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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Saindo do Caritó

Há 14 anos, neste dia,  eu me casava pela segunda vez; com pouco mais de vinte dias de diferença entre o primeiro e o segundo casamento. Casei pela primeira vez na presença do juiz em 2 de junho de 1999, em Manaus; gostei da experiência, casei  novamente no dia 26 de junho de 1999, na igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, em Porto Alegre.
Eu casei duas vezes, mas graças a Deus, eu só tenho uma sogra, que tem o coração de duas. Casei duas vezes com a mesma pessoa, não podia correr o risco de ficar no caritó.
Caritó, quem se lembra dessa palavra ? É muito velha.
No casamento de Daniel Nakamura Bessa Freire, James Fish, amigo dos pais do noivo e amigo nosso, se dirigindo a sua esposa, e se referindo a mim disse: "Esse aí tá no caritó." James Fish é ex-padre, estudou muito latim e grego, com ele aprendi que caritó é uma palavra grega que significa encalhado, solteirão, ninguém quis, e por aí vai. Foi por isso que casei duas vezes. Mas com essa mulher maravilhosa, Fabiana, eu casaria mil vezes. Isso é uma benção de Deus na minha vida. Me deu quatro filhos: Maria Fernanda, 12 anos; João Paulo, 11 anos;  Pedro Henrique, 9 anos e a Maria Rafaela, 7. Isso mesmo sou um sujeito bem produtivo, digo, reprodutivo. Quando se está no caritó se tem pressa.
Os Cupidos
Os culpados, digo, cupidos foram a Aparecida e Glorinha inicialmente, e depois o Hilário, todos irmãos meus. Em 1994 me disseram que tinha uma loirinha linda em Porto Alegre que eu deveria conhecer, e que se parecia com a Patrícia Pilar. Disseram isso por três motivos: Porque gostavam de mim, porque sabiam que eu babava quando via a Patrícia Pilar e porque, não sendo escocês, usando saia, eu corria atrás.
Passaram 4 anos dizendo isso, e eu, pasmem (não estava me reconhecendo), respondia: Com tanta caboquinha dando sopa aqui, eu vou me mandar lá para Porto Alegre ? Foram 4 anos nessa conversa.
A Fabiana é assistente social, a Aparecida também. Se conheceram em um encontro delas em 1994, em Vitória. A Cida depois de um certo convívio, profetizou: "Tu vais casar com o meu irmão." E fez um relato completo sobre o gostosão aqui. Só qualidades. A candidata à esposa ao ouvir o relato perguntou:
- Quantos anos ele tem ?
- É um ano mais novo que eu, tem 35.
- Com tantas qualidades e ainda é solteiro, deve ser gay. Sentenciou Fabiana.
Passaram-se quatro anos. Nesse meio tempo, sem eu ter conhecimento, o Hilário, que mora no Paraná, a Glorinha e sua filha  Anne visitaram Porto Alegre e se hospedaram na casa da Fabiana.
O Milagre
Em outubro de 1998 fui com um grupo de oito pessoas a Medjugorje, na Bósnia Herzegovina, cidade onde acredita-se (acredito) que Nossa Senhora aparece diariamente desde 24 de junho de 1981 (veja o post : Trinta anos de Medjugorje -   http://nogueiraclaudio.blogspot.com/2011/06/trinta-anos-de-medjugorje.html ). No grupo tinha uma amiga, Lúcia, a beata. E quando estávamos subindo a montanha das peregrinações, o Podbrdo, morro alto,com um caminho cheio de pedras, eu disse: Lúcia, se tu subires descalça esse morro eu desencalho. É claro, que disse isso porque jamais pensei que ela fosse capaz de subir descalça, doí muito, e falei no tom de brincadeira. Ela me disse: "Agora mesmo"; e subiu.
Seja como for, voltei para Manaus dia 20; dia 24, sábado, o Hilário do outro lado da linha me disse:
 - Fala aqui com a tua noiva ?
- Com quem ?
- Com a tua noiva, Fabiana. E aí passou o telefone para ela.
Hilário e Glorinha estavam em Porto Alegre hospedados na casa da Fabiana.
É claro que conversamos alguma coisa meio sem graça.
No dia seguinte fui a missa e lá encontrei a Glorinha.
- Que palhaçada é essa de minha noiva ?
- Há quatro anos estamos tentando colocar vocês para conversar mais tu não se interessa, eu e o Hilário decidimos colocar vocês dois em contato.
- Me dá o telefone dela. Era domingo.
No sábado seguinte eu liguei.
- Oi tudo bem, disse.
- Tudo bem.
- Os meus irmãos ficam dizendo as minhas qualidades, mas eles disseram os meus defeitos ?
- Nós podemos ser amigos, eu não estou atrás de namorado. Eles falam bem de ti.
- Tu sabes que eu sou careca ?
- Sim.
- Tu sabes quando anos eu tenho ? 39 anos. Qual a é a tua idade ?
- 24 anos.
- São 15 anos de diferença.
- A mesma diferença entre os meus pais.
- E eu me pareço com o Hilário. Essa informação teve o efeito contrário do esperado. Disse isso  por julgá-lo feio. Muito depois fiquei sabendo que ela ficou contente com essa informação, porque tinha uma guria que trabalhava na loja da mãe dela que achava que o Hilário "era um gatinho".
- Eu já disse que podemos ser amigos.
Continuamos conversando. Passei a telefoná-la todos os sábados. Dia 18 de dezembro ela concluiu a pós-graduação em Administração Hospitalar, dei um jeito dela receber, pouco antes da colação, um telegrama e um buquê de flores.
O alcoviteiro do Hilário me disse:"Ela gosta de música italiana." Num dos telefonemas cantei em italiano para ela."Cláudio ela adorou." Me disse ao telefone o cupido.
Ela me mandou uma foto. E  eu mandei, obviamente, uma foto escolhida a dedo para impressioná-la. Ela não teve o mesmo cuidado. Mandou uma foto que não agradou muito. Mostrei-a para a mamãe, que ao ver a foto comentou: "Eh, eh... não é tão assim como a Glorinha falou, mas o importante é que ela é uma boa moça." Depois comentando pessoalmente que a foto enviada por ela não fazia jus com a realidade ela me disse: "Foi idéia da minha mãe, ela disse que se tu fosses gostar seria pela pessoa e não pela beleza." Sogra é sogra, ela não sabe o risco que a Fabiana correu. Ou será que fui eu ?
O Hilário informou novamente: "Não vai dizer que eu te disse, mas ela me disse que tu vais ter de raspar o bigode."
"Em dezembro, eu vou para o casamento da Piedade, vou chegar dia de Natal." Ela me informou em uma ligação.
A Piedade, minha irmã, se casou dia 26 de dezembro de 1998. Jefferson, o noivo, tinha vindo de Curitiba para o casamento da Hilário, há três anos,quando eles se conheceram. A Fabiana veio para o casamento da Piedade, e nos conhecemos. O Hilário casou com a Cláudia, uma curitibana. Era o sul salvando o norte.
Finalmente chegou o grande dia, 25 de dezembro de 1998, fui ao aeroporto buscar a Fabiana. Ela havia me dito: "Se gostar do que vi, eu vou dar um abraço apertado." Chegou, magra, alta, linda, cabelo loiro escuro e cacheado. Gostei do que vi. Ela me deu abraço, que quase quebrou as minhas costelas (ela não gosta quando digo isso). Fomos para o encontro da família, 100 pessoas, que estavam reunidas fazendo o amigo oculto do Natal. A noite fomos todos a missa, e depois para a sorveteria, sem saber que moraríamos há duas quadras dali.
No dia seguinte, dia do casamento da Piedade, encontrei a Fabiana e a Glorinha no Amazonas Shopping. Cheguei perto como um lobo perto da Chapeuzinho Vermelho, sussurrei no pescoço: Oi loirinha ! Ela congelou, petrificou e emudeceu, mas conseguiu responder oi.
Cheguei em casa, encontrei o Hilário e disse:
- Não vai dar, não vai rolar. Fui falar com ela, ela mal respondeu.
- Tu tás pensando que ela é uma dessas tuas que tu pintas e bordas de saída, a moça é de família. Disse o cupido.
A noite na recepção do casamento, no Dulcila's do Aleixo, apresentei para toda a família como minha noiva, sem que o primeiro beijo já tivesse acontecido. A cara de reação de muitos era visível. Estás noivo ?
Para efeito de registro, começamos a namorar dia 27 de dezembro de 1998, na Vivenda Verde, passando o dia na casa do saudoso José Alberto Barbosa, que gentilmente foi o motorista da noiva no dia anterior.
Dia 2 de janeiro de 1999, dia do casamento de outro Daniel, Fábio Jacob Nogueira, ela voltou para Porto Alegre após a festa. Dia 15 de fevereiro estava eu em Porto Alegre comemorando os meus 40 anos. Estava prestes a sair do caritó.
Entre idas e vindas de Manaus para Porto Alegre, e de Porto Alegre para Manaus, passaram-se exatos seis meses e 66 dias de encontros pessoais, em uma ou outra cidade. Se a Maria Fernanda fizer isso, eu tiro ela do meu testamento.
Dia 4 de abril de 1999, no almoço de Páscoa na casa da Glorinha ficamos noivos. Convidei o padre Carlos Stainer para benzer as alianças. Foi tudo surpresa. Dei para ela um ovo de Páscoa, e quando abriu encontrou as alianças.
Depois do casamento civil, no dia 2 de junho, na casa da minha irmã Ana, ela voltou para Porto Alegre e eu fiquei em Manaus. Dia 22 de junho, quatro dias antes do casamento comprei a nossa casa.
- Fabiana, tenho uma coisa para te dizer. Disse-lhe ao telefone.
- Diga.
- Não vai ter lua de mel por que estou liso, comprei uma casa.
- Não vai ter viagem, mas lua de mel tem de ter.
Dia 24 de junho cheguei em Porto Alegre. Andando pelo Shopping Praias de Belas, em um quiosque de uma agência de viagem encontrei uma galinha morta: um pacote com tudo incluso com 4 dias em Buenos Aires e 4 dias em Bariloche. Teve lua de mel.
Mas quase não tinha casamento. Na manhã do 26 de junho acordei ruim do estômago e uma ligeira dor de cabeça. Pela manhã fui comprar um sapato, no dia anterior tinha comprado um no shopping e deixado lá mesmo. Dei uma passada pela loja da D.Selma, que é apenas cinco anos menos jovem do que eu, e perguntei se havia terremoto por lá, porque o chão estava tremendo. O que na realidade estava balançando era a minha cabeça. Ao chegar na casa da Fabiana, encontrei o meu sogro, "seo" Pedro, o Thomaz, meu irmão e um tio da Fabiana tomando vinho. Eu pensei, preciso dormir para sair bem nas fotos, vou tomar uns bons copos de vinho para amolecer a carne e dormir. Dormi, mas antes disso fiquei bêbado. O que deixou a mamãe e o Thomaz numa situação difícil, explicando para os pais da noiva que eu não bebo. Eu só bebo quando caso. Dormi e acordei com uma dor de cabeça infernal, colocando tudo que tinha dentro para fora. Fiz isso no banho e a caminho da igreja também. A minha sogra, parou o carro, foi numa farmácia e comprou um remédio. Sóbrio, mas de ressaca, eu casei. Na recepção os convidados, os parentes velhos e novos, e a noiva curtindo a festa e eu morrendo de dor de cabeça. Quero casar de novo. Tenho que fazer uma festa que eu me lembre.
Uma prima, Sérgia e um primo de Manaus, estavam de férias no Rio de Janeiro; foram lá  para o casamento. Afonso de Ligori, irmão da Sérgia disse para ela: "Eu só acredito que o Cláudio Lúcio (nome escolhido pelo pai dele) casou, se alguém ver. Vai lá e após o casamento me liga confirmando." Pedido e feito. A Sérgia ligou após a cerimônia: "Casou. Ele casou !"
No dia seguinte, com uma vaquinha feita pelos parentes e os meus queridos amigos e padrinhos, Antônio e Luzia Sena Barros de Carvalho, alugamos um ônibus e fomos todos para Gramado. No café colonial quem se enganou com o vinho foi a Sérgia.
Assim conheci o amor da minha vida, Fabiana Farias da Fontoura, há quartoze anos Fabiana Fontoura Nogueira.
... Mas nenhuma me fez tão feliz como você me faz. Você não é mentira, você é verdade. É tudo que um dia eu sonhei pra mim...

Fabiana eu e os nossos filhos te amamos muito.

Cláudio 

sábado, 8 de junho de 2013

Formatura em Harvard II


"Mais vale procurar refúgio no Senhor do que  confiar no homem. Mais vale procurar refúgio no Senhor do que confiar nos grandes da terra." (salmo 117).

"Feliz o homem que pôs sua esperança no Senhor." (salmo 39)


O texto de hoje pode parecer um pouco esnobe, mas essa não é a minha intenção. Ele tem um único objetivo : louvar a Deus por sua infinita bondade para conosco. Somente Deus poderia prever que uma pessoa tão simples, com o dinheiro contadíssimo, mas com muita fé Nele, e no poder intercessor de Nossa Senhora Aparecida, estaria um dia na Universidade de Harvard assistindo a formatura de uma neta. Escrevo mais para testemunhar a bondade de Deus, para homenagear os meus pais, a minha afilhada Helô e a meu irmão Geraldo, pessoas que amo muito.


A Viagem

Peguei as crianças na escola às 15:40. Entraram no carro e nos dirigimos para Boston. A partir de Ottawa a viagem deveria durar sete horas, por isso não poderíamos ir direto; fiz uma parada para dormirmos em White River Juction, em Vermont, depois de dirigir cinco horas. Fomos via Montreal, trajeto mais longo e mais rápido, segundo o GPS e o Google Maps. Nada disso. Porque atravessamos Montreal na hora do rush, e pegamos uma tranqueira (gaúchês da Fabiana) danada. 

A outra opção seria trinta quilômetros a menos, mas levaria mais tempo, pois passaríamos por estradas vicinais, com a velocidade menor. Mas o engafarramento em Montreal off set a vantagem deste caminho por ser estrada de alta velocidade. 

Fazendo a viagem de volta, saímos do hotel às 11 da manhã de segunda-feira, 3 de junho. Optei por ir pela zona rural de Vermont, depois de ter atravessado New Hampshire. Via Montreal passaríamos novamente na cidade no mesmo horário praticamente. Paramos três vezes, e fizemos a viagem em nove horas. Que paisagem linda. Vermont, descoberto primeiro por franceses, é a junção de duas palavras verts monts , montanhas verdes. Assim as placas pelas estradas anunciam: Green Mountains State, Estado das Montanhas Verdes. 

E como um assunto puxa outro, dirigindo e conversando; conversando e dirigindo com a minha senhôra, voltamos a assunto recorrente, lugar comum: Ottawa tem árvores em todas ruas, muitas árvores, milhares de árvores; Boston tem muitas árvores, só onde não tem árvores é Manaus. O turista vai chegar na Arena da Amazônia, e vai pensar aqui não tem árvores. Lá e em lugar nenhum da cidade. A av. Djalma Batista tem aquelas palmeiras ridículas que não servem para nada. Vão ter mesma impressão que teve a Fabiana quando chegou em Manaus: É uma cidade sem árvores.


A Formanda

O motivo da viagem era assistir a formatura da Heloísa de Lima Nogueira - ou simplesmente Helô, minha querida sobrinha, muita amada, uma das minhas paixões, minha afilhada - na Harvard University. Que ocorreria dia 30 de maio de 2013. Seria o 362o Harvard Commencement (formatura de número 362). Esse evento deveria ter ocorrido há exatos cinco anos. 

A irmã mais nova da Helô, Daniela, graduou-se por Harvard em maio de 2011 (Formatura em Harvard - http://nogueiraclaudio.blogspot.ca/2011/05/formatura-em-harvard.html). Portanto, a graduação da Helô deveria ter ocorrido antes.

A Helô iniciou Harvard e depois parou, resolveu trabalhar. A família ficou pensando na possibilidade de ela não mais voltar aos bancos escolares para concluir os estudos. Afinal, Bill Gates, fundador da Microsoft, e Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, também estudaram em Harvard, mas não concluíram. Steve Jobs começou um curso superior, mas nunca terminou. Mas a Helô, por vontade própria, ouvindo a opinião de seus pais, e de seu ex-classmate, hoje seu lifemate, Daniel Rubin-Willis, o cara, decidiu voltar. Helô trabalhou numa editora, revisava livros, lia tudo. Isso não era trabalho para ela, era prazer.

Helô é uma benção de Deus, com certeza. Ninguém é bonito ou inteligente por esforço próprio. São dons gratuitos de Deus.  Mas ela tem outros dons, como uma personalidade encantadora. Uma das melhores que conheço. Ser padrinho de batismo dela foi um dos maiores presentes que recebi na vida. Sou apaixonado por ela. Raramente nos tratamos pelos nossos nomes. Geralmente eu a chamo de padrinho e ela me chama de padrinho. Por isso quando lhe envio um email, a receptora é padrinho e o remetente também.

Heloisa é filha do meu brother Geraldo Nogueira, que trabalhou vinte e tantos anos na Philips. Inicialmente trabalhou na Philips da Amazônia S.A., depois foi enviado para Piracicaba, onde ela e o seu irmão gêmeo nasceram; posteriormente foram morar em São Paulo, e depois voltaram para Manaus. Helô, Marcus e Daniela  foram alfabetizados em Frankfurt, Alemanha; para onde Geraldo foi transferido para trabalhar; lá e na Hungria. Ia e voltava de um país ao outro.

Depois de morarem dois anos na Alemanha foi transferido para trabalhar na Ciudad Juarez, México, e morar em El Paso, Texas. As duas cidades são separadas pelo rio (nem tão) Grande. A cidade mexicana hoje chega aos noticiários como uma das mais violentas do México, devido a briga de traficantes de drogas.   
Antes de saírem da Alemanha sua professora entregou uma carta aos seus pais dizendo que em vinte e tantos anos de magistério nunca havia tido uma aluna igual. Seus pais orgulhosos nos mostraram a carta, mas até a presente data não sei se ela teve conhecimento disso. Sempre a preservaram de qualquer vaidade adquirida. 
Em El Paso, Geraldo atravessava a fronteira e a ponte de tráfego intenso e lento todos os dias. Era o plant manager da fábrica da Philips localizada na cidade mexicana. Em El Paso moraram por dez anos, até o Geraldo sair da Philips, e se mudarem para Raleigh, capital da Carolina do Norte.
Daniela, sua irmã, desde pequena dizia que iria estudar em Harvard. Helô não. Não demonstrava esse sonho. O seu sonho era a Columbia University. Mas não sei se uma visita que fizemos a universidade em julho de 1998, quando o Geraldo trabalhava temporariamente em Nova York, a fez mudar de idéia. A região em que a universidade está localizada é um pouco desestimulante.
Em agosto Heloísa e Daniel mudam-se para Chicago, onde ele vai cursar MBA. Estamos muito orgulhosos disso. Helô chegou lá porque se esforçou muito, ralou muito. Ninguém entra ou conclui um curso desses sem muito esforço pessoal. 
Um grande beijo para o padrinho. Que Deus lhe abençoe, e que sejas muito grata a Ele.
Não obstante o esforço da Heloísa (somente ela, e ninguém mais poderia fazer isso por si mesma), não posso deixar de registrar e de lembrar os esforços dos seus pais para que esse dia acontecesse. 

Homenagem aos pais

Geraldo, que nasceu sem berço, foi ajudante de pedreiro. Tio Pedro Nogueira era o pedreiro, ele era o ajudante. Depois de certo treinamento ele mesmo levantava paredes. A nossa casa foi construída assim. Geraldo, que vendeu  cocos na terça-feira-ambulante de Aparecida, é Master of Science in Management (MScM), engenheiro eletrônico formado pela UTAM (primeira turma), com cursos de pequena duração no MIT; os quais ajudou a deslanchar sua carreira. É também um ex-aluno de Harvard, onde estudou num programa onde somente são admitidos presidentes ou vices-presidentes de companhias: o Advanced Business Management Program. Um curso de 12 meses com carga de 14 horas por dia. Morava na universidade. Na época ele era o vice-presidente da Global Supply Chain (Cadeia Mundial de Suprimentos), da multinacional inglêsa Invensys. Em 2010 voltou para o Brasil (SP), hoje é diretor executivo da IGB Eletrônica S.A, nova denominação da Gradiente Eletrônica S.A. 
A mãe de Heloísa, Mônica de Lima  é Ph.D em engenharia de computadores, formada em engenharia elétrica pela UFAM.Quando professora ajudou o curso de Computação a se tornar um dois mais qualificados da instituição, motivando os alunos a fazerem mestrado e doutorado.

A Formatura

Assistir uma formatura em Harvard exige muito preparo físico. Só entra quem tem convite, mas não garante um lugar sentado, o que pode ser coisa muito estressante, considerando que passavam de 30 mil o número de convidados, espalhados em duas grandes áreas. Em uma é possível se ver os oradores; na outra, ao lado, somente através de telões, ou em tempo real pela internet.
Oprah Winfrey - paranifa da turma
O convite avisava que os portões seriam abertos às 6:30. A Velhinha acordou antes das 5:00. Tinha de se aprontar, cuidar do cabelo e se deslocar. Só saiu de lá após às 17 horas. Fazia um dia lindo, um sol escaldante e calor infernal. A mamãe saiu alquebrada, bronzeada e feliz. 
A procissão de todos os formandos (a universidade inteira) começa às 8:30. A colação começa às 9:30. É séria e descontraída ao mesmo tempo, com muito humor feito pelos diretores de faculdades, ao apresentarem ao presidente da Universidade "os candidatos" e pedir que lhes conceda o grau respectivo. Colação com direto a se ouvir a oradora do curso de letras fazer seu discurso em latim. Às 11:45 termina a colação; alunos e convidados dirigem-se aos dormitórios ou as respectivas escolas para receber o diploma, e para um coquetel. Depois, às 1:30, tem início a procissão de ex-alunos, divididos por anos.  Em geral os ex-alunos têm comemoração especial por anos de formados, com especial destaque, com direito de ficar no palco, a turma  que estava fazendo bodas de prata. Mas haviam turmas com ex-alunos desde 1937. Foram homenageados um ex-aluno com 104 e uma ex-aluna com 97 anos.
Após o "desfile" tem início a reunião anual da associação de ex-alunos. Os portões são liberados. Cada um, formandos e convidados sentam-se onde for possível. Os dois gramados e as escadarias da biblioteca principal estão lotados, mais de 30 mil pessoas assistem a reunião e o falatórios da assembléia anual de ex-alunos. Mas todos esperam a convidada do dia: Oprah Winfrey. Foi o clímax da graduação; meus filhos e mais de 30 mil pessoas adoraram. O discurso completo pode ser assistido em http://www.youtube.com/watch?v=GMWFieBGR7c.

É um grande momento para agradecermos a Deus por tantas graças recebidas.
Muito obrigado Deus todo poderoso por esse dia. Deus de Isaac, Abraão e Jacob. Essas, com certeza, seriam as palavras de seu avô paterno, Brígido Torres Nogueira, se vivo estivesse.

Moral da história: "Feliz o homem [a mulher, a família] que pôs sua esperança no Senhor." (Salmo 39)

Parabéns Helô, parabéns Geraldo.


Cláudio Nogueira