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sábado, 5 de novembro de 2022

Bolsonarista, Bolsominion e Gado Quem Eram ?

Para os meus queridos netos que ainda não nasceram.

Bolsonarista.

Bolsonarista era todo eleitor de Jair Bolsonaro. Não importava o que o presidente fizesse ou dissesse, contava com o seu apoio. Mas não era completamente cego. Ainda lhe restava um pouco de dignidade. Renegaria e sentiria muita vergonha de qualquer parente: pai, irmão, cunhado, filho,  etc. que agisse como Bolsonaro agia. Mas ainda assim votou nele.

Posso afirmar isso sem medo de errar sobre os (ex) bolsonaristas que conheci. Por esse motivo, foi nesse grupo que Bolsonaro perdeu mais votos. Conhecia no mínimo umas cinquenta pessoas que no último ano antes da eleição de 2022 não postaram, nas redes sociais, mais nada a favor de Bolsonaro; muito pelo contrário, passaram a curtir postagens que criticavam o então presidente. Em geral não eram antidemocráticos. Eram de direita, mas não fascistas. Embora tristes, aceitaram o resultado da eleição.



Bolsominion.

Dentro desse grupo estava o povo conhecido nas redes sociais como gado. Não decidia para que lado ir. Ia para onde eram tangido. Ele estava subdividido em dois grupos: gado raivoso ou bolsominion raiz-fascista e gado sem-cérebro, que foi emprenhado pelo ouvido.

O Bolsominion raiz-fascista ou gado raivoso seguia ao “discípulo do cramulhão” sem discutir ou contestar. Eram a imagem e semelhança do seu “mito”. Tudo que ele gostava, eles gostavam; tudo que ele acreditava, eles acreditavam. Todas as canalhices que dizia ou fazia eram aplaudidas. Odiavam a todos que não pensavam igual a eles. Quando ouviam a palavra “direitos humanos ou democracia” passavam mal.

Ganharam a eleição presidencial de 2018 de forma democrática (com ajuda de muitas fakenews e uma facada duvidosa), mas odiavam, mas odiavam muito a democracia. Sonhavam todos os dias com a volta da ditadura militar - trabalharam muito, junto Bolsonaro, para que isso acontecesse -  e com o fechamento do Supremo Tribunal Federal. Gostariam de ver mortos todos os políticos opositores e bater em quem pensava diferente. Estavam presentes em todas as manifestações individuais ou coletivas que houve violências. Não admitiam contestação de forma alguma. Eram incapazes de formular um argumento contrário. Os cérebros deles não possuíam esta habilidade intelectual. A contestação era sempre com ataques verbais ou com violência corporal. Sofriam muito porque as cabeças pensantes do Brasil ou no ambiente acadêmico eram majoritariamente de esquerda. Por isso Bolsonaro tentou acabar com as universidades públicas federais brasileiras. Odiavam Paulo Freire, cujos ensinamentos são estudados nas melhores universidade do mundo (pesquise no Google: Paulo Freire e Harvard ou Paulo Freire e Oxford) e seguiam Olavo de Carvalho, o desbocado e desequilibrado guru deles.

Já existiam no meio do povo. Mas apenas uma centena se expunha; eram pessoas, na sua maioria, desprezadas pela sociedade. Hoje são milhões. Com a chegada ao poder dos filhos do Capeta, no Brasil e nos Estados Unidos, eles se sentiram empoderados. Saíram dos armários. Se sentiram à vontade e felizes porque viram que existiam milhões de cretinos, canalhas e fascistas iguais a eles.

O que faziam ou diziam as escondidas, passaram a assumirem publicamente. Eram elitistas, mesmo que fossem pobres; odiavam a tudo e a todos que não fossem assemelhados. E pasmem! Tudo isso em nome de Deus. Acreditavam que suas ideias fascistas e antidemocráticas eram abençoadas por Deus. Tudo sobre a desculpa de que lutavam contra o comunismo. Cujo risco de implantação, se Lula ganhasse (argumento usado, sabiamente, por bolsominions mais espertos, para arregimentar seguidores no gado-sem-cérebro emprenhado pelo ouvido), só eles viam; como desculpa de seus atos que eram verdadeira negação do amor de Deus, como uma benção de Deus.

Como muito bem disse o teólogo Leonardo Boff, quando ouvirem: “Deus, Pátria e Família. Corram que é senha do Diabo.”

Dez em cada dez atos de violência relacionada com a política, desde que o Bolsonaro se tornou presidente, o protagonista era um bolsominion. Um deles matou um lulista na comemoração de seu aniversário, outro matou uma jovem ao vê-la comemorar a vitória de Lula. O ódio, a truculência, a agressão física ou verbal era o único meio que eles conheciam.

Gado-sem-cérebro

Conheço muitos. Tenho amigos e parentes nesse grupo. Repetem tudo que lhe dizem. Passavam adiante o que ouviam sem contestar: “Lula vai implantar o comunismo. Lula vai fechar as igrejas.”

O PT esteve 13 anos no poder; desse total, Lula foi presidente por 8 anos e não implantou o comunismo, iria implantá-lo em 2023? O que ele fez, nos dois mandatos anteriores, foi tornar o Brasil a sexta maior economia produtora de bens e serviços do mundo e tirar 30 milhões de pessoas da  miséria.

Uma pessoa dessa só podia ser sem cérebro mesmo. Muitas das que eu conheci tinha formação superior. Ele/ela realmente acreditava que sem a ajuda das Forças Armadas era possível mudar-se radicalmente o nosso sistema econômico e social ?  Essas cabeças ocas (refiro-me aos letrados) não sabiam o que é comunismo ? O Lula iria estatizar todos nossos meios de produção ? O Estado iria ser dono de tudo ?

Esse gado-sem-cérebro não era tão bobo assim (totó em Portugal). Sua cabeça era uma caixa de ressonância do mau-caratismo dos bolsominions. Mau-caratismo, semear o ódio e espalha mentiras eram as principais características de um bolsominion.

Havia uma parte do gado católico que eu conhecia, incluído pessoas públicas, amigos, inimigos e parentes, que iam a missa todos os dias, mas defendiam a ditadura; odiavam imigrantes, negros, pobres, etc. defendiam que “todas as pessoas de bem”, isto é, eles, andassem armados; agrediam padres e bispos que discordassem deles e os chamavam de comunistas. O Papa foi chamado de comunista quando convocou o Sínodo sobre a Amazônia e nas vésperas da eleição de 2022. Isso por católicos encegueirados pelo filho do Belzebu, que sonhava com uma guerra civil. Acreditavam que Bolsonaro veio para salvar as famílias, a moral e os bons costumes. Ele gostava tanto da família que já está na terceira. Entrar na casa de uma menina de 14 anos porque "pintou um clima" não tinha problema nenhum.

Eram negacionistas e atacavam a vacina contra o Covid-19. Deviam acreditar que a pandemia acabou porque o vírus cometeu suicídio. Adoravam divulgar fakenews por mais absurdas e canalhas que elas fossem. Uma católica conhecida minha espalhou que quem votasse no Lula iria ser excomungado. A cretinice, somado ao desespero, fez uma pessoa espalhar uma coisa dessas.

Em 2018, quando Fernando Haddad perdeu a eleição para Bolsonaro, o parabenizou e desejou-lhe sucesso. Não houve nenhum protesto ou contestação por parte dos “comunistas”.

Meus queridos netos, quando um amigo de vocês um dia lhe perguntar se o seu avô era bolsominion ou comunista, mandem perguntar diretamente a mim. Mas se eu não estiver mais aqui, respondam assim: Ele era comunista, graças a Deus.

Eu e a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil); que nunca antes havia pedido votos para ninguém, apenas dava orientações gerais. Na eleição de 2022, devido a gravidade da situação, o risco que estava correndo nossa democracia e o perigo que passavam os valores cristãos, posicionou-se e pediu votos para Lula.

Na carta ao povo brasileiro a CNBB escreveu: “ O segundo turno das eleições presidenciais de 2022 nos coloca diante de um dramático desafio. Devemos escolher, de maneira consciente e serena, pois não cabe neutralidade quando se trata de decidir sobre dois projetos de Brasil, um democrático e outro autoritário.”

“Enquanto dizia ´Deus acima de tudo, o presidente ofendia as mulheres, debochava de pessoas que morriam asfixiadas, além de não demonstrar compaixão alguma com as quase 700 mil vidas perdidas para a covid-19 e com os 33 milhões de pessoas famintas em seu país.”

“ Não se trata de uma disputa religiosa [como Bolsonaro fez de tudo para convencer  e o gado acompanhou], nem de mera opção partidária e, tampouco, de escolher o candidato perfeito, mas de uma decisão sobre o futuro de nosso país, da democracia e do povo.”

Espero que  nunca mais apareceram trumps e bolsonaros, e que não se use nunca mais o nome de Deus em vão para defender a morte, o ódio e  mau-caratismo.