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quinta-feira, 8 de novembro de 2018

A Caminho de Jerusalém

Agora me aborreci com o Bolsonaro. Não voto mais nele. Será que ele não sabe que a parte mais sensível do corpo é o bolso? Agora ele mexeu com o meu bolso: eu ganho em reais e gasto em euros.
Ele até pode ficar brincando de ser o Trump dos Trópicos. Mas muito cuidado, porque nem tudo que o Trump pode, ele pode. Pode até ficar tuitando. Só deve estar preparado porque quem diz o que quer, ouve o que não quer. E isso já aconteceu com os dois no twitter.

Essa briga é antiga. Fique fora dela.
Isso começou somente alguns milhares de anos, como história de marido e mulher: Abraão e Sarah. E mais a escrava Hagar. Então, quem puder fique longe disso.
Onde estava o guru dele quando ele disse que vai transferir a embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém? Ele tem ideia desse vespeiro? Em briga de marido e mulher não se mete a colher. E muito menos em briga de judeus e árabes. 
Quando o vice, o guru e o filho falaram o que não deviam, ele imediatamente pediu que desconsiderassem o que eles tinham afirmado. E agora quem é que vai fazer isso por ele?
Será que ele tem idéia de quantos bilhões de dólares vamos perder com isso e, conseqüentemente, desvalorizar o real? E na sequência mexer com toda nossa economia. Quando o dólar sobe, os custos de muitos bens e serviços sobem. 
Poderia escrever muito sobre isso, mas querem dois exemplos díspares? Os leasing, em reais, dos aviões das companhias aéreas sobem, elevando o preço das passagens. E o preço do pão nosso de cada dia, também. Por termos um clima não propício a plantação de trigo, não produzimos o suficiente.
Para produzir o pãozinho francês consumido diariamente, as empresas precisam comprar o cereal no mercado internacional, cotado em dólar. Com a moeda norte-americana escalando para os R$ 4,00, a alta impacta todo mundo: da indústria à mesa do brasileiro”. Em resumo, vários produtos vão ficar mais caros, diminuindo nosso poder aquisitivo. Vai impactar nas nossas exportações também, devido ao aumento dos preços dos nossos produtos. E como ficam os empregos perdidos?
O Brasil exporta bilhões de dólares, em carne halal, para vários países árabes. Halal, o que é isso? É “o alimento permitido no Islã, de acordo com as regras de Deus escritas no Alcorão, que em árabe significa lícito, autorizado.” O gado é abatido sem sofrer. Será que isso é possível ?
Bolsonaro deve saber que no mundo inteiro, quando o presidente ou o primeiro-ministro ou o ministro da Fazenda abre a boca, a Bolsa e (ou) o dólar podem subir ou baixar.
Estou só comentando algumas possibilidades econômicas devido à promessa de mudança da embaixada. Quanto às conseqüências políticas, vamos ter de aguardá-las. OxAlá que elas não sejam significantes; ou tudo permaneça sem nenhum alteração, apenas fique no protesto. E nosso bom relacionamento com o mundo árabe permaneça inalterado; porque a comunidade árabe não gostou nenhum pouco e já protestou. Os pecuaristas que apóiam Bolsonaro também.
A Liga dos Países Árabes enviou uma nota à embaixada brasileira no Cairo, capital do Egito, condenando a decisão de Bolsonaro.
O site suíço, SwissInfo, na sua edição em árabe, publicou alguns comentários sobre a pretensa (e põe tensa nisso) decisão do Bolsonaro:
في المقابل دانت عضو اللجنة التنفيذية لمنظمة التحرير الفلسطينية حنان عشراوي قرار الرئيس البرازيلي معتبرة أنه "خطوة استفزازية وغير قانونية"، بينما أكدت حركة حماس التي تسيطر على قطاع غزة أنها "ترفضالقرار وتعتبره "خطوة معادية للشعب الفلسطيني والامة العربية والاسلاميه".
“Por outro lado, um membro do Comitê Executivo da Organização de Libertação da Palestina, Hanan Ashrawi condenou a decisão do presidente brasileiro de "passo provocativo e ilegal"; e quanto ao Hamas, que controla a Faixa de Gaza, disse que "rejeita" a decisão e a considera "um passo hostil ao povo palestino e à nação árabe".
Uma comitiva do governo egípcio deveria ter chegado, em Brasília, dia 6 de novembro, mas cancelou a visita, em protesto. Mas a Austrália, concorrente no fornecimento de carne, adorou. Dizem que o primeiro-ministro australiano vem para a posse do Bolsonaro para agradecer pessoalmente.
Seja como for, como disse FHC, num encontro recente, em Lisboa, espera-se que ele-não imite o Trump com relação às atitudes comerciais em relação à China: “A China é nosso maior parceiro comercial e, se o Brasil tomar certas medidas, eles vão reagir”.
Meu prezado Bolsonaro, logo no início...no meio e no fim, o governo vai ter problemas demais para resolver: o déficit da Previdência, a insegurança pública,etc. Não procure sarna para se coçar, porque problemas é que não faltarão.
E como perguntar não ofende: Quanto vai sair para o contribuinte a transferência da embaixada de Tel Aviv para Jerusalém ?



Cláudio Nogueira