. E , hipoteticamente, tenha permanecido as proporcionalidades entre os países visitados por brasileiros, então um acréscimo de 45% sobre 6 bilhões gastos em 2010, chegaríamos a US$ 8,7 bilhões dos gastos dos turistas brasileiros nos Estados Unidos. Not too bad at all !
Chega de tanto cálculos, tudo isso é para dizer: “Fim de visto para Estados Unidos já”. Dos vintes países mais visitados do mundo somente cinco pedem vistos para brasileiros: Estados Unidos, Canadá, México, China e Ucrânia. Não tem nenhum europeu nessa relação.
Me desculpem, mas vou dizer como dizem os jovens: O fim do visto não vai rolar !

O visto vai continuar

Eu aposto 10 para 1 que o visto para brasileiros não vai ser liberado. Se for, o prefeito de Governador Valadares vai despachar em Massachusetts, mas precisamente em Framingham. Onde tem de tudo em português para brasileiros: pizzaria, locadora de vídeo, churrascaria, igrejas, padaria, escolas, dentistas, médicos, etc,etc.
Essa semana o jornal A Crítica noticiou que senadores brasileiros vão pedir ao governo americano que os vistos possam ser tirados em Manaus mesmo, a entrevista seria por meio de vídeo conferência. É uma boa notícia. É uma proposta mais realística.
O censo americano de 2000 revelou que existia 212.428 brasileiros no país, representando 0,7 por cento dos 31 milhões de imigrantes. Os brasileiros em 2000 eram a 28ª maior comunidade imigrante dos Estados Unidos passando a ocupar o 25º lugar em 2007. Em Massachusetts, este crescimento deu-se de forma mais acelerada passando a população brasileira imigrante de quinta comunidade imigrante no estado em 2000 para a maior em 2007.
Em 2009, o Ministério das Relações Exteriores estimava que esse número estava entre 800 mil a 1,2 milhão de brasileiros.

“As informações utilizadas para tal cálculo são as seguintes: (1) volume de remessas dos Estados Unidos para o Brasil - de acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), os brasileiros vivendo nos Estados Unidos enviaram $2.7 bilhões de dólares para o Brasil em 2006; (2) valor médio das remessas enviadas por brasileiros residentes nos Estados Unidos para o Brasil: entre $300 a $400 dólares; (3)frequência média dos envios de remessas por brasileiros dos Estados Unidos para o Brasil: entre 10 a 12 vezes por ano; e (4) a proporção da população brasileira residente nos Estados Unidos que envia remessas para o Brasil: entre 60 a 70 por cento. Baseado nestes dados pode-se estimar que em 2007 a população brasileira residente nos Estados Unidos era de 803 mil a 1,4 milhões de pessoas dependendo claro, da estimativa do valor total enviado, das variações nas estimativas dos valores médios das remessas, frequência média destas, e a proporção da população que remite.”

Esse pessoal todo, na sua maioria esmagadora, entrou no país com visto de turista ou estudante, e uma minoria ilegalmente pela fronteira do México. No site http://www.digaai.org/wp/index.php?title=Estados_Unidos
encontra-se maiores informações sobre o perfil do imigrante brasileiros nos Estados Unidos.

Novo Censo

Essa semana o portal IG divulgou dados mais recentes do Itamaraty sobre a “diápora” brasileira pelo mundo: 3.122.813; destes 1.388.000 vivem nos Estados Unidos.
(http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/mais+de+3+milhoes+de+brasileiros+vivem+hoje+no+exterior/n1597067659662.html)

Vamos fazer alguns comentários sobre isso.
Eu passei o verão americano de 1998 estudando em Harvard, que fica em Cambridge. Do outro lado do rio Charles fica Boston, e ligado a esta, está a cidade de Sommerville. Lá português é a segunda língua não oficial. Se fosse oficial seria a primeira, pelo menos em algumas áreas. De lá fui com parentes para Newark, Nova Jérsei, uma espécie de Niterói de NY City Cada uma fica em uma margem do rio Hudson. Lá tem bairro que a única coisa que se ouvia era o português. Os portugueses chegaram antes dos brasileiros, mas estes se apossaram do território e tomaram conta do pedaço. Lá assistimos dois ou três jogos da Copa do Mundo de 1998, inclusive a final. Após a derrota, alguns portugueses saíram a rua comemorando a nossa desgraça, enrolados na bandeira da França. Deviam ter os seus motivos.
Em Newark, uma cidade muito feia, em alguns bares vocês encontra todos os nomes e preços em português. Na realidade, mas português é impossível: X Salada, ao invés de Cheese ou coisa parecida.
Em 1994, eu havia me inscrito para fazer mestrado no Instituto de Tecnologia de Nova Jérsei (NJIT), já estava acabando o primeiro semestre na Universidade de Miami, quando chegou a carta de aceitação, o valor era um terço do que estava pagando. Fiquei muito chateado e pensei começar tudo de novo NJIT, mas quando visitei a cidade em 1998, vi que fiz a escolha certa.
Lá eu vi uma coisa que jamais pensei que fosse ver no severo Estados Unidos. Após a vitória da seleção brasileira, a polícia fechava algumas ruas, e o buzinaço de carros indo e vindo começava, o povo fazia exatamente o que faz aqui, tinha torcedor comemorando sentado no capô do carro, e a polícia não fazia nada. Believe it or not.

O Estado de Massachusetts é o que tem a maior comunidade de brasileiros, são quase uma dezena de cidades. Apesar de nessas cidades você encontrar vários serviços prestados por brasileiros para brasileiros, como médicos e dentistas, a vida deles não é nada fácil. Eles já começam a incomodar, a medida que se deslocam para outras áreas, como mais recentemente para Martha’s Vineyard. Já ouviram falar dessa cidade ? É onde os Kennedys tiram férias e às vezes o presidente americano.
Veja no site do Financial Times : “Como a Imigração [Brasileira] está transformado Martha’s Vineyard (http://www.ft.com/intl/cms/s/2/e737b6c6-87a1-11de-9280-00144feabdc0.html#axzz1S21k3TZL)
“Hoje, Martha's Vineyard - descanso de verão de pessoas como de Bill Clinton, Harvey Weinstein, Spike Lee e agora os Obamas - depende de milhares de brasileiros para fazer o trabalho pesado.”

Hoje mesmo, 13 de julho, no site Comunidade News (http://www.comunidadenews.com/local/programa-em-massachusetts-poe-brasileiros-na-fila-de-deportacao-7385) é relatado como a situação de imigrantes brasileiros nos Estados Unidos não é muito fácil. O site noticia a situação de brasileiros que podem ser deportados por terem cometidos pequenas infrações no trânsito. Ou seja, usam isso como pretesto.

O número de imigrantes brasileiros no Estados Unidos é apenas um dos dois motivos principais, que quero lembrar aqui, para não se ter o visto liberado. Volto a lembrar o que já escrevi: apesar da entrada ilegal, a grande maioria entrou de forma legal com visto de estudante ou de turista e nunca mais voltou. Se o visto for liberado, o povo que está lá e manda dinheiro para os parentes daqui, vai mandar buscar o resto da familía.
Eu mencionei apenas Massachussets e Nova Jérsei, mas tem brasileiros, e muitos, principalmente em Nova York, na Flórida e Califórnia. E em quantidade menor, em outros lugares.

O visto gera muito dinheiro

A receita gerada pelo visto americano é outro principal fator que conspirar contra a extinção do mesmo. Possivelmente a embaixada americana e os seus consulados no país sejam auto sustentáveis financeiramente, isto é, não precisam receber dinheiro de Washington para se manter. Exagero ? Vejamos.

“ Segundo a embaixada dos EUA, o comércio, os negócios, a educação e o turismo entre o Brasil e os Estados Unidos expandiram muito nos últimos anos. Esse fato levou a um aumento de 230% na demanda de vistos de não-imigrante desde 2006. Somente em 2010, o Consulado Geral de São Paulo emitiu mais de 319 mil vistos de não-imigrante – mais do que qualquer outra seção consular dos Estados Unidos no mundo. A expectativa é que essa demanda deve continuar e provavelmente aumentar em até 30% em relação a 2010.”

Vamos fazer uma continha básica aqui: o visto mais barato custa 140 dólares e o mais caro US$ 350. Então, vamos considerar o valor mais baixo 140 dólares, e somente o consulado americano de São Paulo, sem contarmos com o do Rio de Janeiro e o de Recife, além do setor de vistos dentro da embaixada em Brasília. Portanto, um cálculo bastante defasado e modesto, muito por baixo: os 319 mil vistos renderam US$44.660.000. Ops !! Isso volto a lembrar está muito fora da realidade, o valor é muito maior.
Quem acha que considerando isso e aquilo, o Mr. Obama vai suspender a exigência de visto levante a mão .
Vou acrescentar o que disse ali em cima; os americanos daqui, com o  recebimentos dos vistos, devem pagar todos os americanos que trabalham na América do Sul.

Por isso é que já fiz o meu agendamento, mas ficaria muito feliz se estiver errado.
Tenha um bom dia.
Cláudio Nogueira