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terça-feira, 30 de outubro de 2018

Breve Comentário sobre a Eleição de 2018

O  resultado da eleição de 2018 ainda fornecerá muito material para estudos sociológicos, econômicos, filosóficos, antropológicos e, sobretudo psicológicos. Enquanto isso não acontece, eu vou fazendo uma pequena parte do que me cabe neste latifúndio.
Começando pelo Amazonas, Amazonino Mendes perdeu para um novato, Wilson Lima. Na realidade, não tenho a menor idéia quem seja. Perguntei e me disseram que tinha um programa na TV. Como não assisto TV aberta, não sei de quem se trata. O Amazonas não ficou indiferente a onda de mudança. A senadora Vanessa Graziotin também perdeu o emprego. Por quê? “É comunista; apoiava a Dilma e é apoiada pelo PT.” Será que foi isso mesmo? Se for, contraditoriamente, o candidato a deputado federal mais votado foi o deputado estadual pelo PT, José Ricardo Wendling, que há dois anos havia concorrido a prefeito de Manaus e havia sido o candidato mais votado na capital, em plena movimentação do impeachment da Dilma. O eleitor foi coerente: desempregou alguns deputados inoperantes e em seus lugares colocou outros. José Ricardo, político atuante e honesto, foi um deles. Por algumas vez dispensou os “penduricalhos”, muito comum hoje em dia, recebida por muita “gente de bem” na política e em outras esferas do serviço público.
No resto do Brasil, a polarização foi escancarada, e quem ficou no meio se deu mal. O Brasil antes das eleições ficou dividido entre coxinhas e mortadelas. Mas quando chegaram as eleições a divisão ficou entre pró-PT e pró-Bolsonaro. E que foi que aconteceu com o PSDB, MDB e a Marina?
Sobre o PSDB, o senador Tasso Jereissati já fez a mea culpa. Fizeram campanha contra o resultado da eleição de 2014, desde o dia que saiu o resultado. E apoiaram o Temer, o presidente mais odiado de todos os tempos, e se deram muito mal. No meio dessa confusão, Temer conseguiu ser uma unanimidade: à esquerda o odiava porque traiu a Dilma. E a direita o odiava por ter sido vice da Dilma. Além do que ele também tem os seus deméritos pessoais neste quesito. Então, o apoio a Temer e o fato dele ser do MDB causou o desastre eleitoral dos dois partidos. Juntos os dois perderam 38 parlamentares. O PSDB chegou a ter, nas eleições de 2010, oito governadores. Em 2014 foram reduzidos a seis; e agora serão apenas três. No Senado, a redução foi de 11 para 8 senadores.
Foi vergonhosa a votação de Geraldo Alckmin para a presidência da República, este ano. E o partido está envolvido em um imbróglio brado. Alckmin, o criador, após o seu desastre, acusou a criatura, João Dória, de tê-lo traído. Este, com a vitória em SP, tornou-se a estrela mais brilhante do partido. Até aí tudo bem. O problema é ele se jogou incondicionalmente aos pés de Bolsonaro, e disse (se não disse pensou): “Faremos tudo que o sr. mestre mandar.” E agora FHC, Alckmin, Serra, Jereissati, Aécio e Arthur Neto? Vocês vão embarcar nessa? Vão fazer parte da base aliada do Bolsonaro? Possivelmente, ou Dória sai do PSDB ou PSDB sai do Dória. O Arthur Neto já disse que está pensando em desembarcar.
Como o MDB a situação não é diferente. Temer, Romero Jucá e Padilha estarão desempregados em breve. Espero que continuem vivendo e comendo à custa do Estado, fazendo companhia a outro membro da quadrilha, Geddel Viera. Fazem parte do grupo dos que “ninguém os ama, ninguém os quer”. Nem coxinhas, nem mortadelas.
Eunicio Oliveira, do MDB, presidente do Senado, perdeu por 12 mil votos; num total de mais de 6,3 milhões de votos. No seu Ceará, Cid Gomes, do PDT e apoiado pelo PT, teve mais votos do que Eunício Oliveira e o outro candidato juntos. Ele ficou meio que em cima do muro, foi punido por ser emedebista. Renan Calheiros, que se posicionou contra Temer e seus seguidores, e flertou com o PT, foi o grande vencedor; não só se reelegeu, como reelegeu o filho no primeiro turno, como governador de Alagoas. Deve estar rindo do povo investigado pela Operação Greenfield, também conhecida como “Quadrilhão do MDB.”
O MDB teve a sua bancada no Senado reduzida de 19 para 12 senadores.
O Partido Social Liberal, PSL, de Bolsonaro, o foi o grande vencedor. Era um partido nanico. Em 2014, elegeu apenas um deputado. Mas houve as trocas, hoje tem 8 deputados. Mas em 2019 terá 52. Não tem nenhum no Senado, mas terá 4, no próximo ano. Será a segunda maior bancada da Câmara; ficando apenas atrás do Partido dos Trabalhadores.
E o PT? “O PT acabou.” Dizem algumas pessoas. Há outros comentários. Mas esses são impublicáveis. Quando ouço isso, eu sempre me lembro que nos últimos dez anos, a revista Veja fez umas três capas afirmando essa vontade.
Devagar com o andor que o santo é de barro. O PT teve uma baixa considerável, mas não morrerá. Em 2014, o PT elegeu 68 deputados. Hoje tem 61. Apesar de ter sua bancada reduzida na próxima legislatura, ainda foi o partido que mais elegeu deputados, 56. Estou achando que está meio difícil dele acabar. Atualmente são 25 partidos na Câmara. Ano que vem serão 30. Se os nanicos não morreram por que o PT morreria? Sua perda no Senado foi a maior de todos os partidos. Tinha 13 senadores, terá 6. Mas para desespero de milhões –  57.797.847 – para ser exato, ele vai dar muito trabalho como oposição. Como disse Arthur Neto, em entrevista recente: “O PT vai continuar sendo protagonista. O PSDB não.”
A PT fez o maior número de governadores: Camilo Santana (Ceará), Wellington Dias (Piauí), Rui Costa (Bahia) e Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte). PSL, MDB, PSDB e PSB fizeram três governadores cada.
E a Marina? Ela foi vítima da polarização, como foi Ciro Gomes, ou ele foi vítima de si mesmo? Só que nos momentos mais tensos da convulsão nacional do período que antecedeu ao impeachment da Dilma Rousseff, Ciro se posicionou a favor da presidente. A Marina ficou meio escondida, não querendo desagradar gregos e goianos. Tanto que parte da cúpula do seu partido saiu da legenda, reclamando a falta de posicionamento dela. O leitor dela também é de esquerda. E não foi esquecido que ela apoiou Aécio Neves contra a Dilma no segundo turno de 2014. A quantidade de votos dela nessa eleição foi ridículo. Tendo menos votos que o Cabo Daciolo. Se ainda quiser disputar novamente - mas acho muito difícil - eu no lugar dela não sumiria por quatro anos, e participaria ativamente da política nacional.
No próximo post vamos falar sobre os políticos fichas sujas eleitos. Bolsonaro se elegeu prometendo combater a corrupção. Com certeza não vai querer o apoio de nenhum político ficha suja. Isso é o que veremos. Pelo seu desempenho em 28 anos com deputado federal e como militar, não é de se esperar que seja grande presidente. Vamos esperar para ver.
Um bom feriado a todos.

Cláudio Nogueira

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Pedindo Votos

O Fernando Haddad queria o apoio do Fernando Henrique. Não sabe nada inocente. Como é que o FHC vai apoiar o PT se a única coisa que sobrou do PSDB foi o Dória? Esse vai ser o dono do partido e está apoiando o Bolsonaro.
O PSDB saiu das eleições nanico. Sem o governo de São Paulo, ele sai anão. O pior é que a velha guarda tem de engoli esse sapo. Não é a toa que o prefeito de Manaus, Arthur Neto, já pensa formar um novo partido. Pessoalmente, é bom para o FHC que o PSDB esteja no poder; pelo menos no seu estado. Isso abre muitas portas. Ele está viciado na mordomia que isso proporciona.
O Dória foi ao Rio para se encontrar com o Bolsonaro, logo depois do primeiro turno. Deu com os burros n’água. O encontro não ocorreu. Dória, com cara de leso, disse que o Bolsonaro estava indisposto naquela manhã. Mas, segundo a imprensa, não estava indisposto para receber a Regina Duarte.
E quem disse ao Dória que o Bolsonaro quer que ele ganhe? Ganhar pra quê? Pra concorrer contra ele em quatro anos? É claro que o Bolsonaro prefere o Márcio França. Parte do eleitorado que hoje vota no Bolsonaro, votava no PSDB.
Marina Silva resolveu apoiar o Haddad. Disse que é um apoio crítico. Falou e ficou por isso mesmo. Tchau e benção. Para que serve um apoio desse a essa altura do campeonato? Pra nada. Se realmente quisesse apoiar, subiria no palanque e faria campanha. Será que quem votou nela estava até agora indeciso ou vai mudar o voto por causa desse apoio crítico?
Quem inventou esse negócio de apoio crítico foi o Ciro Gomes. O coitado ficou numa sinuca de bico. Se o Haddad ganhar, corre o risco de ficar oito anos no poder. Se Haddad perder, o Ciro vai concorrer contra ele novamente em quatro anos.
Na realidade Fernando Haddad, se não repetir o Aécio Neves, está numa situação bem confortável. Se mesmo com essa onda antipetistas e muito fakenews vai ter mais de 50 milhões de votos; então, estará no páreo novamente daqui a quatro anos. 
Eu queria saber quem é o candidato de Deus nessas eleições. Tenho vários amigos que têm certeza em quem Deus votaria. Tenho uma amiga que vai a missa todos os dias e me disse que vai voltar no Bolsonaro porque ele vai acabar com corrupção. Aí perguntei como. “Vai torturar todos esses corruptos.” 
Outra, carola do araque, manda mil mensagens todos os dias dizendo que quem não votar no Bolsonaro vai ser excomungado. “Tá na Bíblia.” 
Ó Senhor ! Quanta blasfêmia é dita em teu nome. O pessoal do Google ainda não atualizou isso, porque quando escrevi no buscador: bolsonaro, excomunhão e bíblia, o que apareceu foi: "Bolsonaro diz que Bíblia prega armamento: O Globo". Deve estar escrito:"Armai-vos uns aos outros". Mas não há nada sobre excomunhão. 
Falando em armamento será que vai haver venda de armas pelo crediário? “Compre sua metralhadora agora e só comece a pagar depois do carnaval.” Será que as Casas Bahia, Bemol, Ponto Frio, Carrefour serão autorizadas a vender armas?

terça-feira, 9 de outubro de 2018

A Esquerda Acabou


Stephen Kanitz escreveu há alguns dias: “ A Esquerda Acabou. Saiba Por Quê.” Como se diz em inglês: Not so fast my friend. O PT elegeu a maior bancada da Câmara; e a esquerda vai ter um bom número de deputados. Embora o partido que mais tenha crescido a sua participação tenha sido o PSL. 
O que me admira é você queimar seu filme misturando desejo com realidade. A direita, representada pelo DEM, patinou muito, mas nunca acabou. Era Arena, mudou para PFL, depois para PDS e agora é DEM. Camaleou-se várias vezes para agradar o eleitor. Nem por isso morreu. Essa estória de que a esquerda ou a direita vão acabar é bobagem. Pode ser que isso aconteça no futuro, mas no momento, companheiro, está difícil.
Jornais e portais noticiaram ontem que o PSDB teve uma votação de partido nanico. Então, vou me apressar e dizer: o PSDB vai acabar. Nada disso.Vai rachar, mas vai superar essa fase. Mas no momento a situação está bastante complicada. Os caciques do partido estão de um lado e Dória do outro. O presidente do partido, Tasso Jereissati, sentido o quanto feio o seu candidato faria nessa eleição, antecipou-se e deu uma longa entrevista fazendo a mea culpa sobre a contribuição que deram para a situação política polarizada que nos encontramos. Com poucos votos Geraldo Alckmin já não pode falar grosso; José Serra, que um dia foi candidato a presidência, tomou chá de sumiço. Aécio fez campanha escondido. Teve míseros 106 mil votos para deputado federal. Foram 54 milhões para presidente há 4 anos.
Diante desse quadro, Dória, que ganhou o primeiro turno para o governo de São Paulo, e vai para o segundo contra o atual governador, sem consultar ou pedir autorização de ninguém, anunciou que era Bolsonaro desde criança. E agora Jereissati? E agora FHC? Que já disse ter medo do Bolsonaro, porque esse disse que um dia pensou em matá-lo.
Em ato contínuo, Dória expulsou do partido o ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman: “Ex-governador de São Paulo e uma das principais lideranças históricas do PSDB, Alberto Goldman foi expulso do partido pelo diretório paulistano dos tucanos nesta segunda-feira (8) por ´infidelidade partidária`. O PSDB paulistano expulsa Goldman sobretudo por suas críticas ao candidato ao governo de São Paulo João Doria, que disputará o segundo turno contra Márcio França (PSB).” Publicou o Portal IG.
Segundo o Portal: “ Goldman, por sua vez, reagiu à altura. Em sua avaliação, "Não tem nenhum panaca nesse partido que tenha condição moral de pedir a minha expulsão". 
"Será que ele tem o AI-5 na mão e eu não sabia? Tem gente que está pensando que está na ditadura e que ele é o ditador", completou o ex-governador, ainda à Folha .”
É o Dória colocando as manguinhas de fora.