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sábado, 30 de abril de 2011

Santo Súbito

Por que João ainda encanta?

Escrito por Hugo Studart - O Estado de S.Paulo - 30 de abril de 2011

"Santo subito" - exigia a multidão durante os funerais de Karol Wojtyla, em abril de 2005. Vox populi, vox Dei - responderam os prelados católicos. Preparem-se, prezados leitores, pois vem aí o papa santo! João Paulo II será beatificado neste domingo, o último estágio antes da canonização oficial. É intrigante entender o que fez desse homem alguém tão encantador. Seis anos após a sua morte, como consegue continuar mobilizando multidões? Qual o conteúdo mágico de suas mensagens? Talvez esse papa exprimisse a esperança de um tempo. Já escreveram que ele seria o 13.º apóstolo. O apóstolo do novo mundo.

Na hierarquia das nações, um papa é só um sacerdote, o chefe dos católicos, religião praticada por 17% da população mundial. Manda de fato em apenas uns poucos quarteirões da cidade de Roma - o Vaticano - e em alguns milhares de sacerdotes. Contudo, talvez pelo que pregou ou por conduta pessoal, a verdade é que não houve na tumultuada transição do século 20 para o terceiro milênio nenhum outro líder político ou religioso de quem emanasse tanta autoridade moral. Ele foi, decerto, um dos gigantes do cenário político mundial, como Winston Churchill e Konrad Adenauer, talvez o último apóstolo com visões amplas e princípios universais a apontar para um novo mundo - daquela estirpe que gerou Gandhi e Martin Luther King.

Por onde passava, governantes paravam para recebê-lo e multidões corriam para aclamá-lo. Reunia legiões que ultrapassam, com frequência, 1 milhão de pessoas. Mais de 200 milhões foram às ruas aplaudi-lo. Antes dele, somente três homens haviam mobilizado multidões fora da terra natal: Alexandre da Macedônia, Júlio César e John Kennedy. Em seu pontificado, pronunciou 2.357 discursos no exterior, fez 102 viagens, levou sua pregação a 129 nações, visitou 620 cidades. O recordista anterior era o papa Paulo VI, com 12 viagens. Somente o apóstolo Paulo de Tarso, no início do cristianismo, havia ousado algo semelhante, ao peregrinar por todo o Império Romano levando a sua mensagem.

Apenas dois grandes países, China e Rússia, não foram visitados por ele. Ao não conseguir autorização para entrar na China, pregou para poucos nas Ilhas Fiji e Seychelles. Quando comprovou as injustiças sociais na América Latina, disse que "a dívida externa de um país não poderá nunca ser paga à custa da fome e da miséria de seu povo". E daí? Na prática, criou um impasse moral que acabou levando organismos como o FMI a rever seus conceitos.

Qualquer que seja o prisma pelo qual se olhe Karol Wojtyla, ainda que se discorde de suas ideias, há que admitir que ele foi um dos titãs da humanidade. Mas, afinal, o que ele dizia de marcante? Coisas simples, nada além da pregação normal do Evangelho. Geralmente falava de justiça social, com ênfase na ideia de solidariedade entre os povos e fraternidade entre os homens. As multidões costumavam ficar estupefatas quando esse homem vestido de branco acenava para um mundo melhor com a mais absoluta convicção.

André Frossard, ex-dirigente do Partido Comunista Francês, certa vez observou que esse papa vindo de Cracóvia passara diretamente para a Palestina, pois dizia palavras que escapavam ao abismo do tempo, como se fosse o 13.º apóstolo. "Ele não apenas soube falar aos católicos, mas também se dirigiu a todos os cristãos", explica Georges Suffert, autor de Tu És Pedro, livro sobre a história dos papas. "Ele inventou uma linguagem acessível à imensa maioria dos viventes. Foi como se a maioria tivesse aceitado, tacitamente, que esse papa exprimia as esperanças comuns dos homens do seu tempo".

"Num palco mundial dominado por profundas divisões econômicas, nacionais e religiosas, o papa destacou-se como o único porta-voz universal dos valores universais", escreve o vaticanista Marco Politi. "Ele ofereceu um evangelho de salvação e de esperança diante dos novos ídolos - egoísmo tribal, nacionalismo exacerbado, lucro sem preocupação com a vida humana".

João Paulo II assumiu o Vaticano numa das piores crises da História. Havia um cisma branco quase consolidado: à esquerda, a Teologia da Libertação, tentando enxertar no Evangelho a revolução socialista; à direita, o clero tradicionalista, que se recusava a acatar as reformas do Concílio Vaticano II. E um rebanho em fuga. Qual foi a estratégia de João Paulo II?

Primeiro, excomungou a direita. Depois, amordaçou a esquerda. Aposentou bispos e esquartejou prelazias progressistas, como a de São Paulo. Impôs rígida disciplina às hostes canônicas e ceifou a democracia interna. Por fim, reafirmou os valores mais conservadores, como o celibato sacerdotal e a família mononuclear. Condenou o aborto, a eutanásia, a união entre homossexuais e até os preservativos. Quanto às ovelhas, mandou deixar ir as desgarradas. Contudo, mandou que se abrigassem os divorciados e os filhos das relações pós-modernas. Deixou o cetro de uma Igreja ainda em crise moral profunda. Mas em todo o mundo os templos voltaram a ficar cheios.

Um de seus traços marcantes é que esse homem jamais foi um eremita encastelado, frágil e ascético, mas forjou sua personalidade e posições políticas nas mais duras experiências da vida. Foi soldado da resistência ao nazismo e ator na clandestinidade. Operário, quebrava pedras para comer. Seus biógrafos o poupam da divulgação de duas informações: se ceifou vidas e se provou da carne. Tudo indica, porém, que, até os 24 anos, tenha sido um soldado, um ator e um operário como qualquer outro de seu tempo. Depois virou sacerdote. Agora caminha para ser um santo popular, o papa santo!

O que diria João sobre essa beatificação? "Domine, non sum dignus" (Senhor, eu não sou digno), costumava repetir.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110430/not_imp712802,0.php


quinta-feira, 7 de abril de 2011

39 anos do CMM

O Decreto

Na última quinta-feira, 7 de abril de 2011, o Colégio Militar de Manaus fez 39 anos de fundação. Ninguém nasce no dia que é gerado, o mesmo acontece com o CMM, como muito bem informa o seu site: "Criado no governo do Presidente Emílio Garrastazu Médici, pelo decreto-lei nº 68.996, de 02 de agosto de 1971, o Colégio Militar de Manaus (CMM) inaugurou suas atividades em 07 de abril de 1972, tendo como idealizador e primeiro comandante o Coronel Jorge Teixeira de Oliveira, sendo o oitavo CM fundado no Brasil." Exatamente. Sou testemunha ocular e ativa do evento. Veja se você consegue me localizar na foto abaixo.

Diferente desta quinta-feira que choveu muito em Manaus, naquela sexta-feira, 7 de abril de 1972 fez uma manhã ensolarada. Estávamos todos lá vestidos no uniforme de gala.

A Localização

O papai chegou em casa, chamou o Geraldo, meu irmão, e disse: “Ensina matemática para o Cláudio e o Thomaz que eles vão fazer exame para o Colégio Militar, que vai funcionar lá no 27.” O 27º Batalhão de Caçadores era um quartel localizado no General Osório. Era desta forma que a população chamava a guarnição militar localizada no centro de Manaus: 27 ou General Osório. Na realidade, o 27º BC funcionou no prédio até 1961. Depois, até 1969, foi o Quartel General de Grupamento de Elementos de Fronteira.

As instalações ocupadas [pelo CMM] desde a sua criação, cuja construção data de 1863, já foi sede das seguintes Organizações Militares: 1º Grupo de Artilharia de Posição (1863 até 1915); 45º Batalhão de Caçadores (1915 até 1919); 27º Batalhão de Caçadores (1919 até 1961); Quartel-General do Grupamento de Elementos de Fronteira (1961 até 1969); e o Comando Militar da Amazônia (1969 até 1971)."

Localizado à rua José Clemente, nos limites do bairro de Aparecida com início do centro de Manaus, o prédio do CMM ocupa um quarteirão inteiro, sendo circundado pela rua Dez de Julho, nos fundos, pela av. Epaminondas a sua esquerda e pela rua Luís Antony a sua direita. A sua frente, separado pela rua José Clemente, encontra-se o campo de futebol e pista de atletismo - onde mais tarde também foi construído o ginásio esportivo coberto e a piscina semi olímpica - fazendo limite com o colégio salesiano Dom Bosco. Neste campo era realizado todos os anos, no mês de junho, o Festival Folclórico do Amazonas. Sendo transferido para a "bola"da Suframa, com a criação do Colégio.

O Concurso e as Fotos

Trinta e tantos anos depois, após uma missa com parentes em comum, o sargento João Dantas Cyrino - braço direito do Teixeirão, que para onde quer que fosse o levava junto, inclusive para Prefeitura de Manaus e para o governo de Rondônia - me contou como foi a nossa inscrição para o concurso. O papai nos escreveu no pagar das luzes, nos 45 minutos do segundo tempo. Ele trabalhava na rua José Clemente, na Delegacia Federal de Saúde, e morávamos no bairro de Aparecida, e por isso ia a pé para o trabalho. Passando na frente do Colégio, ao saber do concurso, entrou para nos inscrever. Aí não havia mais tempo, nem fotos, mas o sgt. Cyrino, nosso vizinho, providenciou duas fotos 3x4 de dois sujeitos.

Fizemos o concurso, eu fiquei no último lugar da lista dos aprovados para a 5a do ginásio, o Thomaz ficou na penúltimo. Era o ano de 1971 e ambos fazíamos a 5a série do primário no Colégio Nossa Senhora Aparecida. Assim, em 1972, eu me tornei o 319, tendo Cláudio como nome de guerra, e o Thomaz, daquela data em diante virou o 318 ou Queiroz. Ambos iríamos para o primeiro ano do ginásio, mas fomos para a 5a série do primeiro grau. De novo a mesma série ? Sim. Teve uma reforma escolar naquele ano que passou a quinta série do primário para o ginásio, ou quinta série do primeiro grau (hoje fundamental).

Queiroz é o nosso sobrenome materno, mas não raro, o papai chegava em casa dizendo que nas reuniões de pais e mestres no Colégio, ele era chamado de seu Queiroz.

Eu passei graças aos meus conhecimentos em português, matemática e história, e mais uma ajudinha indireta na prova de geografia. Um conhecido sujeito do CMM, fez uma revisão básica, na hora da prova, com o aluno sentado a minha frente, só para ver se o sujeito se lembrava do que havia estudado. Lembro-me muito bem, ele sentado na ponta de um piano que tinha na sala, e eu logo atrás na outra. Graças ao vento a favor, as respostas chegaram até os meus ouvidos. Isso é o que eu chamo de estar no lugar certo, no momento certo. As provas foram realizadas no Colégio Benjamin Constant, na av. Ramos Ferreira. Na ocasião o Benjamin Constant, nome muito apropriado para o local de um exame de seleção para uma escola militar, pertencia a uma congregação religiosa de freiras.

A Inauguração

Em fevereiro de 1972 aprendemos as primeiras noções da hierarquia militar, além da ordem unida para aprendermos a marchar e os comandos quando em forma; como esquerda, direita volver, sentido, descansar, apresentar armas, etc. Em março teve o início das aulas, e no dia 7 de abril de 1972, o grande dia, a formatura de inauguração, o nascimento do Colégio Militar de Manaus. A cerimônia, com a presença de autoridades militares, civis e eclesiáticas (cliché), e com a presença uma grande multidão, ocorreu na frente do Colégio, na rua José Clemente. Garbosamente “desfilamos” - com o uniforme de gala: túnica branca, calça garança, coturno e boina vermelha - no sentido anti-horário, pelas ruas em torno do prédio. Foi um dia para ficar para história de Manaus, do Amazonas e de cada um de nós. Eu tinha acabado de fazer 13 anos e o Queiroz 12. Éramos todos jovens, entre 11 e 17 anos, distribuídos das turmas da 5a série do primeiro grau (hoje fundamental) ou antiga primeira série ginasial, até a 1a série do segundo grau ou colegial (hoje ensino médio). O CMM tinha a seguinte estrutura: O CA, Corpo de Alunos, comandado pelo major Schmidlin, a 1a Companhia, constituída pelos alunos internos, comandada pelo capitão Silva Maia, a 2a ….

Reminiscências

O fato de ainda estarmos vivos trinta e nove anos depois é uma benção. Mas ainda estão vivos alguns professores que em 1972 já era coronéis; portanto, já passavam dos 45 anos. Esse ano troquei emails com o meu professor de francês daquela época, Altino Berthier Brasil. Coronel Berthier já passou dos 90 e tal anos. Ele veio meio que a contra gosto para Amazônia, e daqui saiu apaixonado, sendo autor de várias obras sobre a região. Atualmente mora em Porto Alegre. Outros dois militares (apenas para mencionar alguns) que viram o CMM nascer e ainda estão vivos são o coronel Mendonça (Paulo Viana) e o sargento Cyrino, ambos já passando dos oitenta anos também. Mas que ainda têm boas memórias para recordar fatos da construção do Colégio. Sgt. Cyrino colocou a minha disposição uma grande quantidade de informações e de fotos. O coronel Mendonça é meu vizinho; de vez em quando recordamos o nosso tempo de Colégio. Recentemente, ganhei um vizinho novo, o coronel Pedro Ihara Hiroshi, o 313, engenheiro químico pelo IME, Instituto Militar de Engenharia, e colega de várias turmas, iniciando na A3, em 1972, até a D2 na 8a série. No segundo grau ele foi pra EsPCex, Escola Preparatória de Cadetes do Exército. Eu me lembro o cel. Berthier perguntando dele: “ Você fala japonês ? Um emprego em São Paulo para quem fala japonês paga até sete milhões”. O 313 acabou de ir para a reserva, e está devendo o churrasco da casa nova.

Mas há um professor que nenhum de nós esquecemos, e que a medida que íamos subindo de ano, ele nos acompanhava, era o Tenente Coronel Renato Cézar Ferreira, o Renatinho. Nosso professor de português, um senhor sério, parcial, cheio de preferências; ele tinha os peixes dele. Baixo e gordo, e com um cacoete constante (isso não é redundância ?): levava o ombro direito até o rosto, inclinando ligeiramente a cabeça para o lado, para poder fazer o encontro entre ombro e rosto, e esfregava ligeiramente e repetidamente um contra o outro, simultaneamente, segurava o cós da calça e a puxava para cima, porque esta insistia e em descer empurrada pelo peso da barriga. Descrever psicologicamente o cel. Renato requereria algumas páginas. Com ele as nossas avaliações, três, eram sempre as mesmas: redação, leitura e gramática. As minhas notas de leitura e de redação por seis anos, também, eram sempre as mesmas, porque eram notas subjetivas. Mas a de gramática, porque tinha um gabarito, não. A prova de leitura era feita em alto e bom tom, para todos ouvirem, e sempre de surpresa em algum dia do mês. Nunca sabíamos quando seríamos chamados a ficar de pé e ler determinado texto. Fazíamos constantemente redações sobre qualquer tema. Em certa ocasião, nos foi pedido para escrevermos sobre a comida dos astronautas. Não importava se sabíamos ou não o que os astronautas comiam, isso não era o caso. O importante é que o texto tivesse coerência, começo (introdução), meio (que ele chamava de desenvolvimento) e conclusão. No primeiro dia de aula, todos os anos, era a mesma coisa, tínhamos de escrever um texto sobre as nossas vidas de estudante indo lá no início da alfabetização. Cada um de nós tinha uma ficha, com a qual ele relatava o nosso desempenho como estudantes para os nossos pais. Ele escrevia e os pais davam o ciente. Em certa ocasião ele me perguntou:
- 319, cadê a sua ficha (ele jamais me chamou pelo nome) ?
- Não trusse, respondi.
- O que foi que você disse?
- Esqueci.
- Não. Use aquele outro verbo.
- Não trouxe, consertei.
Ele tinha uma frase famosa: “Cabelo branco não é pó de giz.” Repetia essa frase todos os dias, sempre que respondíamos: Qui é ? Ao invés de: Senhor, quando ele nos chamava. Tinha uma outra expressão também: “Entrou pela janela”, dita ao aluno que entrou no Colégio sem passar pelo concurso de admissão e não era filho de militar. Se fosse dito ao TC Renato - que partiu junto com a esposa, em triste acidente na serra a caminho de Petrópolis – que o 319 pretendia escrever um livro sobre o CMM, ele diria que aquilo era uma brincadeira de mal gosto. Quando fazíamos redações muito longas, ele reclamava: “Quem muito escreve, muito erra.” Coitado do Renatinho, posso escrever o que quiser sobre ele, que ele não pode se defender. Isso é sacanagem! Que Deus o tenha.

Os Pioneiros

São muitas histórias que podem ser contadas por cada um dos Pioneiros. Tem aquela do “tronco” no CFR; aquela outra do Vilarim dizendo ao coronel Renato que ele era injustiçado; tem a da perna do Horácio Ramalho que virou carne assada ao passar por dentro de um círculo em chamas, numa demonstração de ginástica acrobática no campo de futebol; tem aquela da batalha campal na praça do Congresso, em que o Luizão Sampaio, 1,90 m, 200 kg, levantou um cara pelo cabelo, e tem também aquela outra do..... Mas nenhum história do CMM na sua primeira década de existência está completa se não for citado a sua musa: Natália Sampaio.

Ao lado do Colégio, na esquina da rua José Clemente com a av. Epaminondas tinha o bar Natália, e ela era filha do dono. O interessante era que seus pais e seu irmão falavam português, e ela falava brasileiro. Estudava no Colégio Dom Bosco, bonita e muito simpática, sempre risonha. Natália, era objeto de desejo de 9 em cada 10 aluno. Em 2009 participou de um pequeno encontro de ex-alunos no Rio de Janeiro. Hoje vive em Lisboa e vai receber esse texto.


Nos anos setenta, os militares não sabiam, mas nós éramos os donos do Colégio Militar de Manaus. O Colégio éramos nós, o Colégio era nosso. E assim que nos sentíamos até hoje: donos do CMM na década de setenta. Ele nos pertencia, aquela época está viva em nossas memórias. Mas acentuadamente nas dos alunos da 1a Cia, os internos, aqueles que moravam no Colégio (é óbvio !), cujo o lar era lá.

Em agosto de 2007 comemoramos o 35o aniversário do CMM. Naquele ano 7 de abril era sábado de aleluia. Eu, na data, jantei em Porto Alegre com outros Pioneiros que foram internos no CM. Estavam lá um coronel da primeira turma a concluir o Colégio, César Todeschini, já na reserva; os civis, Paulo Barbosa Ricardo da Trindade, Carlos Piccinini Schweder e Rubens da Cunha Barbosa Lima, e o capitão de mar e guerra, Mário Gomes Lemos. Todos ansiosos para voltar a Manaus depois de mais de trinta anos. E assim foi. Vieram de todo o Brasil, 53 ex-alunos que aqui viveram na década de setenta e nunca mais voltaram a cidade.

O encontro de 2007 ocorreu graças ao empenho de algumas pessoas, com destaque para Sidney Barros Alarcão. Residente no Rio de Janeiro, foi interno por dois anos (72 e 73), e em 2002 começou um email grupal, e saiu caçando Pioneiros por todo o Brasil. Quando lançou a idéia do grande encontro, encontrou apoio, em Manaus, de Roberto Corrêa Dantas. Roberto é mais conhecido como cabo Dantas, porque na sua camisa de meia branca, que usávamos como segundo uniforme, trazia escrito no peito C. Dantas. A turma de Corrêa Dantas desde 1978 se encontra regularmente para um almoço de confratenização todo segundo sábado do mês de dezembro.

Para que o evento ocorresse, foram imprescendíveis as ajudas do então sub-comandante do Colégio, na época ainda tenente coronel, Elson Rangel Calazans e do comandante coronel Said Brandão Sayd. Depois do encontro em Manaus em 2007, houve outro em Fortaleza, em 2008; Porto Alegre, em 2009; Brasília, em 2010, onde compareceram vários civis e militares que estudaram e serviram no CM na década de setenta, e desde de então não mais colocaram os pés em Manaus. Além desses encontros outros menores têm acontecido, como em Belém e em outras cidades brasileiras. O e-leitor tem de ter em mente que os internos eram filhos de não amazonenses, de militares de todo o Brasil, que aqui serviam na Amazônia; portanto, hoje há ex-alunos em várias cidades do país, que se reunem para lembrar da sua juventude nessa região. Esses encontros são feitos para rever amigos e contar “causos” e situações como as vividas durante o serviço militar ou CFR, Curso de Formação de Reservistas, feito por aqueles que estavam na idade de servir.

A Missão

O Colégio foi criado para dar um ensino de qualidade para os filhos de militares que serviam na Amazônia, mas lá estudavam muito filhos de civis,nós,os maternos, como os internos nos chamavam. O Colégio Militar de Manaus tem cumprido o seu papel, sendo hoje “uma das melhores instituição de ensino a distância de todo o Brasil”, me disse em 2007, o então sub-comandante, o tenente coronel Calazans, que me apresentaram num encontro de ex-alunos do CMM. O que me levou a fazer a seguinte pergunta: Como é o nome desse ...? Pois eu o conheci garoto, estudei com ele seis anos e se chamava Rangel,34, também conhecido como voador. Foi uma excelente surpresa reencontrá-lo. A última vez que o havia visto foi na extinta boîte Papagaio na Ponta Negra, quando ainda era capitão e servia no CIGS.

Desde do início o Colégio Militar inovou, tendo pela primeira vez em Manaus uma equipe de ginástica olímpica, e a prática de vários esportes de quadra, no seu então moderníssimo ginásio coberto. O Colégio sempre se destacou nos jogos estudantis amazonense, revalizando-se no basquete com o colégio Dom Bosco e no voleibol com a Escola Técnica Federal do Amazonas. Nas olímpiadas dos Colégios Militares sempre fizemos bonito com a nossa equipe de nadadores, que além do meu amigo Barbosa Lima, nos dois primeiros anos, e dos irmãos Ramalhos: Ricardo, Horácio e Eduardo Bianchi, tinha um dos mais premiados nadadores do Amazonas, ou talvez do norte-nordeste, Cézar Alex da Silveira,49,Cezinha, pequeno, 1,48 m, nadava como um peixe; grande amigo do CM e da Faculdade de Economia, que em 1983 tirou a própria vida.

Do CMM sairam além dos militares, profissionais em várias áreas; políticos de várias cores e matizes, secretários estaduais e municipais no Amazonas, e em outros estados; professores universitários, advogados, médicos, engenheiros, ex-prefeito e ex-superintendente da Suframa, mas sobretudo, saíram de lá cidadãos, pais de famílias (hoje tem também alunas), que dão a sua contribuição para nossa sociedade. Há ex-alunos que serviram na missão de paz no Haiti (MINUSTAH), como o capitão de mar e guerra, Manoel Ribeiro, primeiro comandante e coronel aluno do CMM em 1974; e o coronel Roberto Escoto, comandante e coronel aluno da nossa turma em 1978.

A qualidade do ensino é pública e notória, oferecendo uma das melhores relação benefício-custo entre as escolas existentes na cidade. Por esse motivo e outros motivos é que este ano, a relação de candidatos por vaga no exame de admissão era de 25 para 1.

Concluíndo

Esse texto já passou dos limites. E lembrando o que o tenente coronel Renato dizia, vou ter de parar por aqui. Há um email grupal e uma homepage (http://br.groups.yahoo.com/group/ex-cmm/?yguid=206338373) com milhões de fotos onde compartilhamos idéias e ideais.

Há entre os ex-alunos algumas diferenças enormes no campo da ideologia e das preferências políticas, há quem não goste da Dilma e há alguns admiradores de Lula. Há os que reverenciam Bolsanaro e criticam outros políticos, mas há sobretudo, um grande respeito as opiniões dos outros. Ninguém esconde ou nega suas preferências, mas o confronto é evitado. Já vivemos mais da metade de nossas vidas, já aprendemos que para quase 100% de nosotros, o que tinha de acontecer de excepcional já aconteceu, com raríssimas exceções; então o negócio é tocar a vida numa boa. Eu defendo a Dilma, o Antônio Carneiro prefere o Serra ( e é fã de carterinha do Alckmin, que é da terra dele, Pindamonhangaba), escrevemos os nossos pontos de vista, e a vida continua, sobretudo a amizade. Somos ainda muitos jovens, mas já começamos a curtir nossas vidas passadas, e apreservar as boas amizades.

Vamos nos preparar para a grande festa dos 40 anos do CMM, em 7 de abril de 2012, Corrêa Dantas, vamos formar a comissão pré-paratória.

Tenham todos uma feliz e abençoada Páscoa, e quem estiver carregado de pecados, já meio torto pelo peso deles, aproveite a Semana Santa que se aproxima ( não coma carne e nem bacalhau só porque é peixe ) para pedir perdão e se arrepender das traquinagens cometidas.

Para finalizar agradeço a Deus por esses 39 anos e pelas amizades que perduram até hoje. Peço a Deus por todas aqueles que já nos deixaram como o Cézar Alex e o Yabeta. E finalmente, gostaria de lembrar alguns nomes, começando por aqueles que comigo estudaram, seguido por outros que compartilharam conosco essa experiência: Thomaz Afonso QUEIROZ Nogueira (tenente aluno em 1973), 318; Nilton BARBOSA (Barbosinha) Filho,837,(tenente-coronel aluno em 1978); Carlos Túlio dos Santos DEMASI,309; Joacir CALOBA; MOÍSES dos Santos,57; Marcos Pinto da COSTA LIMA; Alfredo Mendes JOVEM,299;Carlos Alonso Queiroz de ALENCAR,456; Daniel AMARAL,310; SANTOS, 320; Sérgio Augusto MORAES; DIÓGENES Moraes e Silva,75; DOURIVAL Pereira dos Santos,902; Aldemiro RESENDE Dantas Jr (também oficial aluno), 312;Marco Antônio AVELINO, 304;Antônio Jorge PORTELA Marques Ribeiro,306.; ROGÉRIO Meneses; EDILSON; Oswaldo TENNYSON Júnior (tenente aluno em 1973), 302; João CLEITON Fontoura Blós,646; Raimundo SENA, 314; NELSON Costa,1413; Geraldo Sales CHÃ, 308; FLORINEY Casas, 824; Augusto LOTT Colares do Amaral 9oficial da Marinha Mercante), 14; Fernando FROTA, 300; Cézar ALEX da Silveira, 49; José “Caxias” Fernandes, 204; Os militares, hoje todos coronéis do Exército: Elson RANGEL Calazans,34; Roberto ESCOTO, 1161(coronel aluno de 1978); Pedro Ihara HIROSHI, 313; Benjamin Acioli RONDON do Nascimento, 311; JURANDIR Nascimento da Silva; José Cristovão Guedes VILARIM, 33 e o coronel PM CRISTOVÃO Sampaio, 501.


Roberto CORRÊA DANTAS, 487 ANTÔNIO Freitas, 329, AGOSTINHO de Oliveira Freitas Junior,328,, padre DAMÁSIO Raimundo Santos de Medeiros,38; Sidney Barros de ALARCÃO,194; Carlos Piccinini SCHWEDER, 148; João de Amorim LITAIFF Júnior, 399; TRAJANO Amorim Litaiff,398; ANFRIMAR Nunes, 578; Sérgio JOIA de Figueiredo da Costa,398; EMMANUEL Medeiros, 130; Marco Lúcio SOUTO MAIOR; Rubens da Cunha BARBOSA LIMA,104; MANOEL RIBEIRO da Costa, 423; Helton MIRANDA, 254; Horácio Castro de RAMALHO, 53; Celso Brandão NINA; George TARSO, Cláudio BARROS Gomes, 439; Marco Antônio BARSOTTELLI Botelho,582; Eduardo BIACHI Ramalho, 54; Roberto CARRERA,157; Nizardo CHAGAS FILHO, 525; Mauro Cézar Gama PERES, 508; José Luiz de SIQUEIRA e Silva,336; Cézar TODESCHINI, 218; Rogério TODESCHINI, 655; Paulo Barbosa Ricardo da TRINDADE, 213; Roberto ABECASSIS, 210; Antônio Carlos da Fonseca VINADÉ, 778; AQUILES da Conceição Silva Dias; Paulo AROUCK; Jéferson GARCIA Guterrez,222, GÉRSON Garcia Guterrez, 223; GILTON Almeida Silva, 189; Abelardo O. GUERRA Jr, 225; Érlon Garcia GUTERREZ 486; Emerson HOFFMAN, 240; Evandro IMBIRIBA, 378; Adnar LEAL, 250; Wally Nobre MESQUITA; Altervir RESENDE, 151; RICARDO Castro de Ramalho,55; Gilberto SALUSTIANO Moraes e Silva, 74; Raimundo Afonso SEABRA da Silva, RUDIMAR Lima de Oliveira,238; Celso CAITETE; Wilson PRADO,485; ANDRÉ Luís Martins Rodrigues,43; Ricardo BARAUNA; Robeto CHAGAS NETO; Marcos Gomes LEMOS; MARCO AURÉLIO Sousa Lima; Jorge PONTES; MARCO ANTÔNIO Gonçalves,210; Carlos Frederico Affonso SAMPAIO,160; ADALBERTO Corrêa de Almeida,262; Rubens BOTELHO da Silva,666; HÉLVIO Feitosa,191; Carlos César LYRA Guerra,226; Paulo TASHIRO,156; Flávio CARNEIRO; Gilson BRUM; Roberto BUBNIAK; Marcos Antônio Costa CAVALCANTI; Adalberto COSTA E SILVA; Jorge COUTINHO; HÉLIO Barbosa,203; JOÃO ALBERTO Ferreira, 612; Luiz Carlos de Liz KOCHE,631; LÚCIO FLÁVIO Arantes Esteves,492; Roberto George Freitas de NORONHA, 219; Nilton de SOUZA E SILVA; Murilo SUANO,330; Sebastião VITALINO da Silva; WALDEMAR Lopes,473; Lauro Luiz Schubach PASTOR Almeida,182; ÁLVARO da Cunha Barbosa, 103; José Carlos BENVENUTTi,278; MARCONI Duarte da Silva, Luciano PORTO Lima,193; Walter Antônio Pereira BOEGER,617; João Osorio Muniz RETAMAL, Emilio BELAMARIK; Marcos Antônio DUARTE; Elirez Bezerra da Silva, 142; GODOY Coutinho, 117; José HASHIGUSHI de Brito; HAYDEN; HÉLCIO Augusto,469; HUMBERTO Batista Leal; MARCO ANTÔNIO de Souza Lima; Rogério MEIRELLES,214; Roberto NAIMAIER Duarte,198; Rubens PEREIRA,616; Sérgio Luis TEIXEIRA GOMES, 661; ULISSES Dias; Joaquim Pedro Naimaier DUARTE, 199; Nélson SCHWEDER JR,147; Paulo José LIMA ROCHA,215; NELSON Luiz Carneiro Correia, 196; Júlio Cesar Barreto MOREIRA, 691; Mário do Nascimento GOMES; Cassiano TAVARES; Vanderlei MARQUES; Celso MELLO JR; Julio Cesar Barreto MOREIRA,691; OLDEMAR Almeida Silva, 188; João Inácio Manato PAGANI, ROGÉRIO de Jesus,438; Ludgero SALAU; Nilton de SOUZA E SILVA; José Murilo Ferraz SUANO,330; Marcelo José Ferraz SUANO,1564.


Com a patente de 1972: Cel. Jorge TEIXEIRA de Oliveira, Major Francisco SCHIMDLIN de Castro, Sgt. Ismael KURTZ, Cap. Paulo da SILVA MAIA, Sgt. Sebastião NATALINO Vicente, Sgt. JAIR Ferreira Pedra, Sgt. Geraldo Augusto CHAPINOTTO, Sgt. Otávio ROSSETI, Sgt. Neiva, Cap. Domingos Carlos Sá NOVAES, capitão Jorge ANDRADE Filho, capitão LÁZARO Amorim Soares, Major Nunes, Cap. Francisco BARCELOS (Chicão), prof. José ROCHA (Rochinha), prof. José AMAZONAS Ramos de Lima, T.Cel. Hélio CASIMIRO, Cap. Gustavo FREGAPANI, Cap. Carlos Breno CELESTINO, T.Cel RODOLPHO Freitas Filho, prof. Enéas, Cap. Jaime CRESPO Filho, T.Cel Renato Cézar Ferreira, Cel. Leonardo JAEGER, Sub-tenente KLÉBER Silvério, Sub-tenente Viegas, Major Paulo MENDONÇA Viana, Ten. José VIDAL Bezerra, Cap. RAMIRO Mello Filho; prof. Alberto Makarem, TCel Oswaldo GISSONI, prof. Reinaldo BARBALHO, prof. Josias Figueiredo; prof. Francisco das Chagas de Albuquerque, prof. Evanir Barroso; prof. Eber Soares Leão, prof. Cleômenes do Carmo Chaves, prof. Adroaldo Rosseti,prof. Ernando Marques, prof. Ayssor Mourão, Sgt. João Dantas Cyrino, prof. Eduardo Riker, Cap. Arnaldo Natividade FLEURY Curado, Cap. Estevão Alves CORRÊA NETO, profa. Helena Soares da Cruz, Cap. Luiz Felipe FRAGOSO de Albuquerque,Sgt. Primo FANELLI.


Retirado do livro "7 de abril de 1972"