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terça-feira, 15 de maio de 2007

Morrer é muito bom !

Escrito dia 28 de março de 1998 

Deus amava tanto Dom Jacson Dasmaceno Rodrigues que o levou para junto de Si com apenas 49 anos de idade, um ano após sua sagração como Bispo Auxiliar de Manaus, ocorrida numa linda festa em 9 de março de 1997. Levou-o, mas não antes de testar sua fé com seis meses de sofrimento.                            A morte de uma pessoa que tem fé em Deus e que dedicou a vida a Ele é dolorosa apenas para aqueles que ficam. A morte de Dom Jacson foi sentida por Dom Luiz Soares, pela Igreja de Manaus, por sua mãe, irmãos, parentes, amigos e por todos aqueles que, em Manaus ou no interior, onde os padres redentoristas atuam, conviveram com ele. 

 Para Dom Jacson, a morte foi "o maior barato". Ele pediu ao seu "Divino Médico" para não morrer, mas deixou claro ao Pai que aceitava plenamente a Sua vontade. Foram seis meses de entrega, de oferecimento a Deus das suas dores e da sua cegueira.

A primeira coisa que Dom Jacson fez ao chegar ao Céu foi se ajoelhar e agradecer a Deus por não tê-lo curado.

E fica a pergunta: de que serviram as orações de tantas pessoas, de diversos lugares do Brasil e do exterior? Não foram aceitas?

As coisas não são bem assim. Todas as orações feitas pela recuperação de Dom Jacson foram ouvidas e acolhidas, mas direcionadas para outras causas. Segundo o Pe. Marcos Weninger, CSsR, Deus as utilizou para outros fins. Se nossas orações tivessem sido aplicadas exclusivamente para essa finalidade, teríamos Dom Jacson entre nós até hoje — teríamos ganhado, e ele, talvez, teria perdido.

Há muitos "Jacsons" morrendo todos os dias — pessoas que oferecem seus sofrimentos a Deus e pedem que eles sirvam para que abundantes graças sejam derramadas sobre a nossa Igreja. Mas o nosso querido Jacson, por desígnio de Deus, ganhou notoriedade antes de partir.

Ao ser sagrado Bispo Auxiliar de Manaus, Dom Jacson tornou-se uma figura pública. A partir de então, tudo o que dissesse teria grande repercussão. E talvez essa notoriedade, recebida apenas um ano antes de sua morte, tenha servido justamente para que um número maior de pessoas tomasse conhecimento de seu sofrimento, de seu exemplo e do seu imenso amor a Deus.

Quem teve a felicidade de ouvi-lo, encantava-se com sua eloquência. Aqueles que presenciaram sua homilia de aproximadamente uma hora, na festa de Corpus Christi do ano passado, quando falou sobre "A Eucaristia e os Poderosos", e também sua pregação na festa de Pentecostes, no Centro de Convenções, jamais esquecerão suas palavras.
Fico imaginando a chegada de D. Jacson lá em cima. Ele havia afirmado a irmã Matilde, sua enfermeira, quando ainda estava em tratamento em São Paulo, ter visto Nossa Senhora olhando para ele. Isso me faz pensar na comissão que se formou, no céu, para recebê-lo. Na frente, Santo Afonso Maria de Liguori, fundador dos redentoristas, achando que seria ele a lhe dar as boas-vindas. Mas quando começou a contagem regressiva, nos últimos minutos da quarta hora da madrugada daquele 16 de março, eis que Santo Afonso, Pe. Clemente, Pe. Daniel, D. Thomaz Murphy, Brígido Nogueira (querendo saber notícias da família), Petrônio Rodrigues, seu pai e muitos outros... abrem passagem quando ouvem a voz de uma linda senhora, dizendo que ela iria recebê-lo. Sujeito de sorte esse D. Jacson. De sorte não, de muita fé. Devoto de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro , Aparecida e Conceição...
A Santo Afonso foi dada outra missão. Ele deveria apresentar-lhe os residentes da casa. Em pouco tempo D. Jacson conheceu São Francisco e Santo Agostinho, São João Neumann, São Geraldo e tantos outros, além dos amigos. Mas ele está eufórico mesmo, é porque está sendo apresentado aos apóstolos, depois vai conhecer Moisés, Davi, Salomão, Abraão, Isaac, Jacob...
Morrer é muito bom!... Para quem vive o Evangelho, é claro!
Ó morte, onde está tua vitória? Agora entendi a frase de São Paulo: “ Para mim viver é Cristo, morrer é lucro.”

D. Jacson Damasceno Rodrigues, rogai por nós que recorremos a vós. 

Cláudio Nogueira

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