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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Amazonino presenteia amigos com seis milhões

ACORDA AMAZONINO !

http://www.blogdosarafa.com.br/

Na democracia o partido que ganha a eleição, governa. O que perde recebe a responsabilidade do povo de fiscalizar o que ganhou. É assim que funciona.

Em 2004, o PSB ganhou as eleições municipais em Manaus e foi para o Governo. O grupo de partidos que apoiou o Amazonino foi para a oposição. Em 2008, as posições se inverteram. Portanto, agora ele governa e nós fiscalizamos.

Nesse contexto, o PSB ao tomar conhecimento de visíveis irregularidades que estavam e estão sendo praticadas na área de eventos da Prefeitura, principalmente no que tange ao Reveillon da Cidade onde, conforme publicações no Diário Oficial, duas ONGS – a Associação Sociocultural Noemia Santana e o Clube de Mães Dr. Mário Cunha – receberiam SEIS MILHÕES, CENTO E SESSENTA MIL REAIS para realizar o evento.

Ninguém é criança e é evidente que essas duas entidades não tinham como não têm capacidade para organizar o evento. Elas serviriam como entidades de fachada e os verdadeiros beneficiários do dinheiro público ficariam ocultos, como ainda estão.

Esse o fato denunciado pelo PSB inicialmente através das redes sociais, depois em representação ao Ministério Público, transbordando obviamente para a imprensa.

A Prefeitura é como se fosse um barco e esses convênios são furos no casco. O que fizemos foi mostrar que o barco está fazendo água. O comandante do barco, ao invés de agradecer e tapar os buracos para o barco não ir ao fundo, ficou brabo. Fez cara feia. Fez beicinho. Olha a cara que ele fez:


O Amazonino é um homem inteligente, mas está agindo como se estivesse fora do seu raciocínio normal. Ao que parece não era na cadeira de prefeito que ele gostaria de estar sentado. Era em outra. Só isso explica o seu absoluto desprezo pela administração da cidade. Não quer nem saber das coisas, por mais graves que sejam. Será que ele acha que eram essas duas entidades mesmo que realizariam o evento?

Parece que não, porque logo de saída ele já cancelou o convenio com uma. Ficou a outra. Publico abaixo a foto dessa entidade para que ele veja a sua fachada, que funciona dentro de um imóvel onde também existe um Centro Municipal de Educação Infantil. E por aí, ele, inteligente como é, já pode tirar suas conclusões.


Ontem companheiros do PSB tiveram acesso a todos os empenhos do setor de eventos da Prefeitura. Nesse primeiro momento, vou dizer ao Amazonino que as coisas são muito mais graves do que eu imaginava. Sei que ele não gosta de informática. Chama computador de “troço”. No entanto, para o bem dele, para o bem da cidade, ele deve acessar o sistema e ver a relação das ONGS e empresas de eventos que “prestaram serviço” para o Município e tirar ele próprio as suas conclusões.

Veja, por exemplo, o quanto recebeu e para o que recebeu a ONG “ASSOCIAÇÃO SAÚDE SEM FRONTEIRAS”.

Ano que vem vamos continuar conversando sobre esse e outros assuntos.

Por enquanto devo dizer apenas:

“ACORDA AMAZONINO!”

domingo, 26 de dezembro de 2010

OS 15 ANOS DE GLÓRIA

OS 15 ANOS DE GLÓRIA
José Ribamar Bessa Freire
26/12/2010 - Diário do Amazonas
ou http://www.taquiprati.com.br

Quem foi a primeira amazonense que usou uma garrafa térmica? Se essa pergunta cair numa prova do vestibular, marque com um “x” a resposta certa: Cleomar dos Anjos Feitosa. Isso mesmo! Foi a Cleomar. Ninguém me contou. Eu vi. Não apenas vi. Usufrui. Aconteceu em outubro de 1955, num piquenique no balneário das Pedreiras, no igarapé do Mindu, em Manaus. Era uma garrafa alaranjada, de um litro, marca Alladin, made in USA, recém trazida dos Estados Unidos pelo padre redentorista Thomé Morrissey.

Consciente do momento histórico que vivia, Cleomar ergueu o recipiente térmico como um troféu, num gesto que Bellini faria anos depois com a taça Jules Rimet. Sua mão direita ligeiramente aberta deixou o dedo mindinho flutuando no ar, exibindo uma unha pintada de vermelho vivo. Confesso que jamais presenciei nada tão chique em minha vida. Diante de um público embasbacado, ela desenroscou a tampa de rolha de cortiça, serviu um suco de taperebá que eu, menino de oito anos, bebi, e declarou à posteridade:

- É impressionante! Conserva o café quente e o suco gelado. O que é quente fica quente, o que é frio, fica frio.

Parece banal, mas não é. O Brasil, até então, não produzia garrafa térmica e ninguém sabia que diabo era aquilo. Era novidade, raridade. Seu uso constituía prova de refinamento e sofisticação. Nonato Garcia em sua coluna social Nogar Tudo Vê Tudo Informa chegou a registrar a existência de algumas delas, importadas, em algumas mansões manauaras. A geladeira Gelomatic gelava, o fogão Rey esquentava, mas uma geringonça portátil que tinha a dupla função, só mesmo vendo pra crer. Tinha de ser coisa dos States. Era a modernidade nos tocando de perto.

A modernidade

Nem sei se a própria protagonista lembra o fato. Mas eu lembro inclusive a data por causa de duas mulheres – uma miss e uma cantora - para quem o ano de 1955 foi decisivo. Acontece que nesse dia, nas Pedreiras, todo mundo só falava da renhida disputa na qual Anette Stone fora eleita Miss Amazonas, derrotando Auxiliadora Câmara. Além disso, as irmãs Feitosa passaram o piquenique cantando músicas da Carmen Miranda, falecida em agosto daquele ano, duas delas inesquecíveis:

- Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim. Ou ainda: - Kalu, Kalu, tira o verde desses óio de riba deu.

Portanto, indubitavelmente, o ano foi 1955. Quanto ao mês era, indubitavelmente, outubro, mês das missões, quando o pessoal da Quermesse de Aparecida realizava seu piquenique anual. O uso aqui de dois “indubitavelmente” é para não deixar qualquer dúvida aos incrédulos. Testemunharam o fato: Jiddu Rebouças, Rosa Magaly, Angélica Arruda, Maria do Carmo Toledo, Odaísa Braga, Amazonina, Graciema, Georgina, Edina Soares e Glória Nogueira, entre outros.

Por que agora estou lembrando essa história? Porque nessa terça-feira, 28 de dezembro, uma das protagonistas – Maria da Glória Queiroz Nogueira – completa 80 anos. Amanhã, dia 27, às 19h30 haverá uma missa na Igreja de Aparecida e na terça-feira uma recepção no Elegance Festas e Convenções, na Rua Salvador, em Adrianópolis. E essa história serve para ilustrar as relações da Glória com os amigos, com os vizinhos e com a modernidade.

Glória é Glória e seus amigos. Com eles teceu relações sólidas de afeto. No livro de poesia que será lançado no aniversário, ela canta esses amigos. Lá estão dona Rosa Feitosa e as filhas – Lucimar, Dagmar, Cleomar e Dulcimar. No dia de Natal – lembra Glória – depois da missa do galo elas desciam a Xavier e entravam no Beco da Indústria cantando pelas ruas, sempre cantando, músicas natalinas, “unidos na mesma fé, o natal comemorando”. Era um espetáculo. Cleomar, que é lembrada aqui carinhosamente, continua atuando ainda hoje com seu coral de mil vozes.

Netos e bisnetos

Mas Glória é também Glória e seus filhos, Glória e seus netos, Glória e seus bisnetos. Quantos são? Segundo o último recenseamento do IBGE, Glória teve 19 filhos dos quais 16 foram gerados no seu ventre e três adotados, sendo doze mulheres e sete homens. Com exceção de uma falecida, todos casaram, tiverem filhos e deram-lhe 50 netos e 12 bisnetos. Vários deles estão presentes também no livro

O livro começa com uma declaração de amor a Brígido Nogueira, um alfaiate de Santarém que migrou pra Manaus, com quem Glória se casou em 1951. Era uma família modesta, que conseguiu com muito esforço educar seus filhos, todos com curso universitário. Um deles, Cláudio, que estudou no Japão e no Canadá, onde Glória foi visitá-lo, dá seu depoimento no livro, lembrando o pai e a mãe:

- “Com vocês aprendemos a lutar, a competir, mas de forma honesta. Nos ensinaram muitas outras coisas, que para alguns são virtudes, mas aprendemos que são obrigações. Não ensinaram ninguém a ser “esperto” e “nem a se dar bem”, mas que é necessário esforço, estudo e dedicação para obtermos o que almejamos. De vocês, herdamos o que é mais importante, a fé em Cristo Jesus”.

O depoimento de uma das netas merece o registro aqui. Neyla, que deu duas bisnetas a Glória, ficou surpresa num encontro recente com a avó que se preparava para a festa de 80 anos: “Minha avó nunca usou adornos de nenhum tipo, nem batom, nem qualquer outro tipo de maquiagem, mas na quinta-feira passada quando fui almoçar com ela tomei um baita susto!!! A ‘velhinha’ tinha acabado de furar a orelha!! E quando manifestei minha surpresa, ela respondeu que a ocasião pedia, pois já que não tinha tido festa de 15 anos, a festa dos 80 anos seria seu début e ela precisava estar à altura”.

É isso aí. Não foi só a garrafa térmica. Glória assistiu a chegada da modernidade: panela de pressão, geladeira, fogão a gás, máquina de lavar roupa – presente de sua irmã Cleonice - rádio, TV, celular, internet. Sempre atenta, nunca escancarou as portas ao consumismo, mas sempre deixou janelas abertas para se renovar. Adotou a modernidade, mas não permitiu que ela esfarinhasse as relações humanas, a vida familiar, matando o que ela tem de consistente. Sempre soube combinar modernidade e tradição. Se duvidar, ela ainda entra no face-book e arranja seguidores no twitter.

Numa vida, cabem vários 15 anos. Na terça-feira, dia 28, Maria da Glória Queiroz Nogueira, muito amada pelos seus, estará debutando, celebrando num só aniversário, vários rituais de quinze anos. Esse escriba que ainda guarda na memória o gosto daquele suco gelado de taperebá, em nome dos 17 irmãos, rende aqui homenagem e admiração à Glória, não só à irmã mais velha, mas à mulher bonita, cheia de graça e sabedoria, de olhos vivos, lúcidos e inteligentes, que com a heroicidade anônima do cotidiano construiu um patrimônio ético no meio de tantas adversidades.

P.S. Link para o texto nos 75 anos de Glória http://www.taquiprati.com.br/cronica.php?ident=211



GLÓRIA NAS ALTURAS
José Ribamar Bessa Freire
25/12/2005 - Diário do Amazonas

Diga lá: anjo tem sexo, tem pulmão? Há controvérsias. Uma coisa, porém, é certa: anjo tem garganta, o que pode ser comprovado nas canções tradicionais de natal, chamadas pelos espanhóis de ‘villancicos’. Elas têm esse nome, porque eram cantadas pelos ‘villanos’, moradores humildes e simples de pequenas vilas. Nos ‘villancicos’, existe sempre um coro angelical soltando a voz. Num deles, bastante conhecido, anjos anunciam o nascimento de Jesus, entoando a plenos pulmões: “Gló-ooo-ooo-ria”. O eco das montanhas repete o estribilho em latim, no mesmo tom: “In excelsis Deo”.

Existem versões desse ‘villancico’ em quase todas as línguas do mundo. Dizem que ele foi cantado pela primeira vez por camponeses da França, por isso, lá , os anjos são apresentados como cabocões do interior. Numa tradução em meados do séc. XIX, os ingleses deram aos anjos um perfil feminino e urbano. Na Espanha e em Portugal, eles ficaram assexuados. Na Itália, são escandalosos e distribuem “auguri di buon Natale” indiscriminadamente. Na Alemanha, mastigam pedra: “Laut erschallt das Gloria” . No alto Rio Negro (AM), cantam em língua tukano, prestando bem atenção: Bax´as-nãrã.

Hoje, dia de Natal, nas cidades da Europa, no interior da Ásia, em muitos países da África e até mesmo em várias aldeias indígenas da América Latina, povos de diferentes línguas e culturas, estão cantando seus ‘villancicos’, onde os anjos aparecem metendo o pé na jaca, entoando Glo-ooo-ooo-ria. Porém, numa casa do Beco da Indústria, no bairro de Aparecida, em Manaus, esse canto vai se prolongar por mais três dias, com outro sentido. É que no dia 28 de dezembro , Glória completará 75 anos de vida . É sobre ela que eu queria conversar hoje contigo, leitor (a).

O CANTO DO BRÍGIDO

Brígido Nogueira, um humilde alfaiate de Santarém, gostava de cantar ‘villancicos’. Tinha voz de tenor, com a qual gritava os bingos da quermesse da paróquia. Participava do coro do Apostolado da Oração da igreja de Aparecida com João Toledo, Zecafonso, João Dantas Cyrino e outros. Faziam contraponto com as irmãs Feitosa: Cleomar, Dagmar, Lucimar, Dulcimar e a mãe delas, a saudosa dona Rosa. Nos natais da paróquia e do bairro, além do jingobel, as músicas tradicionais de natal traziam alegria e beleza.

Um dia, Brígido conheceu uma menina de 16 anos, órfã de pai e mãe. Era Glória. Acostumado a cantar ‘villancicos’, com sua voz de tenor, cantou Glória, com ajuda dos anjos. Os dois se casaram em 1951 e, juntos, viveram uma relação amorosa exemplar que durou 35 anos. Quando ele se despediu da vida, a viúva ficou protegida pelo amor dos filhos e netos. Telefonei para um deles – o Dandão – pedindo detalhes demográficos. Demorou horas para responder. Pensei que estivesse contando um por um. Na verdade, seria impossível uma pessoa só realizar tal tarefa. Ele estava consultando o órgão responsável.

- “Segundo o último recenseamento do IBGE – disse Dandão – a mamãe teve 19 filhos dos quais 16 gerados no seu ventre e três adotados, sendo 12 mulheres e 7 homens. Todos casaram, tiveram filhos, e deram-lhe 46 netos e 9 bisnetos . Além disso, ela teve 17 irmãos . Esse é o balanço oficial do momento”.

Essa é a Glória. Maria da Glória Queiroz Nogueira, 75 anos, esposa, mãe, tia, avó, bisavó, irmã. Um dia, em Niterói, tive o prazer de acompanhá-la numa visita ao Museu de Arte Contemporânea, projetado por Oscar Niemeyer. O museu parece um disco voador, é uma gigantesca taça de concreto, embaixo do qual fica um espelho d' água, dando a impressão de que está levitando. Glória fez alguns comentários despretensiosos, mas tão interessantes e originais sobre o uso da água como ornamento, que me estimulou a pensar em outros lances que nunca havia pensado.

A GLÓRIA DOS FILHOS

Ela tem muita sabedoria acumulada, sensatez, raciocínio rápido e capacidade argumentativa, o que torna a conversa com ela muito agradável. Especialista em relações interpessoais, fala sobre relações amorosas entre marido e mulher, pai e filho, vizinhos. Com seus olhos vivos, inteligentes e sorridentes, discorre sobre fé, ética, beleza, tristeza, solidariedade, caridade, conflitos, doença, a morte e seus mistérios, o milagre da vida. Sempre aproveita lances da vida real. Em seu discurso, uma história envolvendo filhos, netos e vizinhos tem a mesma função da parábola no Evangelho, servem para ilustrar um princípio mais geral.

Como foi possível um alfaiate e uma dona de casa, pobres, conseguirem educar tantos filhos, todos eles profissionais bem sucedidos? Reproduzo aqui o que um deles – o já citado Mário Dandão – escreveu, discriminando os saberes acumulados por sua mãe.

Economia – Deu lições ao Delfim Neto. Com o salário do velho Brígido, realizou o verdadeiro milagre econômico. Nada de o bolo crescer para ser dividido, dividiu-o quando ainda era minúsculo. Aprendemos a compartilhar solidariamente o pirão.

Nutrição – A panela de comida era enorme, do tamanho daquelas usadas nos quartéis para abastecer a tropa. Se dependesse da D. Glória, o Sesc não faria o prato Brasil, pois não havia perdas, a sobra de hoje (quando raramente ocorria) virava o bolinho ou a torta de amanhã, com um cardápio variado e rico.

Saúde – Consultava o Dr. Contente em casos extremos, para não ser acusada de exercício ilegal da medicina. No geral, usava o melhor da medicina caseira. Minha casa foi um verdadeiro centro de referencia. Crescemos todos sadios, sem plano de saúde.

Meio Ambiente – A casa era pobre , mas limpa, muito limpa. As roupas eram humildes, mas limpas, sempre limpas.

Educação – Poderia assessorar qualquer secretário de educação sobre evasão escolar, nesta área deveria receber o título Doutor Honoris Causa da Sorbonne. Registrou-se apenas uma ou outra desistência e isso mesmo só ocorreu no 3º Grau.

Logística – Conseguiu com muita eficiência organizar, empacotar e distribuir um bando de malas que todos os dias iam para o trabalho e a escola, com turnos e horários variados, alguns deles usando a mesma farda e o mesmo sapato em turnos diferentes.

Direito – Incutiu em todos os filhos um forte sentimento de justiça. Sempre soube respeitar os outros, e era uma leoa na defesa dos próprios filhotes.

Recursos Humanos – Ela soube, como ninguém, motivar os filhos, otimizar o potencial de cada um e orientar para o seu melhor, além de ensinar o verdadeiro espírito coletivo de equipe.

Assistência Social – Silenciosa e discretamente, todas as terças-feiras, numa grande mesa colocada no quintal de sua casa, ela alimenta 30 a 40 meninos que trabalham na feira, fazendo carreto.

Essa é a Glória, minha irmã querida, a glória dos irmãos, dos filhos, dos genros, noras, netos e bisnetos, motivo de orgulho para todos nós, que com ela convivemos. Exemplo de resistência e de fé. Dia 28, os anjos certamente estarão cantando ‘villancicos’, acompanhados pela voz do Nogueira, colocando Glória nas alturas.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Ser ou não ser ministro. Eis a questão.

O novamente e o ex-futuro ministro
O jornal Estado de São Paulo noticiou, na segunda-feira 6, que o ex-governador e senador eleito pelo Amazonas, Carlos Eduardo de Souza Braga havia sido escolhido para ser o futuro ministro da Previdência Social no governo de Dilma Roussef, e outras mídias anunciaram a volta do senador Alfredo Pereira do Nascimento ao ministério dos Transportes. Na terça-feira o mesmo "Estadão" publicou que Eduardo Braga não aceitou ser ministro. Na realidade, ele não aceitou o ministério que lhe deram: "O nome do ex-governador do Amazonas e senador eleito Eduardo Braga chegou a ser confirmado. Segundo peemedebistas, Braga teria aceitado ser ministro, mas com a expectativa de assumir outra pasta. Ele queria um ministério mais ligado à área empresarial e industrial. Como não foi possível trocar de ministério, o ex-governador desistiu de assumir a Previdência." Melhor para ele, melhor para o Amazonas.
Palpiteiro (leitura opcional)
Gostaria de fazer um comentário sobre isso. E por falar em comentário, os que farei aqui é um passatempo que tenho, que seria recomendado pelo minha terapeuta, se eu tivesse uma, e levasse a sério as recomendações dela. Digo isso para evitar que e-leitor sinta a mesma coisa que sinto quando estou dirigindo e ouço um trio de donos da verdade, que deveriam ser consultados pelo governo federal antes de tomar qualquer decisão. Primeiro ouço Miriam Leitão, que numa frase diz que na economia o bicho vai pegar, por esse e aquele motivo (todos por culpa do governo), para em seguida ter de admitir com índices, como os recordes sucessivos de vendas de automóveis, que o mundo tem agora de nos respeitar porque somos uma país em franca ascensão; outro é o Merval Pereira e outra é a Lúcia Hipólito. Eu não posso me comparar a esses comentaristas; primeiro, porque eles ganham para isso; segundo, não me julgo o dono da verdade, sou um palpiteiro, não me levo tanto a sério. Dar palpites pelo blog é muito bom, porque quem ler (se ler) não interrompe o meu raciocínio, eu escrevo até o fim. E como dizia o escritor Rubem Braga: "O leitor que é feliz fecha o livro e vai embora, eu tenho de ficar aqui escrevendo." Feliz sou eu. Escrever é preciso, viver não é preciso.
A Previsão
De quando em vez, eu coloco as variáveis no cérebro, chacoalho ele bem e chego perto do resultado. Eu previ aqui, com quase-exatidão o resultado da eleição presidencial e a diferença do número de votos entre Serra e Dilma. Os institutos de pesquisa acertaram o percentual de cada um, eu acertei o absoluto. Por que isso agora ? Para dizer que alguns prognósticos eu acerto, fruto da lógica, ou do óbvio lulante ou a partir de agora o óbvio dilmante. Eu disse várias vezes aqui, que Alfredo Nascimento seria ministro e Eduardo Braga não. Acertei novamente. Não era, e não é, um desejo. Apenas uma previsão, isso e somente isso. Quando o desejo entra na previsão, esta fica comprometida. Quem recebe os meus textos antes mesmo da existência desse blog, talvez se lembre do texto "O Pastor Alemão" que previa que o cardeal Ratzinger seria o novo Papa, choveu emails contestando essa afirmação. Deu no que deu.
Em vários post escritos aqui (e todos estão aí ) disse que o senador Alfredo Nascimento seria ministro do novo governo, e que Eduardo Braga dificilmente seria ministro porque no PMDB tem mais caciques do que índios, o resultado está aí, Renan Calheiros e José Sarney complicando a vida de Braga. Na realidade, é o contrário, no PMDB tem muito índio e somente três caciques.
Chance de Ouro
Quanto a escolha de Alfredo Nascimento o raciocínio era simples, mas muita gente me disse que ele não seria escolhido, perdeu a eleição, e Dilma não escolheria dois ministros do Amazonas. Vejamos: O PR faz parte da base aliada, elegeu 43 deputados federais; todo partido da base aliada tem, no mínimo, um ministro; Nascimento é o presidente do partido dele; trabalhou diretamente com Lula e Dilma, que gostaram do trabalho dele. Como é que eu sei ? Não deram apoio a candidatura dele ? Ele não foi chamado duas vezes para o ministério? Devem ter gostado. A propósito, creio que com essa terceira convocação, Nascimento entrou para Guinness World Records como o sujeito que ficou mais tempo como ministro dos Transportes, e em governos diferentes. Há também um motivo adicional bastante forte para Alfredo virá ministro: o suplente dele é do PT. Com tudo isso ele nem precisava ser um político do Amazonas. A sua escolha não tem nada a ver com o fato dele ser do Amazonas. A escolha dele mata três cachorros com uma pedrada: Agradece ao povo amazonense, aumenta a bancada do PT no Senado e completa a vaga do PR.
Quem apostou ou fez lobby para o ex-governador Blairo Maggi no lugar de Nascimento esqueceu desses pequenos detalhes, ou misturou desejo com realidade.
Alfredo Nascimento volta para um super ministério, um com dos maiores orçamento da União, portanto, está tendo novamente uma chance de ouro de conquistar outra vez a simpatia do eleitor amazonense. Daqui há quatro anos a disputa ao Senado com o atual governador Omar Aziz vai ser pedreira. E a (última???) chance dele de "melar" os planos da dobradinha Omar-Eduardo de ficarem 40 anos no poder, alternando Senado governo do Estado.
A escolha de Eduardo
Acho que já ficou claro que a escolha de Alfredo Nascimento não é, como possa parecer, um agradecimento aos votos de Dilma no Amazonas; embora, possa também servir para isso (e aceitamos como tal). Na realidade, para agradecer os votos dos amazonenses (não estou defendendo isso) seria necessário três ministros "amazonenses" (mesmo que naturalizados); porque a escolha de Eduardo Braga para o ministério da Previdência Social, não é (era) da "cota"do Amazonas, se é que tal coisa existe. Talvez até exista. O Maranhão também terá dois ministros, o veterano Edson Lobão, que volta para o ministério de Minas e Energia e o deputado federal Pedro Novais, que foi emplacado no ministério do Turismo. Se a moda pega, o governador Eduardo Campos vai querer um ministro pernambucano em agradecimento aos votos obtidos. Pernambuco, como o Amazonas e o Maranhão, deram vitórias expressivas a Dilma Roussef.
Mas vamos voltar ao texto. A escolha de Eduardo Braga é da cota pessoal de Lula e Dilma, que por pertencer ao PMDB e ser do Amazonas, acertaria três alvos com um único disparo. Mas teria de entrar na cota do partido, a contragosto de Renan Calheiros e Sarney, que não querem saber de novos caciques no PMDB.
Lembro-me de ouvir Dilma elogiar efusivamente Braga, muito feliz com a parceria dos dois governos. A cota de Dilma e Lula é o agradecimento por Braga ter financiado a campanha de Vanessa Graziottin, que desempregou o senador Arthur Virgílio Neto.
Senadores desempregados
Sobre isso, em breve, eu publico um post com o título "No Amazonas senador não se cria". Além de Fábio Lucena - que não completou o mandato - e Jefferson Peres, quanto senadores você conhece que conseguiram ser reeleitos ?
E falando em senador desempregado, Lula só não são ficou completamente feliz porque o Agripino Maia foi reeleito. Mas além de Arthur Neto, Tasso Jereissati e Heráclito Fortes também votaram para casa. Segundo o Blog do Zé Dirceu, Heráclito Fortes e Mão Santa, ambos senadores derrotados do Piauí, querem agora ser parlamentar do Parlasul e morar em Montevidéu. E segundo outros blogues os senadores não reeleitos Efraim Morais (DEM-PB), Marco Maciel (DEM-PE) também estão batalhando por essa boquinha.
Indo e vindo
Voltemos o que foi dito: o Eduardo Braga do PMDB foi escolhido na cota de Dilma e Lula. Pois aqui vai a afirmação que vai balançar a República (até parece coisa daqueles três comentaristas mencionados), o Amazonas sairia perdendo e muito com a escolha de Eduardo Braga para o ministério complicado burocrático da Previdência. Ainda bem que ele não aceitou. Peraí ! Se a tia Dilma ouve uma coisa dessas pode até ficar zangada comigo: "Escolhi o Braga justamente por ser complicado, queria um gestor com experiência." Então ok. De repente vou ter de deletar o que escrevi abaixo.
Eduardo Braga seria um ministro que em termos práticos não ajudaria em nada ao Amazonas. Não ajuda no Pólo Industrial, nem no saneamento básico, nem na educação, nem na geração de novos empregos, nem na abertura de novos portos ou rodovias, nem na Copa do Mundo, nem na luta contra a vazante dos rios, que agora, ano sim e outro também, virou a realidade Amazônica.
Braga queria um ministério mais importante, por ele mesmo, e em última instância, por comparação com o ministério recebido por Alfredo. Na realidade, corre a boca pequena que ele era o candidato de Dilma-Lula para presidir o Senado. Mas isso vai de contra aos interesses da dupla Renan-Sarney. Ou seria um trinca, incluindo o vice-presidente eleito. Mas do que o Michel temer ? Braga é ainda um outsider de sua panelinha. Este ainda "procura um cargo no primeiro escalão para acomodar Geddel Viera Lima, um dos integrantes do seleto grupo político do presidente da legenda e vice-presidente eleito..." Publicou o Estadão. Braga, o teacher's pet da presidência, era uma pedra nas pretensões dele. Renan Calheiros adorou a desistência e colocou Garidaldi Alves na Previdência, Temer ainda está procurando um ministério para o seu protegido.
Voto em Braga para o Senado
Sou a favor de que Eduardo Braga permaneça no Senado. Se ser ministro é um desejo dele, deve ser respeitado, mas a menos que seja um ministério que possa fazer muita coisa por essas bandas, caso contrário é bem melhor para o Amazonas que permaneça senador. Alfredo Nascimento recebeu uma pasta importante e tem como suplente João Pedro, político experiente, pós-graduado em política, ex-senador. No Senado pela sua ficha corrida, Braga já chega como cardeal, o que não aconteceria com os seus suplentes, e poderia muito ajudar o novo governo.
Se Eduardo Braga se tornar ministro, será substituído por sua esposa e suplente Sandra Braga, também do PMDB. Sua senhora fez um excelente trabalho como primeira dama do Estado e presidente do Conselho de Desenvolvimento Humano. Mas uma coisa é ser secretária de Estado onde o marido é o governador, outra é ser senadora da República. Esta senhora, acredito eu, não tem o perfil nem o traquejo político para entrar “na cova dos leões” e de lá sair viva. Vou ficar feliz se estiver enganado. Portanto, a sua participação no Senado será de mera espectadora (ao menos a princípio), uma coroinha no meio de tantos cardeais. Admito que possa ser alegado que ela terá tempo suficiente para aprender. O nosso Estado precisa de políticos atuantes, combativos, presentes e experientes; tanto quanto necessitará a Situação e o governo da presidente Dilma Roussef para fazer frente à Oposição. O que deverá ocorrer é que a esposa-suplente do senador Eduardo Braga, caso esse se torne ministro, deverá se licenciar para que o seu segundo suplente assuma; o empresário gaúcho Lírio Albino Parissoto, dono da Videolar, que também não possui as qualidades necessárias para o desempenho da função, por falta de experiência; principalmente quando comparado com a outra opção para o Senado que o Amazonas possui. O Amazonas já passou por triste experiência, quando Amazonino Mendes renunciou ao senado e foi substituído pelo Egberto Batista.
Portanto, para o bem do Amazonas é necessário que Eduardo Braga permaneça no Senado. Sua experiência como gestor público e no Parlamento nos será mais útil de que seriam os seus suplentes. Com ele no governo, ganhamos um ministro, mas perdemos um senador.

PS1. Eu e os outros membros da minha família temos CPF diferentes, cada um paga o seu próprio imposto separadamente, somos independentes uns dos outros. Portanto, a minha opinião expressa aqui, não pode ser generalizada para irmãos, primos, tios, etc. Eu não sou porta-voz de ninguém.
PS2. Segundo o Estadão, quando o senador Almir Lando foi ministro da Previdência não conseguiu mandar nem no INSS.
PS2. Será que alguém por aí tem o texto "O Pastor Alemão", que em uma limpeza no meu computador, eu o deleitei acidentalmente. Uma vez o professor Heyton Bessa me disse que tinha, mas infelizmente ele já nos deixou.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Dilma responde ao Washington Post

An interview with Dilma Rousseff, Brazil's president-elect
http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2010/12/03/AR2010120303241.html
By Lally Weymouth
Friday, December 3, 2010

The Washington Post
Uma entrevista com a presidente eleita do Brasil
Quatro semanas atrás, os brasileiros elegeram sua primeira presidente do sexo feminino - Dilma Rousseff, a candidata escolhida pelo Luiz Inácio Lula da Silva, o popular presidente do Brasil que se despede do cargo. Dilma Rousseff chega ao poder com um percurso invulgar: Ela lutou nos anos 60 contra o regime militar que então governava o Brasil, e ela foi presa e torturada entre 1970 e 1972. Ela então começou na política local [Porto Alegre] e entrou para o governo Lula, em 2002, como ministra de Minas e Energia, tornando-se sua chefe de gabinete. Em 02 de dezembro, em sua primeira entrevista longa desde da eleição, Dilma Rousseff falou sobre seus planos para os próximos quatro anos. Trechos da entrevista:

Ter sido preso político dar-lhe mais simpatia por outros presos políticos?
Não há dúvida sobre isso. Devido ao fato de que eu experimentei pessoalmente a situação de um preso político, eu tenho um compromisso histórico para todos aqueles que foram ou estão presos apenas porque expressam seus pontos de vista, suas opinião pública, suas próprias opiniões.

Então, isso afetará sua política em relação ao Irã, por exemplo? Por que o Brasil apoiar um país que permite que as pessoas sejam apedrejadas, e põe os jornalistas nas cadeias?
Creio que é necessário para que façamos uma diferenciação no [o que queremos dizer quando nos referimos ao Irã]. Eu considero [importante], uma estratégia de construção da paz no Oriente Médio. O que vemos no Oriente Médio é a falência de uma política - de uma política de guerra. Estamos falando do Afeganistão e do desastre que foi a invasão do Iraque. Nós não conseguimos construir a paz, nem conseguimos resolver os problemas do Iraque. Hoje o Iraque está em guerra civil. Todo dia, soldados de ambos os lados morrem. Tentar construir a paz e não para ir para a guerra é o melhor caminho.
[Mas] eu não endosso apedrejamento. Eu não concordo com as práticas que têm características medievais [quando se trata de] para as mulheres. Não há nuances, não vou fazer quaisquer concessões a esse respeito.

Brasil se absteve de votar sobre a recente resolução sobre os direitos humanos da ONU.
Eu não sou o presidente do Brasil [hoje], mas eu me sentiria desconfortável como uma mulher presidente eleita, em não dizer nada contra o apedrejamento. Minha posição não vai mudar quando eu tomar posse. Eu não concordo com a maneira como o Brasil votou. Não é minha posição.

Muitos norte-americanos tinham simpatia pelo povo iraniano que se protestaram nas ruas. É por isso que eu quis saber se a sua posição sobre o Irã seria diferente da do seu atual presidente, que tem boas relações com o regime iraniano.
O presidente Lula tem a sua própria reputação. Ele é um presidente que defendeu os direitos humanos, um presidente que sempre defendeu a construção da paz.

Como você vê a relação do Brasil com os Estados Unidos? Como você gostaria de vê-la evoluir?
Considero que a relação com os EUA muito importante para o Brasil. Vou tentar estreitar os laços com os EUA, eu tive grande admiração pela eleição do presidente Obama. Eu acredito que os EUA naquele momento mostraram grande capacidade para mostrar que é uma grande nação, e surpreendeu o mundo. Pode ser muito difícil de ser capaz de eleger um presidente negro nos EUA - como era muito difícil eleger uma mulher presidente no Brasil.
Eu acredito que os EUA tem uma grande contribuição a dar ao mundo. E acima de tudo, acredito que o Brasil e os EUA têm de desempenhar um papel em conjunto no mundo. Por exemplo, temos um grande potencial para trabalhar juntos na África, porque na África, podemos construir uma parceria para disponibilizar tecnologias agrícolas, produção de biocombustíveis, [e] ajuda humanitária em todos os campos.
Acredito também, neste momento de grande instabilidade devido à crise global, é fundamental que encontremos maneiras que garantam a recuperação das economias dos países desenvolvidos, pois isso é fundamental para estabilidade do mundo. Nenhum de nós no Brasil se sentirá bem, se os EUA carrega altos índices de desemprego. A recuperação dos EUA é importante para o Brasil, porque os EUA tem um mercado consumidor extraordinário. Hoje, o maior superávit comercial dos EUA estão com o Brasil.

Você culpa que a flexibilização quantitativa?
A flexibilização quantitativa é um fato que nos preocupa muito porque isso significa uma política de desvalorização do dólar, que tem efeitos sobre o nosso comércio exterior e também na desvalorização de nossas reservas de divisas que são em dólares. Para nós, uma política de dólar fraco não é compatível com o papel que os EUA têm devido ao fato de que a moeda dos EUA serve como reserva internacional. E uma política de desvalorização sistemática do dólar pode provocar reações de protecionismo, que nunca é uma boa política a seguir.

Quando você planeja visitar os Estados Unidos? Eu sei que você foi convidado para ir antes de sua posse, em 01 de janeiro, mas você não pode ir.
Eu não estou aceitando todos os convites que recebo. Eu não estou visitando todos os países estrangeiros. Eu tenho que montar o meu próprio governo. Eu tenho 37 ministros a nomear. Estou planejando visitar o presidente Barack Obama no primeiro dia após minha posse, se ele me receber.

E então você vai convidar o presidente Barack Obama para vir ao Brasil?
Já o convidei informalmente, durante a reunião do G-20.

Existem preocupações na comunidade empresarial dos EUA sobre se o Brasil vai continuar no caminho econômico definido pelo presidente Lula.
Não há dúvida sobre isso. Por quê? Porque, para nós esta foi a grande conquista do nosso país. Não é uma conquista de uma administração única - é uma conquista do Estado brasileiro, do povo de nosso país. O fato de que conseguimos controlar a inflação, ter um regime de câmbio flexível e da consolidação orçamental assim que hoje estamos entre os países no mundo que tem a menor relação dívida-PIB. Além disso, temos um déficit que não é muito significativo. Eu não quero me gabar, mas nós temos um déficit de 2,2 por cento. Pretendemos, nos próximos quatro anos reduzir a relação dívida - PIB e garantir essa estabilidade inflacionária.

Você já disse publicamente que gostaria de ver as taxas de juros baixarem. Você vai cortar o orçamento ou reduzir o aumento anual dos gastos do governo?
Não há nenhuma maneira que você possa cortar as taxas de juros, a menos que você reduza seu déficit fiscal. Nós somos muito cautelosos. Nós temos um objetivo em mente: a de que as nossas taxas de juros sejam convergentes com as taxas de juros internacionais. Para conseguir chegar lá, uma das questões mais importantes é a redução da dívida pública. A outra questão importante é melhorar a competitividade da nossa produção e da agricultura. Também é muito importante que o Brasil racionalizar o seu sistema fiscal.
Se você quiser trazer as taxas de juros, você deve cortar gastos ou aumentar a poupança doméstica.
Você não pode esquecer sobre o crescimento econômico. Você tem que combinar muitas coisas.

Qual é seu plano?
Meu plano é continuar a trajetória que temos seguido até hoje. Conseguimos reduzir nossa dívida de 60 por cento para 42 por cento. Nosso objetivo é chegar a 30 por cento do nosso PIB. Eu preciso racionalizar os meus gastos e, ao mesmo tempo ter um aumento do nosso produto interno bruto, que conduzirá o país para frente.

Então o que você quer dizer quando diz "racionalizar gastos"?
Não estamos em uma depressão aqui. Nós não temos que cortar os gastos do governo. Nós vamos cortar despesas, mas continuar crescendo.
Estamos seguindo um caminho muito especial. Este é um momento onde o país está crescendo. Nós temos a estabilidade macroeconômica e, ao mesmo tempo, temos muito orgulho no fato de termos conseguido reduzir a extrema pobreza no Brasil.
Nós trouxemos 36 milhões de pessoas para classe média. Tiramos 28 milhões da pobreza extrema. Como conseguimos isso? Políticas de transferência de renda. O Bolsa Família é um dos seus principais exemplos.

Explique como funciona o Bolsa Família.
Nós pagamos um salário, que é uma bolsa de renda para os pobres. Eles ganham um cartão e retiram os seu rendimentos, mas eles têm duas obrigações que têm de respeitar: Eles têm que colocar seus filhos na escola, e eles têm que provar que comparecem a 80 por cento das aulas. Ao mesmo tempo, as crianças também devem receber todas as vacinas, e eles têm que passar por uma avaliação médica quando recebem suas vacinas. Este foi um fator que foi responsável, mas não foi o único.
Nós criamos 15 milhões de novos empregos durante a administração do Presidente Lula. Este ano, já criamos 2 milhões de novos empregos.

Você é tão próxima do presidente Lula. Você realmente vai ser diferente, ou vai ser apenas uma continuação do seu governo?
Eu acredito que o meu governo será diferente do presidente Lula. O governo do presidente Lula, que eu fazia parte, construiu uma base a partir da qual vou avançar. Não vou repetir a sua administração, porque a situação no país hoje é muito melhor do que era em 2002. Eu tenho os programas governamentais em andamento, que eu ajudei a desenvolver, como o chamado Minha Casa, Minha Vida, que é um programa de habitação.
Meus desafios são outros. Vou ter de resolver questões como a qualidade dos cuidados de saúde pública no Brasil. Vou ter que criar soluções para problemas de segurança pública.
O Brasil passou por mais de 30 anos sem investir em infraestrutura em uma quantidade suficiente. O governo do presidente Lula começou a mudar isso. Eu tenho que resolver as questões rodoviárias no Brasil, as ferrovias, as rodovias, os portos e aeroportos.
Mas há uma boa notícia: Descobrimos petróleo em águas profundas.

Você está sugerindo que esse achado vai financiar a infraestrutura?
Criamos um Fundo Social [em que] alguns dos recursos do governo vindos do óleo serão investidos em educação, saúde, ciência e tecnologia.

Vocês têm que preparar o país para a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Sim, mas eu também tenho outro compromisso, e que é para acabar com a pobreza absoluta no Brasil. Nós ainda temos 14 milhões na pobreza. Esse é o meu grande desafio.

Todos os empresários que eu encontrei em São Paulo disseram que tinham que estar muito preparados para se encontrarem com você porque você está muito familiarizada com a maioria dos projetos.
Sim, é verdade. Eu acho que é uma característica feminina. Nós apreciamos os detalhes. Eles não.

O que significa para você ser a primeira mulher presidente do Brasil?
Ainda acredito que é surpreendente.

Quando você decidiu que queria ser presidente?
Esse foi um processo. Não há nenhuma data. Comecei a trabalhar com o presidente Lula, e ele começou a dar algumas dicas sobre mim vir para a presidência, mas ele não foi claro sobre isso no começo. Foi uma grande honra para mim, mas eu não estava esperando por isso.
A partir do momento que ficou claro para mim que eu seria indicada há dois anos, eu sabia que tínhamos criado as condições adequadas para tornar possível ganhar as eleições. O presidente Lula teve uma excelente administração, e o povo brasileiro reconheceu isso e agradeceu isso. Somos uma administração diferente - nós ouvimos o povo.

Você recentemente lutou contra um câncer.
Sim, mas eu acredito que eu consegui lidar bem com isso. As pessoas têm que saber que o câncer pode ser curado. Quanto mais cedo você descobrir isso, o melhor são suas possibilidades de cura. É por isso que a prevenção é importante. . . .
Acredito que o Brasil estava preparado para eleger uma mulher. Por quê? Porque as mulheres brasileiras atingiram isso. Eu não vim aqui por mim, pelos meus próprios méritos. Somos a maioria neste país.

Lally Weymouth é um editor associado sênior do The Washington Post.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Casamento gay pode ? E aborto ?

População rejeita mudanças na lei sobre aborto, gays e drogas
Temas polêmicos, que marcaram a campanha presidencial deste ano, foram abordados em pesquisa Vox Populi encomendada pelo iG
Matheus Pichonelli, iG São Paulo 05/12/2010 06:59


Eleita presidenta com 55 milhões de votos, a petista Dilma Rousseff pode ter dificuldade em conseguir apoio popular se quiser fazer mudanças nas leis que tratam de temas polêmicos como aborto, direitos dos homossexuais e consumo de drogas. Pesquisa Vox Populi encomendada pelo iG para mapear as expectativas dos brasileiros em relação ao futuro governo mostra que a maioria da população não aceitaria mudanças nas regras que regem atualmente essas áreas.

O aborto, em especial, entrou na pauta da disputa eleitoral deste ano e levou tanto Dilma quanto o presidenciável José Serra (PSDB) a prometerem que, caso eleitos, não promoveriam mudanças nas regras relacionadas ao assunto.

Dilma, que antes de ser candidata havia dado declarações favoráveis à descriminalização do procedimento, viu aumentar, na reta final da campanha, a resistência de setores religiosos à sua candidatura. A petista acabou escrevendo uma carta se comprometendo a manter as leis sobre o tema e “de outros temas concernentes à família e à livre expressão de qualquer religião no País”.

Para 82% dos entrevistados pelo Vox Populi, o aborto não deveria deixar de ser crime no País. Entre os habitantes das regiões Norte e Centro Oeste, 89% defendem a punição de quem pratica o ato, contra 77% no Sudeste, o menor índice. De acordo com o instituo, é mais fácil encontrar quem defenda mudanças na lei do aborto em grandes cidades (19%) do que em municípios menores (9%).

O índice de rejeição à prática do aborto não varia significativamente entre gênero, idade e renda – é maior apenas entre eleitores com nível superior: 19%, contra 10% de quem estudou até a quarta série, por exemplo. Os índices de rejeição também são os mesmos entre eleitores de Dilma e Serra (82%) e atingem altos patamares tanto entre eleitores religiosos (86% dos evangélicos rechaçam a ideia) como entre os que dizem não ter religião (78%).

Para 72% das pessoas, o governo Dilma não deveria sequer propor uma lei que discriminalize o aborto – ideia compartilhada tanto por católicos (73%) como por evangélicos (75%) e membros de outras religiões (69%).

União civil entre homossexuais
O Vox Populi mostra que, para 60% da população, a união civil entre homossexuais não deveria ser permitida no País - como prevê a lei atual - contra 35% que defendem o direito. A maior resistência é observada nas regiões Centro Oeste e Norte (69%) e em municípios pequenos (66%); a menor resistência é observada no Sudeste – onde 39% defendem os direitos.

A pesquisa mostra que quanto mais velha é a população, menor a aceitação sobre o assunto (69% dos que tem 50 anos ou mais não aceitam a mudança). Quanto maior a escolaridade, maior também a aceitação: 44% dos quem têm ensino superior apoiam a mudança na lei – e 63% dos que estudaram até a quarta série dizem que homossexuais não podem se unir legalmente.

O menor índice de aceitação à união entre gays é identificado entre evangélicos: 19% (contra 37% dos católicos praticantes e 41% dos católicos não praticantes). Com pessoas de outras religiões, a aceitação chega a 59%.

A rejeição não é exclusiva apenas a entrevistados que se declaram religiosos: 56% dos que afirmam não ter religião também se dizem contra a união civil entre gays – o maior índice, entretanto, é entre evangélicos: 78%. Eleitores que declararam voto em Dilma e Serra têm praticamente os mesmos índices de rejeição à ideia: 36% e 33%, respectivamente.

A pesquisa aponta também que os brasileiros rejutam qualquer proposta de lei para ampliar o direito civil entre homossexuais e igualar a união ao casamento: 63% dos entrevistados se dizem contrários à ideia – entre os evangélicos, o índice chega a 79%.
Ainda segundo o Vox Populi, a adoção de crianças por casais homossexuais não deve ser permitida no País para a maioria dos entrevistados: 61%. A maior rejeição é identificada no Nordeste (70%). A ideia enfrenta maior resistência também em cidades menores e entre eleitores mais velhos.

Quando a pergunta é se o governo deveria propor uma lei que facilite a adoção de crianças por casais gays, a maioria dos entrevistados (64%) diz ser contra. No Nordeste, o índice é de 71% e entre evangélicos, de 77%.

Uso de drogas
O Vox Populi mostrou também na pesquisa que praticamente nove em cada dez brasileiros (87%) são contra a descriminalização do uso de drogas. O índice chega a 93% no Nordeste.

A ideia é quase igualmente rechaçada entre entrevistados de diferentes religiões, idades, escolaridade e preferências políticas. Para a maioria (72%) o governo nem sequer deveria propor uma lei prevendo a descriminalização das drogas – no Sul, a rejeição à ideia de mudança na lei alcança 81% da população.

A margem de erro do levantamento, que contou com 2.200 entrevistas feitas entre os dias 19 e 23 de novembro, é de 2,1 pontos percentuais.




quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Dando Graças: uma morte e várias vidas

"Se receberes insultos porque pregais em nome de Cristo, felizes sois vós! O espírito de glória, que é o Espírito de Deus, repousa sobre vós." (IPd 4, 13).

A morte!? Esta já está garantida. Ela é só uma. Devagar ou inesperadamente ela chega, mas é só uma. Ainda bem!! Na realidade, nesta vida só existem duas coisas das quais não conseguimos nos livrar: a morte e os impostos.
Diferente da morte, a vida não é uma, ela é várias. Ou seja, não temos uma vida única, mas várias. Algumas se sucedem em uma sequência, outras acontecem de forma paralela.
Pense nas suas vidas. Quantas vocês já teve? Eu já contabilizei umas oito ou nove. E quero, no mínimo, mais umas cinco. Quem sabe se um filho meu não faz a viagem de volta da mãe dele e resolve se casar com uma gaúcha e morar em Porto Alegre. Vou ter de me mudar para lá, para ficar perto dos netos. Aí vou ter de começar uma nova vida.
Você é o protagonista de suas vidas, mas algumas delas não têm absolutamente nada a ver com as outras, embora você seja a mesma pessoa. O que a minha vida no Japão de 1988 a 1990 tem a ver com a vida que levo hoje, criando quatro crianças? Nada. O que as memórias do menino de rua, ou melhor, de menino de beco, do beco da Indústria, nos anos sessenta e setenta tem a ver, com a vida de funcionário público ou professor universitário? Nada. Estou falando do dia a dia, das convivências que tive, das atividades diárias. Não do aprendizado e formação da personalidade, da carga emocional e de experiências vividas. Isso levamos na alma, no coração e na mente. Aí estão as alegrias e as tristezas registradas.
Convivemos com pessoas totalmente diferentes em várias vidas. Os amigos do Colégio Militar, um período de convivência intensa diária que durou seis anos, não tem absolutamente nada a ver com a vida que levamos no Canadá há dois anos. Na maioria esmagadora das vezes não há nenhum conexão entre nossas vidas.
Fui caixa da lanchonete Ziza’s, point de Manaus, em 75 e 76. E o que é que isso tem a ver com os amigos e com a vida que levei quando fazia a universidade? Nada. Outras pessoas, outras atividades, outras cabeças. Depois tive a vida de solteiro que acabou aos quarenta anos, e tive como parceira de folias e festas por mais de uma década - entre uma viagem e outra - uma prima. Grande parceira. Mas apesar do carinho mútuo, hoje estamos vivendo outras vidas. Veja bem, naquele momento estava vivendo uma vida que, como as outras, teve início e fim. Trabalhei, quando me formei em engenharia elétrica, na Gradiente. Essa vida de operário do Distrito Industrial de Manaus acabou, e a Gradiente também. E com ela a vida de muita gente. Sou auditor fiscal há anos, professor há trinta anos. Mas estou contando as horas, minutos e segundos para acabar com essa vida de auditar e fiscalizar empresas; mas sonho ensinar pelo resto das minhas vidas. Estou pronto, preparado para começar outras vidas. A vida de pai de adolescentes, de universitários, vida de avô. Será que viverei o suficiente para viver essas vidas ? Não me importo de trocar todas as minhas vidas futuras, por uma única, a vida eterna.
Algumas vidas gostaríamos de repetir e outras preferíamos nem tê-las vivido. Ficamos felizes quando acabam. O meu saldo é bastante positivo. A vida com o meu pai, essa eu gostaria de repetir, até eternizá-la. Mas tudo acaba dure o tempo que durar, um dia acaba.
Não posso me queixar, e Deus tem sido extremamente generoso comigo. Quando conheci a minha esposa, comecei uma nova vida, e no momento estou vivendo uma das melhores vidas que já vivi. Nunca pensei que ainda viveria uma vida tão maravilhosa. Criar essas quatro crianças tem me dado um trabalho danado, que é infinitamente inferior ao prazer que tenho de educá-las, viver e conviver com elas. Elas me dão a certeza de que outras vidas mais gostosas e prazerosas virão; porque vou buscá-las para elas e com elas. Mas há uma das minhas vidas que um dia vai acabar, a vida de filho. E essa será possivelmente a vida que terá o fim mais doloroso. Tudo um dia acaba.
Temos amigos padres americanos que há mais de 60 anos trabalham no Amazonas. Fico pensando que o father um dia entra num avião e pensa: “Passaram-se 30, 40, 60 anos, mas acabou. Estou voltando.” Vários já voltaram. E o que a vida que ele leva lá, após ter trabalhado aqui, tem a ver com a vida que levou há trinta anos atrás como pároco em Manacapuru, Coari, Codajás e Anori ? Nothing, my friend. Nothing. São ou não são vidas diferentes ? São ou não são duas, três vidas e não uma única ? Numa ele tomava açaí com farinha, e comia calderada de tucunaré ou jaraqui frito. Tinha as janelas teladas para barrar carapanãs. Não tinha internet, não tinha carrões desfilando, só rio-mar, cabocos roxos, barcos, água e mata. E hoje qual é a dieta dele? Hoje come no breakfast o que todo gringo come: wafer, bacon, pancakes, cornmeal, apple-cinnamon syrup e eggs.
Para citar apenas um exemplo, de várias vidas que conheço, como de um sujeito que um dia teve uma vida de operário e outra de presidente.
Não importa quantas vidas você viveu. Boas ou más, vividas ou sobrevividas, alegres ou tristes. Neste dia agradeça a Deus pelo dom da vida. Tenho certeza que você nunca pensou que poderia ter nascido cachorro, barata ou rato. Portanto, pare e agradeça a Deus pela a vida. Peça a Ele uma vida que seja eterna.

Os 80 anos de Dona GlóriaA minha mãe faz 80 anos no dia 28 de dezembro deste ano. Será uma grande e inesquecível festa. Será um festa de agradecimento, de louvor a Deus, por uma pessoa que perdeu a mãe aos 5 anos e o pai aos 11. Sobreviveu graças à generosidade de algumas pessoas, de parentes, que a acolheram e a alimentaram, principalmente, seu tio Orotiles Bessa, irmão de sua mãe, que lhe matou a fome nos primeiros anos da orfandade, e sua prima e nossa querida avó Eliza Bessa Freire, que lhe deu um lar e lhe acolheu da adolescência ao casamento.
Oh meu Deus! 80 anos, 15 filhos e mais 3 assumidas com filhas, 50 netos (até agora) e 11 bisnetos (até hoje). E quando essa vida acabar, uma das mais importantes das minhas vidas chegará ao fim. Não. Nunca. Porque a levarei comigo onde for. Essa é uma vida paralela a todas as outras. Os sucessos de todas as vidas que tive está ligado a esta minha vida, que me acompanha mesmo antes de eu ter nascido. Ninguém constrói um prédio sem uma base sólida, senão o prédio desmorona. Pode até ser bonito, mas é torto como a torre de Pisa. Dela tudo recebi. Portanto, tudo que sou de bom devo a ela. Só lamento não ter herdado os seus lindos olhos verdes. Mas Deus quando me fez assim, sabia o que estava fazendo, então era para ser assim mesmo. Por isso eu tenho todo o motivo do mundo para agradecer. Deus seja louvado.

Dia Nacional de Ação de Graças – Dando Graças.Hoje, 25 de novembro de 2010, dia Nacional de Ação de Graças, quero agradecer e louvar a Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo e a Santíssima Virgem Maria, pelas minhas vidas passadas, presente e futuras.
Tenho muitos motivos para agradecer a Deus, mas principalmente pela fé que herdei de meus pais e que Ele me concedeu ("E ninguém pode dizer Jesus se não é movido pelo Espírito Santo" (1Cor 12,3).
Agradeço a Deus por eu acreditar que Cristo Jesus morreu por nós, pela nossa salvação, por acreditar na Santíssima Trindade, e por não acreditar em cartas, búzios, leitura de mão, cristais energizados, numerologia, horóscopo, mal olhado, encosto e descarrego. Não temer ter o meu nome na boca do sapo, ser rogado praga, espelho quebrado, gato preto, sexta-feira 13 ou passar debaixo de escada. Agradeço a Deus por acreditar o que me energiza, o que “ fecha o meu corpo” é a palavra do Evangelho, e o Corpo e Sangue de Cristo, a quem nada é impossível.

"Bendize a minha ao Senhor, e tudo que exista em mim, bendiga o seu santo nome".

Fiz uma relação de 100 motivos pelos quais devo louvar e agradecer a Deus.

1. Pela vida;
2. Por não ter vindo para a Terra como cobra, barata, piolho ou outro animal;
3. Pelo pai que me deu;
4. Pela mãe que me deu;
5. Pela minha saúde;
6. Pelo meus irmãos e irmãs;
7. Pelos 80 anos de minha mãe;
8. Pela minha esposa;
9. Pelo pão nosso de cada dia, que nunca faltou à mesa, e muitas vezes veio com manteiga e queijo;
10. Pelo meus filhos;
11. Pelo meu emprego...
12. Com certeza essa lista teria mais de 100 itens.

Mas resolvi não publicá-las. Na realidade, tenho muito mais de 100 motivos. Por vários deles eu sou extremamente grato, como pelas viagens que fiz, pelos pedidos atendidos, por não andar de ônibus entupido de gente (calor infernal), por não dormir sem ar condicionado e outras coisas assim, pois posso ser mal interpretado.

Feliz dia de Ação de Graças !

Cláudio Nogueira.

PS1. O presidente Eurico Gaspar Dutra instituiu o Dia Nacional de Ação de Graças, em 17 de agosto de 1949, e o presidente Castelo Branco regulamentou a data em 1965, quando foi oficializada a quarta quinta-feira do mês de novembro para a comemoração em todo território Nacional. Os americanos nesta data comemoram o thanksgiving (dando graças), e a Igreja Católica comemora dia 27 de novembro a festa de Nossa Senhora das Graças.

PS2. Para quem estava reclamando que esse blog só falava de política, uma mudança. Hoje é dia de se falar de agradecimento.

PS3. Em agosto de 2018, comecei uma nova vida; desta vez em Portugal.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Não existe Banco Central Independente

Muito se fala de um banco central independente. Henrique Meirelles também acredita nisso. Ou seja, ele determina a política monetária - a administração da moeda, dos bancos, dos juros e do câmbio - independente da vontade do governo, e não recebe ordens do ministro da Fazenda. Será ?
Dentro deste assunto, fazendo parte do mesmo debate, o outro lado da moeda é o controle externo do Banco Central pelo Legislativo. Sobre esse assunto há um texto interessante de Fabiano Santos e Inês Patrício publicada na Revista Brasileiras de Ciências Sociais com o título: " MOEDA E PODER LEGISLATIVO NO BRASIL: prestação de contas de bancos centrais no presidencialismo de coalizão" (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092002000200007)
Sobre o nosso Bacen, Delfin Neto declarou que os outros bancos centrais são independentes, o nosso é autônomo, não dá satisfação para ninguém. Isso parece ser assunto recorrente.
Dia 18 de novembro, quinta-feira passada, o presidente do Banco Central do Brasil, cuja batata estava assando, disse que sem autonomia não ficaria no cargo. Não vai ficar. O jornal Estado de São Paulo publicou:
"O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, está decidido a não aceitar nenhum convite para permanecer à frente da instituição, caso a presidente eleita, Dilma Rousseff, não lhe garanta autonomia absoluta de ação. Meirelles também não aceita a hipótese de servir de tampão durante o primeiro trimestre, até a escolha de um novo e definitivo presidente do BC.
Meirelles considera que ceder na autonomia – e há informações de que ela lhe será tomada, de forma a fazer com que a taxa de juros venha a sofrer queda mais rápida, até chegar a 2% (acima da inflação) em 2014 – comprometerá sua biografia e a credibilidade que conquistou nos oito anos à frente do BC, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva."

O e-leitor já percebeu que autonomia que Meirelles se refere é diferente da autonomia citada por Delfin Neto. Ele se refere a não subordinação de seus atos relativos à política monetária, ao presidente da República, ao ministro da Fazenda ou a quem quer que seja, nos moldes do banco central americano, o Fed, ou Federal Reserve.
O Fed é sempre citado com exemplo de banco central independente, que faz o que quer sem dar satisfação nenhuma para o homem mais poderoso do mundo. Por isso é dito que depois do presidente americano, o segundo homem mais poderoso nos Estados Unidos é o presidente do Fed.
Esse post vai desmistificar que o presidente do Fed não recebe interferência do presidente da República. Só se o presidente da República não for Ronald Regan.
No seu livro "Maestro, Greenspan's Fed and The American Boom" Bob Woodward conta umas boas histórias de interferência nas decisões do presidente do Fed. Esse livro é uma preciosidade, pelo qual paguei apenas 1 dólar na loja tudo-por-um-dólar, Dollar Tree, em Raleigh, Carolina do Norte. Na realidade, Raleigh é aqui, a capital do Estado, e ali, do outro lado da rua, onde fica a loja, é a cidade de Wake Forest. Digo isto caso o e-leitor deseje encontrar o livro, vá ao endereço certo.
Eis a tradução exclusiva para o blog:
"Olhe, esse é um bom momento para ter um encontro com o presidente. Por que você não vem aqui ?
Essa foi a mensagem de James A. Baker III, chefe da Casa Civil e principal estrategista político de Ronald Reagan, enviada no verão de 1984 para Paul Volcker, chairman do Federal Reserve.
Baker providenciou à visita à residência da Ala Leste, geralmente arranjos para encontros delicados era longe do escritório da Ala Oeste, e dos olhos dos outros. Volcker, de certa forma uma figura teatral, tinha dois metros de altura, muito difícil de ser ocultado. Nos seus cinco anos como chairman do Fed tinha se tornado a face pública de uma guerra exaustiva contra uma inflação galopante.
O remédio forte de Volcker de elevar os juros para uma taxa sem precedentes de 19 por cento ao ano, para esfriar a economia americana, engatilhou uma recessão e jogou milhões fora do emprego, tornando-o um demônio para muitos em Wall Street. Mas agora a inflação estava dominada e o Fed tinha atingido uma aparência de estabilidade nos preços, fazendo dele um heroi, especialmente em Wall Street.
O presidente do Fed tem encontro com presidente mais ou menos a cada seis meses. Não era comum para ele ouvir com atenção palavras sugerindo-lhe baixar as taxas de juros para ajudar a economia a crescer.
Volcker encontrou somente Reagan e Baker na biblioteca do andar de baixo na Ala Leste.
Volcker e Baker tinha um relacionamento cordial. Ambos tinham estudado em Princeton.... Mas em nível profissional, particularmente quando o assunto era taxas de juros, as suas relações eram tensas.
Volcker foi inicialmente apontado chairman pelo presidente democrático, Jimmy Carter, em 1979. Quando o seu período de quatro anos acabou em 1983, Reagan, que viu as virtudes de Volcker na campanha contra a inflação, o escolheu para um segundo mandato. Para um período pós recessão, com um nervosismo em Wall Street, era considerado arriscado demais demiti-lo.
Baker acreditava que Reagan deveria ter o seu próprio chairman no Fed - alguém do seu partido, alguém sintonizado com os seus valores. Como Baker constatemente costumava dizer, Volcker

é um " Democrata conhecido", como se o chairman do Fed fosse um subversivo. Baker não tinha ilusões de o que chairman do Fed poderia receber ordens ou submetido a um controle político. Mas ele achava Volcker desnecessariamente arisco e espinhoso, não receptivo as soluções de consenso preferidas por Baker.
Depois de polidas boas vindas, Baker começou a mencionar a próxima eleição no outono. Reagan concorreria ao segundo mandato, e Baker era o coordenador da campanha.
Eles não querem nenhum aperto, disse Baker, referindo-se ao aumento das taxas de juros. Ele parecia firme e falava da eleição com certo orgulho. O Tema foi 'Manhã na América' e Reagan estava projetando a imagem de pai que se importa e otimista. Taxas mais altas estavam fora de questão.
Volcker estava um pouco assustado pelo fato de que Baker falasse abertamente sobre taxas de juros em um contexto político[lembre e-leitor que o Fed não é levado por interesses políticos]. Baker poderia facilmente ter sinalizado o desejo deles, de modo mais sutil, menos ofensivo [direto]. O chairman endureceu. A armação, a linguagem direta e a arrogância era certamente inapropriadas e impróprias. Somente Baker falava. O presidente não dizia coisa alguma. Nada. Mudo. Não balançava a cabeça concordando, nem balançava discordando, Volcker percebeu com tristeza. Que brilhante. Reagan não disse nada, sua negação foi presevada: Eu nunca pressionaria Vocker. Mas a presença do presidente, lá sentado calmamente, - desconectado ou atento, ninguém saberia com certeza, incluindo Baker - dava as palavras de Baker todo o peso do mundo.
Na intimidade, Volcker estava um pouco preocupado com a economia. Ele não creditava que haveria uma nova recessão brevemente, mas o crescimento estava devagar e o cenário não era bom. Sua próxima ação no Fed ia exatamente ao encontro do que Baker e Reagan queriam que ele fizesse, reduzir as taxas de juros. Mas ele não lhes disse porque não confiava neles. Se ele tivesse dito qualquer coisa, eles poderiam vazar para a imprensa. As taxas de juros vão baixar, eles diriam. Ou pior, o Federal Reserve cede a pressão deles, minando a credibilidade de Volcker.
O chairman deixou a Casa Branca azedo e inquieto. Às vezes, a melhor coisa a fazer, ele aprendeu, era absorver a pressão, ficar com ela, e fazer nada. Quando ele foi confirmado como chairman pelo Comitê Bancário do Senado, ele prometeu que não relataria qualquer tentativa da Casa Branca de influenciá-lo. Mas agora ele não tinha certeza se a pressão não tinha chegado a um nível que ele era obrigado a relatá-la. [Mas] Ele não disse nada.
Para Baker foi mais uma conversa de rotina. Ele não queria ser visto como pressionando Volcker. Naturalmente que o governo queria baixar as taxas. A Casa Branca sempre quis. Mas o chairman era independente, e se Volcker não gostava de encontros com o presidente, ele não precisava ir, ele poderia ter ido embora ou reclamar, mas ele nunca fez isso.
Logo Volcker abaixou as taxas de juros em resposta as perspectivas da economia, como ele desejava fazê-lo. Reagan foi reeleito com grande diferença em Novembro.
No início de 1985, Reagan apontou James Baker como secretário do Tesouro [ministro da Fazenda], a posição que tradicionalmente tem como obrigação fazer a ligação com o Fed. Baker viu outra oportunidade de interferir na política de taxas de juros do Fed. Embora, o chairman dominasse o Fed, ele não poderia agir unilateralmente.
O Fed determina duas taxas de juros de curto prazo. A taxa menos importante é a taxa de desconto, a taxa de juro que o Fed cobrar dos outros bancos por empréstimos de overnight . Ela tem um efeito muito pequeno na economia; naquele momento a taxa de desconto era a única taxa publicamente anunciada pelo Fed. Como resultado, sua mudança teria impacto psicológico sobre o mercado financeiro e a economia.
Para mudar a taxa de desconto, o chairman tinha de ter maioria dos votos dos sete membros do Conselho de Governadores. O seu voto é apenas um desses sete votos. [ O Fed tem sucursais nos estados. Tem o Fed de Nova York, por exemplo; e o administrador desse Fed regional é chamado de governador].
Sob a lei e a Constituição, o presidente marca a data do encontro e o Senado confirma. Os membros do conselho são apontados para um mandato de 14 anos, período para colocar o conselho acima de interferência política, mas muitos membros se cansam de servir uma instituição tão controlada pelo seu chairman, e renunciam depois de alguns anos. Como resultado, a administração [Reagan] colocou um [bom] número de republicanos no conselho de sete membros. Baker, que teve a responsabilidade de achar membros para o conselho, preferia ‘Reaganautas’, aqueles que compartilhavam da filosofia do presidente e tinham sido parte de sua equipe. Ele particularmente gostava daqueles que preferiam baixas taxas de juros. A conversa no Departamento do Tesouro de Baker tinha um tema: Os tempos estão mudando. A mensagem para Volcker era: Lidere ou seja liderado.
Uma das primeiras escolhas de Baker para o conselho do Fed foi Manuel H. Johnson Jr, seu secretário assistente do Tesouro, de 36 anos de idade, um ex-especialista de inteligência do Green Beret. Johnson disse ao seu chefe que ele acreditava que as taxas de juros deveriam ser baixada, e que a política de taxas de juros do Fed deveria ser coordenada com a Casa Branca e o Tesouro.
Tão logo Johnson chegou ao conselho em 1986, ele disse a Volcker que ele votaria no corte da taxa de juro na primeira chance que ele tivesse. ‘Eu me sinto compelido a isso. É necessário’. Disse Johnson. Volcker ficou horrorizado, concluindo que Johnson tinha feito um acordo.
Johnson informou a Volcker que agora haviam quatro votos, uma maioria, para reduzir as taxas de juros. ‘Eu vou divergir do modo que você deseja fazer’, disse ao chairman. ‘Eu vou divergir de sua liderança.’
Naquele momento, Volcker se opunha a um corte porque ele estava preocupado com uma nova inflação. ‘É o Baker que está lhe pressionando para fazer isso ?’ Perguntou Volcker, pondo seus pés sobre sua mesa e acendendo um charuto.
‘Tenho certeza que Baker apoia isso,’ respondeu Johnson. ‘Ele sabe como votarei.’
Em 24 de fevereiro de 1986, Johnson e três outros membros do Conselho votaram 4 a 3 pela redução da taxa de desconto. Volcker estava em minoria pela primeira vez.
‘Adeus’ , ele disse ao Conselho depois da votação. ‘Vocês vão ter de fazer isso sozinhos.’ Ele se levantou e saiu batendo a porta com força. Ele não digitou, quando voltou para a sua sala, ele escreveu sua carta de renúncia a mão.
Votar contra o chairman foi uma franca rebelião no que lhe diz respeito. Era uma grande violação a etiqueta do clube. A tradição no Federal Reserve virtualmente obriga o conselho de lidar com desacordos e divisões, mas trabalhando na direção do consenso. Reunião na terça. Reunião na quarta. Reunião na quinta. Se foi o chairman quem discordou, por Deus, eles devem se reunir sem fim.
Volcker disse a Baker o que aconteceu. Eles poderiam escolher um novo chairman para o Federal Reserve, ele disse.
‘Isso não é assim importante.’ Baker disse calmamente. Ele expressou surpresa com a votação e a angústia de Volcker. ‘Você está exagerando.’
Volcker discordou completamente. Qual seria a utilidade de ser o chairman de uma organização se você não pode administrá-la ? O que era liderança se outra pessoa decidiu a direção ?
Baker queria lembrar Volcker , ‘Olhe, para isso é que temos sete governadores – por que nós não deixamos o chairman decidir as coisas por decreto? É porque é uma votação democrática no conselho.’...
Seja realista, Paul. Ninguém – o Fed, a Casa Branca, Wall Street – deseja ou precisa a convulsão que resultaria se Volcker renunciasse.
Mas Volcker concluiu que a votação naquela manhã tinha sido cabal, seria um golpe no coração da independência do sistema do Federal Reserve. Ele também acreditou que Jim Baker viu o resultado como uma grande vitória política.
...
Mais tarde, nesse mesmo dia, Johnson e os outros três membros do conselho voltaram atrás. Eles concordaram em reconsiderar, abdicando do corte da taxa de juro antes que fosse anunciada. A renúncia de Volcker poderia ser muito inquietante. Ela poderia enviar um choque para Wall Street e pelo mundo afora.
E Volcker concordou em ficar, embora nunca foi o mesmo. A administração queria um fantoche, ele concluiu.
‘Eu não confiava neles,’Volcker disse mais tarde. ‘Era impossível. Não havia jeito de restaurar o senso de confiança.’


Se Henrique Meirelles acreditava que quem o colocou no cargo não iria querer dar pitaco na política monetária, ele também acreditava em Papai Noel. Pois quem levar a culpa de uma política econômica ( fiscal + monetária + outras) fracassada não é ele, mas o patrão dele, agora a patroa.

Cláudio Nogueira

PS1. Parece que chefes de Casas Civis (Zé Dirceu e Dilma) lá e aqui não morrem de amores por presidentes de bancos centrais. E pior para o chefe do banco, quando o chefe da Casa Civil vira presidente. Sai Meirelles entra Tombini.
PS2. Em tempo: Paul Volcker voltou a participar da política econômica americana no governo Obama. Desde fevereiro de 2009, ele é chairman do Conselho Consultivo de Recuperação Econômica do presidente Barack Obama.
PS3. O último cargo público importante de James Baker foi como secretário de Estado no governo de George Bush pai.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

PSB põe seu bloco na rua

Antigamente, nessa época do ano, quando se falava de blocos na imprensa, era sobre os ensaios deles se preparando para o carnaval, mas nessa semana predominou no noticiário a formação de blocos políticos. No site oficial do PSB encontramos:

Partidos iniciam entendimentos para formação de bloco na Câmara
Partido Socialista Brasileiro - PSB

Câmara dos Deputados - 17/11/2010

Líderes do PSB, PDT, PC do B, PV e PRB fizeram uma reunião, na manhã desta quarta-feira, na Liderança do PSB, visando a formação de um novo bloco na Câmara dos Deputados. Os partidos voltarão a se reunir na semana que vem para mais uma rodada de entendimentos, quando o bloco poderá ser formalizado.

O PSB tem 34 deputados; PDT, 28; PcdoB, 15; PV, 15, e PRB, 8. Com mais quatro parlamentares do PMN, legenda que não participou desta primeira reunião, mas que deverá estar presente na próxima, o bloco teria 104 deputados, formando a terceira bancada da Câmara, atrás do Blocão formado por PMDB, PTB, PR, PSC e PP e do bloco PSDB/DEM/PPS.

Participaram da reunião o líder do PSB, Rodrigo Rollemberg, Paulinho da Força, do PDT; Daniel Almeida e Vanessa Grazziotin, pelo PcdoB; Edson Duarte, do PV, e Cleber Verde, PRB.

A formação do bloco não é uma reação à formação do blocão comandado pelo PMDB, e que foi formalizado nesta terça-feira ou qualquer tentativa de pressionar o Governo. Segundo Rodrigo Rollemberg, a iniciativa daria aos partidos que integram o bloco a oportunidade de ter uma participação mais expressiva nos trabalhos legislativos e de conquistar mais espaço na mesa diretora e nas comissões da Casa.


Assessoria de Imprensa da Liderança do PSB na Câmara

O Blocão do PMDB é desfeito



http://www.zedirceu.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=10658&Itemid=2
Desmancha-se em poucas horas o blocão sonhado pelo PMDB
Publicado em 18-Nov-2010

Desmancha-se por não ter sentido e buscar objetivos absurdos como reivindicar cargos, pressionar a composição do futuro governo e retirar do PT a presidência da Câmara, o chamado blocão que o PMDB tentou montar com o PP, PR, PTB e PSC. O blocão não obteve ressonância no Senado e pode não existir, já que o PR e o PP não têm interesse real nele. "Não temos isso em vista aqui. Até agora ninguém tratou da criação de blocos no Senado", afirma o seu presidente, senador José Sarney (PMDB-AP). Só o PMDB, e particularmente dois de seus deputados que o articularam, Eduardo Cunha (RJ) e o líder Henrique Eduardo Alves (RN) - candidato a presidente da Câmara - têm interesse no blocão. A presidência da Casa é um direito que o PT conquistou nas urnas ao eleger a maior bancada de deputados federais. Desmancha-se por não ter sentido e buscar objetivos absurdos como reivindicar cargos, pressionar a composição do futuro governo e retirar do PT a presidência da Câmara, o chamado blocão que o PMDB tentou montar com o PP, PR, PTB e PSC (leiam nota abaixo).

O blocão não obteve ressonância no Senado e pode não existir, já que o PR e o PP não têm interesse real nele. "Não temos isso em vista aqui. Até agora ninguém tratou da criação de blocos no Senado", afirma o seu presidente, senador José Sarney (PMDB-AP).

Só o PMDB, e particularmente dois de seus deputados que o articularam, Eduardo Cunha (RJ) e o líder Henrique Eduardo Alves (RN) - candidato a presidente da Câmara - têm interesse no blocão. A presidência da Casa é um direito que o PT conquistou nas urnas ao eleger a maior bancada de deputados federais.

"Esse bloco não existe, foi apenas uma intenção e apenas isso já deu problema. O PT não vai entrar nisso", antecipou muito claramente o líder petista na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (SP).

Blocão, tudo indica, ficou apenas no ensaio

"Não aconteceu [a criação do bloco]. Parecia que ia acontecer, mas não aconteceu", complementou o presidente Lula ao descartar a empreitada peemedebista e lembrar: "Se as pessoas tentam, de forma conturbada, mexer na política, pode não ser muito bom. Houve 48% de renovação na Câmara e no Senado. O papel dos partidos é conversar e a hora é de começarem a discutir quem vai ser presidente das duas Casas do Congresso."

"Política - emendou o presidente - é como o leito de um rio. Se a gente não for um desmancha-ambiente, e deixar a água correr tranquilamente, tudo vai se colocando de acordo com o que é mais importante. Se as pessoas tentam de forma conturbada mexer na política pode não ser muito bom."

O presidente da República e o líder do PT não poderiam ser mais objetivos ao tratar desse blocão, montado para manter os espaços do PMDB no governo, conforme as declarações de seus deputados e de alguns dos líderes dos partidos que chegaram a ser cogitados para integrarem-no.

Eles são diretos e claros nesse sentido. Suas manifestações estão em toda a mídia. Lógico que esta não os critica, e até vibra com isto, porque o blocão nos prejudica. Imaginem o que a imprensa estaria fazendo se fosse o PT a montar uma frente multipartidária para pleitear cargos num governo!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

PMDB passa rasteira no PT ou Dormindo com o Inimigo

Poucos dias antes do segundo turno da eleição presidencial no mês passado, César Maia, ex-prefeito do Rio de Janeiro e pai do presidente do DEM, Rodrigo Maia escreveu no seu blog o que todo mundo sempre soube: “ Ganhe Dilma ou Serra, o PMDB será governo.” E com a vitória de Dilma Roussef, o PMDB é governíssimo. O vice-presidente eleito, Michel Temer, além de ser o atual presidente da Câmara Federal, é o presidente do PMDB. Portanto, ele está anos-luz longe, das figuras viceinexpressivas, de Marcos Maciel, vice de FHC e de José de Alencar, vice de Lula. Alencar, grande empresário, levou oito anos reclamando dos juros altos, mas não passou disso. Mas o que o Temer disser contra o governo (diz ele que não fará isso) é para ser levado a sério.
Falar mal do próprio governo não é novidade nesse país. Não foi o José Alencar que inaugurou essa modalidade, o ..... (se eu escrever o adjetivo que melhor o qualifica, ele vai me processar) Itamar Franco foi quem mais falou mal do seu próprio governo. Ele tinha a maluquice de falar mal de seus ministros e das decisões deles. Itamar está com 80 anos e acabou de ser eleito senador, ser suplente dele é um bilhete premiado.
E o Temer como será que ele vai agir ? Minha cara presidente muita calma nessa hora com PMDB. Vocês fizeram um casamento, e agora, como a Julia Roberts naquele filme, vão dormir com o inimigo. Como nos casamentos de verdade, a convivência tem dias que o bicho pega. Foi por isso que para alguns casamentos inventaram o divórcio e a lei Maria da Penha.
O PT, para ter o PMDB ao seu lado e evitar que o partido fosse se juntar ao Serra, teve de engolir cobras e lagartos, defendendo Renan Calheiros no escândalo provocado pela jornalista Mônica Veloso, que teve uma filha com ele; e José Sarney, acusado de diversas irregularidades na administração do Senado. Mas isso é pouco, embora a imagem do PT tenha saído arranhada nesses episódios, o PMDB quer mais, muito mais. É, portanto, um parceiro que deve ser respeitado; mais do que isso, deve ser visto com certa desconfiança.
É um direito consuetudinário, do partido com a maior bancada na Câmara Federal, escolher o presidente da Casa. Nesse caso caberia ao PT, que elegeu 88 deputados, escolher o sucessor de Temer. Mas o parceiro PMDB, que a principio deveria fazer um rodízio com o PT na administração da Câmara, já deu um jeito de ser maioria, formando um blocão com o PP, PR, PTB e PSC totalizando 202 deputados ou 39% do total.
O PMDB mostrou logo quem é (e o que sempre foi), e que não está para brincadeiras. Passou uma rasteira no PT. Possivelmente, não deve estar obtendo ministérios na quantidade e qualidade que desejaria. Temer lá da sala da equipe de transição, após receber um não dos Eduardos Cardozo e Dutra e de Palocci, pediu para ir ao banheiro e ligou para o Renan: "Os caras aqui estão querendo fazer jogo duro, junta o nosso pessoal." Renan saiu em campo. Esse é o round zero de uma luta que ainda nem começou. Mas o PT, que tem mais cobras criadas que o Butantã, vai saber resolver essa situação.
O PT vai ter de se aproximar mais dos aliados que ficaram de fora do superbloco. Será que o PSB se presta para ser amante ?
Veja esse vídeo: "O PT vê no bloco do PMDB um gesto de disputa, com risco de azedar relações na Câmara"http://colunistas.ig.com.br/poderonline/2010/11/16/pt-ve-no-bloco-do-pmdb-um-gesto-de-disputa-com-risco-de-azedar-relacoes-na-camara/

Cláudio Nogueira

Post Scriptum
PS1 - Falando em PSB, quem deve andar feliz, apesar dos aborrecimentos, é o vereador e deputado eleito Marcelo Ramos. Quem tem o Amazonino como adversário não precisa de cabo eleitoral. Com a ajuda de Amazonino, Ramos não sai da mídia. E o povo sabe que quem nasceu homero vai morrer tayah.

PS2 - O resultado da inflação medido pelo IPCA, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, que é o índice oficial para a meta de inflação, até outubro foi de 4,38%, e 5,19% nos últimos doze meses. O dólar está desvalorizado, e nos países do G-20 o real é a moeda mais sobrevalorizada. Agora junte o primeiro parágrafo com o segundo e responda: Como é que o Banco Central vai baixar a taxa de juros, via COPOM, que hoje está em 10,75% ao ano? Juro alto ajuda a controlar o consumo e, portanto, a inflação. Mas juro alto atrai dólares em grande quantidade para o Brasil, que tem a maior taxa de juros do mundo civilizado (qualquer coisa acima disso, não é mais civilizado) aumentando a oferta da moeda americana, ajudando na sua desvalorização. Se o BC baixar a taxa de juros (SELIC) , pode ajudar a valorizar o dólar, mas aumenta o consumo, que já está alto; e o Natal se aproxima. O Brasil está numa situação de que se baixar a taxa, a inflação pega; se aumentar, o real come; prejudicando as nossas exportações, deixando os nossos produtos mais caros. Está bom para levar as crianças para Disney.
O FED, o banco central americano, prometeu gasta a bagatela de 600 bilhões de dólares para incrementar a economia americana. Isso deixou o mundo em pavorosa. Os países que estão em guerra cambial com o dólar temem que esse dinheiro viaje pelo mundo, para países ricos e emergentes, aumentando a oferta de dólares, desvalorizando ainda mais a moeda estadunidense, e valorizando as moedas nacionais. O grande paradoxo é que com a desvalorização do dólar, quanto mais temos, menos ele vale. A nossa reserva cambial, que atingiu o nível recorde nunca antes visto nesse país, beirando 300 bilhões de dólares (isso mesmo, somos um país rico), cada dia compra menos.
Isso requer um post mais detalhado, sobre a guerra cambial e a inflação interna, e porque devemos gastar parte de nossas reservas renovando o nosso parque fabril, criando mestrados e doutorados e áreas de excelências em universidades brasileiras, importando cérebros e enviando estudantes e pesquisadores para se especializarem nas universidades Princetons, Cornells, Harvards, Stanfords, MITs e etc. De 2000 para cá a Índia criou mais sete institutos de tecnologia. Hoje temos dinheiro para fazermos uma política agressiva nesse sentido, para deixarmos de sermos, principalmente, exportadores de commodities e nos tornamos exportadores de produtos de alto valor agregado. Caminho percorrido pelo Japão, Coréia do Sul e agora a Índia. Acreditando que tínhamos capacidade para tal, e com determinação, é que construímos empresas como a Embraer e a Petrobrás.

PS3. Há muito que estou com vontade de escrever um post sobre um assunto que li no caderno de Economia do jornal A Crítica de domingo 5 de setembro de 2010, que trazia uma matéria como o título: "Contra a monocultura". E seguia afirmando: "Concentração de investimentos tende a especialização excessiva." O pessoal da Suframa advertia do "risco" da especialização versus diversificação no PIM.
Tenho maior respeito pelo aquele povo, onde tenho bons e competentes amigos, mas depois de 10 anos estudando pólos industriais, distritos industriais e clusters industriais, no que resultou na minha tese de doutorado, não entendi porque especialização é um risco. Vamos contribuir para o debate, mas adianto o meu pensamento: quanto mais especialização melhor. Na realidade, o que conta é o valor agregado, quanto maior melhor. É melhor produzir celular, que cada dia que passa traz mais features, do que caneta esferográfica.Os maiores, os mais produtivos, os mais competitivos e os mais rentáveis clusters do mundo têm como característica principal a especialização. O Silicon Valley, na Califórnia, o maior, o mais rico e famoso cluster do mundo é monocultura; Bangalore, na Índia, é monocultura; Cingapura é monocultura. O cluster na região de Ottawa-Toronto é monocultura. Isto é, concentradíssimos, com poucas variações em torno do mesmo tema: eletrônica, tecnologia de informação, hardware ou software. Se não são monoculturas são oligoculturas.
A especialização tem uma série de vantagens, e economia de escala é apenas uma delas. E é mais fácil produzir mão de obra para formar massa crítica em duas ou três áreas do que em várias. A questão não é se é monocultura ou se é diversificado. A questão é se é de alto valor agregado ou não. Mas isso é assunto de outro post.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Quem será ministro Alfredo ou Eduardo ?

Dona Dilma, o povo quer saber quem será ministro, Alfredo Nascimento ou o Eduardo Braga ? Ou nenhum dos dois. Eis uma resposta que teremos de esperar para saber. Eu acredito que o Alfredo tem mais chances. Mas o que eu penso não conta.
Há quem lembre que se Alfredo se tornar ministro, João Pedro se tornará senador, aumentando a bancada do PT. Concordo plenamente. Mas há quem contra argumente que em termos concretos, na hora da votação, um dos dois no cargo de senador votaria igualmente nas propostas do governo.
Quanto ao possível ministério, Alfredo tem a vantagem de ser o presidente nacional do partido dele, o PR. Somando-se a isso o fato de já ter sido ministro; portanto, a Dilma já conhece o seu trabalho. Lula e ela devem ter gostado da sua atuação no ministério dos Transportes, por isso eles apoiaram sua candidatura ao governo do Amazonas. E se o PR, por pertencer a base aliada, tiver direito a único ministério, por tudo que já foi dito, esse ministério tem muitas chances de ser entregue ao Alfredo. Além de contar a seu favor a gratidão de Lula de ser o primeiro prefeito de capital a apoiá-lo. E o Eduardo ?
Eu ouvi a presidente eleita, quando ainda chefe da Casa Civil, fazendo elogios rasgados ao Eduardo Braga, dizendo que ele era um profundo conhecedor dos problemas da região. Isso foi antes dele e Omar peitarem o Planalto e lançarem candidatura alternativa ao governo do Estado. Mas isso pode ser relevado, principalmente, considerando que Vanessa Graziotin venceu graças ao apoio que recebeu de Braga, deixando o Planalto felicíssimo com a derrota de Arthur Virgílio Neto. Ouvi a nova senadora dizer, em entrevista a CBN Manaus, que "Lula é emoção" e que Dilma é mais razão. Eh! A emoção dele não atrapalhou no seu pragmatismo. Confirme:
Eu pensei que fosse ler isso no futuro, não agora, mais tarde na autobiografia de Lula, mas Zé Dirceu já confessou na TV, na segunda-feira, no programa "Roda Viva": O PT apoiou o Sarney (queimando o filme do partido, recebendo cartão vermelho do Suplicy), para o PMDB não indicar o vice de Serra (sem aspas). Rita Camata do PMDB foi a vice de Serra em 2002, lembram ?
Vocês se Lembram que L&D deixaram a candidatura de Marilene Corrêa no meio da campanha e viraram cabos eleitorais de Vanessa ?
Com tanto pragmatismo, se Omar e Braga peitaram Lula, isso é facilmente superado. Portanto, Eduardo Braga ainda está no páreo, embora acredite que não leve.
Para Alfredo Nascimento se tornar ministro depende somente da vontade da Dilma, para o Eduardo se tornar ministro, depende da vontade dela e do PMDB. Dizem que Eduardo Braga Temer não ser indicado pelo partido dele. Partido de quem ?
Cláudio Nogueira