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segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Quem vai ganhar o segundo turno.

Segundo o TSE este ano tiveram 118.229.719 de votos válidos. Subtraindo-se deles os 108.331.849 de votos dados ao Lula e ao Bolsonaro sobram 9.897.870 de votos recebidos pelos demais candidatos. Muito menos do que os 25.814.556 de votos não recebidos por Fernando Haddad e Jair Bolsonaro em 2018. Este ano a polarização foi muito maior.
 
Primeiro Turno 2022

Lula

57.259.504

48,43%

Bolsonaro

51.072.345

43,20%

Total

108.331.849

 
Na eleição de 2018, o número dos votos válidos no segundo turno (104.838.753) ficou abaixo dos válidos no primeiro (107.050.673). Isso não causa muita surpresa porque muito eleitor sai de casa motivado para votar nos candidatos a cargos legislativos e para governador; o que não tem no segundo turno.
A abstenção no primeiro turno de 2018 foi de 20,3% e a deste ano 20,9%. No segundo turno de 2018 a abstenção foi de 21,3%. Como em termos percentuais isso é uma variação muito pequena; para fazermos uma análise, vamos considerar que o número de votos válidos nesta eleição será o mesmo nos dois turnos.
Pegamos o número de votos válidos  e dividimos ao meio:
     118.229.719 / 2 = 59.114.859,5. O número mínimo de votos que um candidato precisa ter para ser eleito presidente da República é 59.114.860.
Quanto falta para cada candidato atingir o número mínimo de votos para ser eleito?  Vamos considerar que seus eleitores do primeiro turno não mudarão os votos no segundo.

 Lula
59.114.860 - 57.259.504 = 1.855.356 de votos é o quanto Lula tem de pegar naquele balaio com  9.897.870 votos para ganhar a eleição.

Bolsonaro
59.114.860 - 51.072.345 =  8.042.515 votos necessários de acréscimo para ser reeleito.
Isso representa quanto porcento dos votos recebidos ?
Lula teria de crescer mais 3,24 % e Bolsonaro 15,74%.
A situação está muito mais confortável para Lula. Para Bolsonaro ganhar está difícil, porque esses 8.042.515 votos que ele precisa adicional aos que já recebeu representaram mais de 81% dos votos disponíveis (9.897.870). Isso é pouco provável considerando que a Simone Tebet e o Ciro Gomes tiveram juntos 8.514.710. Lembrando que o PDT de Ciro já  declarou apoio a Lula, a situação fica mais complicada.
"Lula representa uma aproximação das ideias do partido. Bolsonaro é aspirante a ditador. Não admitimos nenhum pedetista apoiando Bolsonaro", disse Carlos Lupi, presidente do PDT.
Creio que depois de Bolsonaro chamá-la de “estepe”, Simone Tebet também deverá se pronunciar a favor de Lula.
Essa possibilidade de Bolsonaro crescer 15,74% no número de votos no segundo turno e abocanhar 81% dos votos dados a outros candidatos é muito difícil de acontecer quando considerados as seguintes informações:
 
 Primeiro Turno  2018

Bolsonaro

49.276. 990

46,03%

Haddad

31.342.051

29,28%

Total

80.618.995

 

Segundo Turno  2018

Bolsonaro

57 797 847

55,13%

Haddad

47 040 906

44,87%

Total

104 838 753

100%

 
Acréscimo do primeiro para o segundo turno para cada candidato

Bolsonaro

8 520 857

17,29%

Haddad

16 455 842

52,50%

Total

24 976 699

 
Haddad cresceu 52,50% e Bolsonaro 17,20%. Isso faz toda diferença nas eleições desse ano se consideramos que os adversários, PT x Bolsonaro, são o mesmo.
Vamos ver isso de outro modo, mas com importantes informações adicionais.
 
  Primeiro Turno 2018

Bolsonaro

49.276.990

46,03%

Haddad

31.342.51

29,28%

Total

80.618.995

 

 

 Primeiro Turno 2022

 

Bolsonaro

51.072.345

43,20%

Lula

57.259.504

48,43%

Total

108.331.849

 
A polarização mais radical em 2022 gerou 27.712.854 de votos a mais para os dois principais candidatos quando comparado com os recebidos por Haddad e Bolsonaro em 2018.
Em termos absolutos os ganhos de Bolsonaro e do PT (de Haddad para Lula), da eleição de 2018 para a de 2022, respectivamente, foram 1.795.355 e 19.730.340 votos.
Em termos relativos o aumento de Bolsonaro de uma eleição para outra foi de 3,6%. E o acréscimo do PT, com Haddad em 2018 e Lula em 2022, foi 82,6%.
Em 2018 os demais candidatos tiveram 25.814.556 votos. Entre eles estão os 13.344.366 (12,47%) de Ciro Gomes, que em 2022 derreteram-se para 3.599.287; apenas 3% dos votos válidos. Considerando a acréscimo de Bolsonaro (1.795.355 – 3,6%) e do PT (19.730.340 – 82,6%) mencionados acima, só podemos concluir que esses quase 10 milhões de votos que Ciro Gomes perdeu, na sua grande maioria, foram para Lula. Não obstante o fato de Ciro bater e atacar Lula, principalmente nos debates; e ser  light nas críticas ao Bolsonaro.
O que parece é que a chamada pelo voto útil, somando-se a este  aos eleitores que só votaram no Ciro porque o candidato em 2018 não era o Lula, surtiu efeito.
Dito isto, está na hora de fazermos a previsão do resultado do segundo turno.
Considerando que os números de votos válidos sejam iguais nos dois turnos; considerando que nessa eleição temos novamente um candidato do PT contra o Bolsonaro; considerando que quase 66% dos votos obtidos por outros candidatos além de Fernando Haddad e Bolsonaro, no primeiro turno de 2018, foram para o candidato do PT no segundo turno; considerando que os candidatos nas duas eleições têm perfis ideológicos muito parecidos; e estimando que 70% dos 9.897.870 vão para Lula, ou seja, 6.928.509 (80% de Ciro e Tebet). O resultado do segundo turno estimado é o seguinte:

 

Segundo turno

Lula

64.188.013

54,29%

Bolsonaro

54.041.706

45,71%

Total

118.229.719


Case se confirme, como na eleição de 2018, um aumento de 1% na abstenção do primeiro para o segundo turno, o resultado seria:

Lula

62.860.616

54,29%

Bolsonaro

52.926.115

45,71%

Total

115.786.731

 

 
Com  a margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, considerando que o nível de abstenção pode crescer ou decrescer; embora tem sido considerada igual nos dois turnos.

Concluindo.

“Pesquisa do Instituto Datafolha divulgada neste sábado (1º), contratada pela Globo e pela “Folha de São Paulo”, aponta que 52% não votaria no presidente Jair Bolsonaro (PL) de jeito nenhum. Os que dizem não votar em Lula (PT) são 40%.”
Se o Datafolha não se enganou mais uma vez, o que essa pesquisa informa é que é impossível, com esse nível de rejeição, o Bolsonaro ganhar. Companheiro, não tem como a soma total percentual de votos válidos e o nível de rejeição maior que 50%, passar dos 100%.
 
 
 
 
 
 

Datafolha Errou nas Previsões de Votos e nos Deve Explicações.

O Datafolha nas eleições presidenciais de 2010, 2014 e 2018 fez previsões de tendências de votos que se confirmaram de maneira razoável; embora tenha errado, naqueles anos, em alguns Estados, quanto a tendência de votação para alguns governadores.

Mas nas eleições desse ano, nem com uma exagerada boa vontade, poder-se-ia dizer que as previsões ficaram dentro das margens de erros. Os levantamentos em São Paulo para presidente e para governador, bem como para presidente no Rio de Janeiro foram erros vexatórios.

Não é a primeira vez que isso acontece. Lembro-me há muitos anos, após serem abertas as urnas e as previsões falharem, o Bonner e a Fátima Bernardes, com as maiores caras de paus, dizerem no Jornal Nacional que o eleitor mudou o voto na última hora. Indecisos sempre existiram, mas eles não fazem esse estrago todo não.

Afinal erraram por incompetência ou divulgaram erradamente para tentar influenciar o eleitor ? Vou considerar que desta vez foi incompetência.

Por que e como isso acontece? Por que eles acertaram umas previsões e erraram outras ?

O Brasil tem mais de 150 milhões de eleitores registrados e aptos a votar. Como é que pesquisando 2 mil ou 3 mil pessoas pode-se acertar a previsão? Isso é possível. Só depende da qualidade da amostragem. Explico.

Quais são os ingredientes de um bolo simples? Farinha de trigo, ovos, leite, manteiga, açúcar e fermento. Colocando tudo em uma batedeira poderíamos dizer que a mistura é constituída de x% de farinha, y% de ovos, z% de manteiga etc. Se mistura for bem homogênea, um simples pedaço do bolo, uma fatia, também é constituída de x% de farinha, y% de ovos etc. Assim é a nossa sociedade, no caso o número de eleitores. Uma amostragem de 3 mil pessoas tem de ter o mesmo percentual de brancos, negros, pobres, ricos, homens, mulheres, jovens, velhos, nordestinos, sulistas etc. que tem no total de eleitores. O problema já começa aí, porque não sabemos qual a proporção de cada um nesses 150 milhões. Uma boa amostragem pelo menos tenta ser representativa da população. Nesse caso os nomes se confundem. Em estatística população significa o todo. Não exatamente os seres humanos.

Na CNN vi o absurdo dos comentaristas tentarem explicar e justificar porque havia resultados bem diferentes - isso antes da eleição - de pesquisas feitas por diferentes institutos: “Porque a metodologia é diferente. Em uns a pesquisa é presencial, em outros é pelo telefone. Mas os dois estão corretos.” Não companheiro. Numa eleição só tem um resultado. Ou um está correto e o outro errado; ou os dois estão errados.

E com muita boa vontade com o Datafolha acredito que eles erraram na seleção desta amostragem. Não creio que divulgaram erradamente de propósito. A realidade mostrou, mais de uma vez, que a divulgação de previsões erradas não alteraram o resultado. O estrago na reputação é muito maior. Não creio que valha a pena correr o risco. E devo lembrar que o grupo Folha e o PT não se cheiram. Contudo, também acredito que isso beneficiou o PT, que baseado nas previsões saiu batalhando pelo voto útil. O erro a nível nacional foi menor porque a amostragem errada no Estado de São Paulo ficou um pouco diluída nas amostragens do resto do país.

Foi por essa amostragem errada que o Haddad estava na frente do Tarciso de Freitas e a diferença entre Bolsonaro e Lula era bem maior dos 5% registrados nas urnas.

Uma coisa deve ser dita. As pesquisas de intenção de votos, quando feitas adequadamente, geram levantamentos da probabilidade relativa a todos os eleitores aptos a votarem e não somente daqueles que desejam ir votar ou efetivamente votaram. O povo que se absteve também está incluso. Não confundir com votos em branco, nulos e indecisos. Obviamente que entre os 32 milhões de eleitores que não foram votar estão os que se tivessem ido votariam em branco ou anulariam o voto; mas o fato de não comparecer, por preguiça ou por qualquer outro motivo, como não querer gastar dinheiro no deslocamento, estão milhões, eu disse milhões, de eleitores de Lula e de Bolsonaro. Isso faz diferença no resultado da pesquisa ? Sim. O resultado previsto, dependendo o volume de eleitores que se abstiveram de um candidato ou de outro, não se confirmará.

No sábado, um dia antes da votação, o IPEC fez uma projeção de  51% a 37% dos votos válidos a favor de Lula. Eles trabalham com a margem de 2% para mais ou para menos. Vamos usar a boa vontade de novo. Lula com menos 2 e Bolsonaro com mais dois teríamos 49% contra 39%. Ainda assim uma diferença de 10 pontos, o dobro da real.

O Datafolha apontava 50% a 36%. O Ipespe, 49% a 35%, e a Quaest, 49% a 38%. A margem de erro é de dois pontos percentuais no caso do Datafolha e Quaest e de três pontos no caso do Ipespe. Todos acertaram em relação ao Lula, mas erraram sobre os votos de Bolsonaro.

Paradoxalmente, a Paraná Pesquisas, que sempre divulgava resultado suspeitos ( e que recebeu 2,7 milhões do PL: https://br.noticias.yahoo.com/paran%C3%A1-pesquisas-recebeu-r-2-185600340.html), com o Bolsonaro na frente de Lula, bem diferentes de todos os outros institutos; para salvar sua credibilidade e estando na casa do sem jeito - já que nem só de eleições vive uma empresa de pesquisa - mesmo como Bolsonaro dizendo que teria 60% dos votos no primeiro turno, na sexta-feira, 30, divulgou o seu último levantamento de forma correta. O primeiro e único em que Lula ganhava do Bolsonaro. Divulgaram Lula com 47,1% (48,4%) e Bolsonaro, 40% (43,2%), com margem de erro de 2,2 pontos percentuais para cima e para baixo. Foi quem mais se aproximou da realidade.

As ferramentas da estatística indutiva ou inferencial quando usadas corretamente e honestamente produzem resultados coerentes muito próximo dos reais.

A Paraná Pesquisas lembra-me a empresa amazonense cujo dono tem nome de cowboy de filme americano e que produz resultados de acordo com os interesses de determinado candidato.

Erros grassos desta magnitude realizados pelos institutos de pesquisa não servem para nada e nem para ninguém. Não ajudam na democracia. Muito pelo contrário, ajudam bastante a aqueles querem que todas as pesquisas que lhes são contrárias não sejam divulgadas.

Que nesse segundo turno as previsões se aproximem mais da realidade. O Datafolha está nos devendo uma explicação. Ela e todos os demais institutos, como Lula e Bolsonaro, terão uma segunda chance.