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sexta-feira, 7 de abril de 2017

45 anos do Colégio Militar de Manaus

Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios. (Salmo 102)

 Há exatos 45 anos, em 7 de abril de 1972, era inaugurado oficialmente o Colégio Militar de Manaus. Está vivo para relembrar esse dia, com o meu irmão Thomaz, que também estudou lá, e com vários outros amigos de banco escolar, é uma benção. Por esse motivo não posso deixar de agradecer a Deus Pai Todo Poderoso por essa generosidade; lembrando-me com saudades dos amigos que já se foram.

Como já disse em textos anteriores sobre esse assunto, o CMM foi criado em 2 de agosto de 1971; somente no papel. Em seguida foi realizado o concurso de admissão para os filhos de civis. Em fevereiro de 1972 aprendermos a marchar, ordem unida, etc. Em março começaram as aulas; mas como é testemunhado pelos jornais da época e por esses olhos que a terra a de comer, o Colégio Militar de Manaus foi inaugurado - com formatura na frente do seu prédio e desfile do Corpo de Alunos em volta do mesmo - no dia 7 de abril de 1972.
Para maiores detalhes e outras estórias aconselho ao e-leitor ler esse texto: 7 de abril de 1972 ( clique nele para abri-lo).  Já escrevi demais sobre isso. Nesse post vou colocar o bonito texto de Lúcio Bezerra de Menezes, escrito em 16 de abril de 2013. 

Reminiscências

Por  Lúcio M. S. B. Menezes

Parecia que ia ser um ano como outro qualquer aquele de 1972, ano que o Colégio Militar chegava a Manaus. A cidade era uma província, o censo demográfico do IBGE de 1970 (dois anos antes do inicio das atividades do CMM) registrava 314.197 habitantes, nós, descendentes de Ajuricaba, hibernávamos esparramados sobre o status quo da hereditariedade silvícola. Não estávamos preparados para as mudanças que adviriam nos anos subsequentes, afinal, a população feminina era maior que a masculina (ainda bem) e nos éramos “os caras”. Eu morava na rua José Clemente e o contingente de alunos internos do CMM vindos das mais distintas plagas desse país continente, também.                            
7 de abril de 1972
Em meados dos anos noventa eu estava em Lissenshousen, uma minúscula cidade nos arredores de Munique. Chamou-me atenção à reação do jovem Simon, um alemãozinho filho do meu estimado amigo Rolf Seiter, que após ouvir o meu relato do modo de vida dos jovens manauaras e cotejá-lo ao dos jovens da Bavária, escapou-lhe a seguinte exclamação: “Manaus is a paradise!” Se para o Simon a Manaus dos anos noventa era um paraíso o que dizer da Manaus dos anos setenta?
A chegada daquele bando de “pica-paus estrangeiros” aparentemente seria insignificante e, em tese, não abalaria nossa Taba, abalou. Quatro fatores, creio, responderam pelo abalo: muitos dos “pica-paus estrangeiros” eram vistos pelas nativas como o Nacib era visto pela Gabriela: moços bonitos. A estatura média deles era superior à nossa, os dialetos desses muitos Brasis aqui aportaram trazendo um diferencial que a elas encantava e essas, como que sob-hipnose, esqueciam o encanto milenar dos botos do lugar e se extasiavam com as estórias de pica-paus.
Os japoneses, em ataque surpresa, bombardearam Pearl Habour com aviões e navios torpedeiros, os estrangeiros do CMM bombardearam nosso Porto de Lenha com seus  moços bonitos de olhos matizados, dialetos e estórias de pica-paus. Foi avassalador. Os caras atacaram as tribos do Bancrévea, Cheik, Beasa, União Esportiva, Círculo Militar e outras menos populosas a conquistar, em profusão, os corações das cunhãs. Como pássaros, andavam em bando e era comum, quando do retorno das invasões às tribos antes mencionadas e com os ponteiros do relógio a passar da meia-noite, ouvir os pica-paus contando suas conquistas, os corações arrebatados, os beijos arrancados, as carícias ousadas, os seios bolinados... Ouvir aquilo desde a janela ou o batente da minha casa era um golpe de morte, o cheiro de perfídia se espalhava pelos quatro cantos da cidade, a famosa desculpa do “vamos dar um tempo” virou epidemia, o caos se instalou. O quadro era desastroso, não era um caso de xenofobia, não, é que mexia com os nossos brios, com a nossa masculinidade, não havia hipótese de aceitação pacifica. Égua, que porra é essa! Nossa miscigenação não acolhe o sangue dos conterrâneos de Charles de Gaulle, mas precisávamos mostrar resistência, resistimos.
Vários foram os palcos de batalhas, com destaque para a Praça do Congresso e as esquinas das ruas José Clemente com Lobo d’Almada. Algumas vezes, por conta do enorme número de “inimigos”, apelávamos para tribos vizinhas e, em nosso socorro, vinham guerreiros da Luiz Antony, Dez de Julho, 24 de Maio e adjacências reforçar a nossa Tribo. Não há registros oficiais, contudo arriscaria dizer que os moços bonitos sofreram muito mais revezes que nos, autóctones. 
Eu mesmo, guerreiro colecionador de revezes em embates de lutas corporais, protagonizei a “Batalha da Calçada da Santa Casa”, não houve baixas, lembro que, de punhos cerrados, eu pulava que nem um macaco, no fundo no fundo torcendo para que o oponente mantivesse distancia, felizmente assim foi.
Dos moços bonitos lembro os nomes: Marco Antônio, Peres, Emmanuel, Marco Canongia e Noronha, mas Leal foi o grande predador, abateu muitas cunhãs e dilacerou corações, Leal é um cara do bem, ele e eu firmamos boa amizade, Leal é meu face friend.
Com o passar dos anos as batalhas foram cessando e a paz foi selada. Os “pica-paus estrangeiros” deixaram de ser novidade, o encanto inicial foi decantando, perdendo sua intensidade; os olhos castanhos e pretos voltaram a reinar, os botos do lugar resgataram suas majestades, a beleza dos Barés retomou seu trono. Os moços bonitos foram se acomodando, namorando de porta, alguns casaram, outros por aqui ficaram e, como o Leal, muitos se tornaram meus amigos, não que eu tenha sido cooptado com espelhos, mas porque os tempos eram outros e eles, percebendo que jamais seriam um de nos, assumiram termos e expressões do amazonês; trocaram feijoada, churrasco, buchada e outras iguarias, pela caldeirada de peixe e a incomparável tartarugada, os “pica-paus estrangeiros” mimetizaram.
Das primeiras safras do Colégio Militar de Manaus homenageio os amigos nativos: Manoel Ribeiro, Hamilton Henrique, Claudio Barros Gomes, João Litaiff e Guilherme Sandoval.
Que tempo bom!

Eu de novo: 
Obviamente que muita coisa pode ser dita desses 45 anos. Muitas conquistas dos seus ex-alunos, desde dos mais velhos e até os que saíram em 2016. Mas isso é assunto para um livro, não cabe nesse espaço. 

Deus seja louvado por esses 45 anos.

Um pouco dessa história contada em fotos:


 TC Jorge Teixeira apresentando o CMM ao Gen. Muniz de  Aragão
Gen. Muniz de  Aragão, chefe do Dep. de Ensino e  Pesquisa  passando revista no CMM




Estudando ao som dos bate-estacas
Construção dos prédios da Dez de Julho e Epaminondas
Lembranças dos bate-estacas

Parte da Primeira Turma a cursar todas as séries do CMM  72-78

Parte da Primeira Turma a cursar todas as séries do CMM
Minha turma - 72-78
45 anos depois do primeiro encontro


Encontro de alunos Pioneiros-Fundadores - Agosto de 2016
45 anos de criação do CMM




Filhos de civis aprovados no primeiro concurso


Para finalizar agradeço a Deus por esses 45 anos e pelas amizades que perduram até hoje. Peço a Deus por todos aqueles que já nos deixaram. E finalmente, gostaria de lembrar alguns nomes, começando por aqueles que comigo ( CLÁUDIO
Lúcio Queiroz Nogueira, 319) estudaram, seguido por outros que compartilharam conosco essa experiência: Thomaz Afonso QUEIROZ Nogueira (tenente aluno em 1973), 318; Nilton BARBOSA Filho,837,(tenente-coronel aluno em 1978); Carlos Túlio dos Santos DEMASI,309; Jussi Soares CALOBA, 802; MOÍSES dos Santos,57; Marcos Pinto da COSTA LIMA, 337; Alfredo  Jorge Mendes JOVEM,299;Carlos Alonso ALENCAR Queiroz ,456; Daniel Israel do AMARAL,310; José SANTOS, 320; Sérgio Augusto MORAES, 286; DIÓGENES Moraes e Silva,75; Geraldo Salles CHÃ Filho,308; DOURIVAL Pereira dos Santos,902; Aldemiro REZENDE Dantas Jr. (também oficial aluno), 312;VALDER dos Santos, 63; Jorge Luis de Souza GENNARI, 996;  Francisco RODRIGUES dos Santos Neto, 62; Marco Antônio AVELINO, 304;Antônio Jorge PORTELA Marques Ribeiro,306; ROGÉRIO Menezes Franco de Sá, 999; EDILSON Carvalho, 78; Oswaldo TENNYSON Júnior (tenente aluno em 1973), 302; João CLEITON Fontoura Blós,646; Sidney TERTULIANO, 1447; PAULO Botocudo, 315; Raimundo SENA, 314; NELSON Costa,1413; Rogério TODESCHINI, 655; FLORINEY Casas, 824; Paulo Ayrton LINHARES, 61; José Augusto LIZARDO, 96; ABEDENEGO Souza Lima Filho, 230; Mário César PERES de Freitas, 67;  Augusto LOTT Rodrigues Colás Amaral (esses dois últimos oficiais da Marinha Mercante), 14; Fernando Nunes da FROTA, 300; Francisco José de Souza VENTILARI, 10; RAIMUNDO Pequeno, 290; SANDOVAL Fernando Cardoso de Freitas,1216; Geraldo Nery, 251; EMÍLIO Pereira da Silva Neto, 706; Carlos AUGUSTO Santos Moraes , 287; Geraldo NAZARENO de Moraes e Silva, 843; FADOUL Alves, 81;Milton CÓRDOVA Júnior,1447; Antônio ARTARXERXES de Sá Ferreira; João EVANGELISTA,307; Bepi SARTO Neves Cyrino, 36; João Alves da SILVA JÚNIOR, 224; José Raimundo LEITE LEÃO, 174; José APARÍCIO,86; JOSÉ LUÍS de Moraes Silva,97; SÍLVIO Gomes, 609;  Paulo César de MORAES SILVA, 118; José Augusto SANTOS MORAES, 795; AGNOR Aparício dos Santos, 275; AGUINALDO Ribeiro, 205;  CARLOS Eduardo Bittencourt, 105; JAIR, 617; Cézar ALEX da Silveira, 49; José “Caxias” FERNANDES, 204; Os militares, hoje todos coronéis do Exército: Elson RANGEL Calazans,34; Roberto ESCOTO, 1161(coronel aluno de 1978 - general);Lúcio EBLING, 121; Raul Augusto de Mendonça BORGES, 695; Pedro Ihara HIROSHI, 313; AMILTON Santos, 208;Benjamin Acioli RONDON do Nascimento, 311; JURANDIR Nascimento da Silva, 627 (tenente aluno 1974); Mário Ferreira VILLAÇA Neto, 1629; José Cristovão Guedes VILARIM, 33; José Vicente da SILVA JÚNIOR, 435; Josemar CARNEIRO Araújo, 71; e o coronel PM CRISTOVÃO Sampaio, 501.

Roberto CORRÊA DANTAS, 487 ANTÔNIO Freitas, 329, AGOSTINHO de Oliveira Freitas Junior,328,padre DAMÁSIO Raimundo Santos de Medeiros,38; ; Sidney Barros de ALARCÃO,194; Carlos Piccinini SCHWEDER, 148; João GUILHERME de Moraes Silva, 844; João de Amorim LITAIFF Júnior, 399; TRAJANO Amorim Litaiff,398; ANFRIMAR Nunes, 578; Sérgio JOIA de Figueiredo da Costa,398; EMMANUEL Medeiros, 130; Marco Lúcio SOUTO MAIOR; Rubens da Cunha BARBOSA LIMA,104; MANOEL RIBEIRO da Costa, 423; Helton MIRANDA, 254; Horácio Castro de RAMALHO, 53; Afonso Celso Brandão NINA, 343; George TARSO, Cláudio BARROS Gomes, 439; Marco Antônio BARSOTTELLI Botelho,582; Eduardo BIACHI Ramalho, 54; Roberto CARRERA,157; Nizardo CHAGAS FILHO, 525; Mauro Cézar Gama PERES, 508; José Luiz de SIQUEIRA e Silva,336; Cézar TODESCHINI, 218;  Paulo Barbosa Ricardo da TRINDADE, 213; Roberto ABECASSIS, 210; Antônio Carlos Fonseca VINADÉ, 491; AQUILES da Conceição Silva Dias; Paulo AROUCK; Jéferson GARCIA Guterrez,222, GÉRSON Garcia Guterrez, 223; Alfredo Augusto T. do Couto VALLE Júnior, 416; GILTON Almeida Silva, 189; Abelardo O. GUERRA Jr, 225; Érlon Garcia GUTERREZ 486; Emerson HOFFMAN, 240; Evandro IMBIRIBA, 378; Adnar LEAL, 250; Wally Nobre MESQUITA; Altervir RESENDE, 151; RICARDO Castro de Ramalho,55; Gilberto SALUSTIANO Moraes e Silva, 74; Raimundo Afonso SEABRA da Silva, RUDIMAR Lima de Oliveira,238; Celso CAITETE; Wilson PRADO,485; ANDRÉ Luís Martins Rodrigues,43; CÉSAR Augusto Bonetti LOUREIRO,367; Ricardo BARAUNA; Robeto CHAGAS NETO; Marcos Gomes LEMOS; MARCO AURÉLIO Sousa Lima; Jorge PONTES; MARCO ANTÔNIO Gonçalves,210; Carlos Frederico Affonso SAMPAIO,160; ADALBERTO Corrêa de Almeida,262; Rubens BOTELHO da Silva,666; HÉLVIO Feitosa,191; Carlos César LYRA Guerra,226; Paulo TASHIRO,156; Flávio CARNEIRO; Gilson BRUM; Roberto BUBNIAK; Marcos Antônio Costa CAVALCANTI; Adalberto COSTA E SILVA; Jorge COUTINHO; HÉLIO Barbosa,203; JOÃO ALBERTO Ferreira, 612; Luiz Carlos de Liz KOCHE,631; LÚCIO FLÁVIO Arantes Esteves,492; Roberto George Freitas de NORONHA, 219; Nilton de SOUZA E SILVA; Murilo SUANO,330; Sebastião VITALINO da Silva; WALDEMAR Lopes,473; Lauro Luiz Schubach PASTOR Almeida,182; ÁLVARO da Cunha Barbosa, 103; José Carlos BENVENUTTI,278; MARCONI Duarte da Silva, Luciano PORTO Lima,193; Walter Antônio Pereira BOEGER,617; João Osorio Muniz RETAMAL, Emilio BELAMARIK; Marcos Antônio DUARTE; Elirez Bezerra da Silva, 142; GODOY Coutinho, 117; José HASHIGUSHI de Brito; HAYDEN; HÉLCIO Augusto,469; HUMBERTO Batista Leal; MARCO ANTÔNIO de Souza Lima; Rogério MEIRELLES,214; Roberto NAIMAIER Duarte,198; Rubens PEREIRA,616; Sérgio Luis TEIXEIRA GOMES, 661; ULISSES Dias; Joaquim Pedro Naimaier DUARTE, 199; Nélson SCHWEDER JR,147; Paulo José LIMA ROCHA,215; NELSON Luiz Carneiro Correia, 196; Júlio Cesar Barreto MOREIRA, 691; Mário do Nascimento GOMES; Cassiano TAVARES; Vanderlei MARQUES; Celso MELLO JR, 331; Julio Cesar Barreto MOREIRA,691; OLDEMAR Almeida Silva, 188; João Inácio Manato PAGANI, ROGÉRIO de Jesus,438; Ludgero SALAU; Nilton de SOUZA E SILVA; José Murilo Ferraz SUANO,330; Marcelo José Ferraz SUANO,1564.

Com a patente de 1972: Cel. Jorge TEIXEIRA de Oliveira, Major Francisco SCHIMDLIN de Castro, Sgt. Ismael KURTZ, Cap. Paulo da SILVA MAIA, Sgt. Sebastião NATALINO Vicente, Sgt. JAIR Ferreira Pedra, Sgt. Geraldo Augusto CHAPINOTTO, Sgt. Otávio ROSSETI, Sgt. Neiva, Cap. Domingos Carlos Sá NOVAES, capitão Jorge ANDRADE Filho, capitão LÁZARO Amorim Soares, Major Nunes, Cap. Francisco BARCELOS (Chicão), prof. José ROCHA (Rochinha), prof. José AMAZONAS Ramos de Lima, T.Cel. Hélio CASIMIRO, Cap. Gustavo FREGAPANI, Cap. Carlos Breno CELESTINO, T.Cel RODOLPHO Freitas Filho, prof. Enéas, Cap. Jaime CRESPO Filho, T.Cel Renato Cézar Ferreira, Cel. Leonardo JAEGER, Sub-tenente KLÉBER Silvério, Sub-tenente Viegas, Major Paulo MENDONÇA Viana, Ten. José VIDAL Bezerra, Cap. RAMIRO Mello Filho; prof. Alberto Makarem, TCel Oswaldo GISSONI, prof. Reinaldo BARBALHO, prof. Josias Figueiredo; prof. Francisco das Chagas de Albuquerque, prof. Evanir Barroso; prof. Eber Soares Leão, prof. Cleômenes do Carmo Chaves, prof. Adroaldo Rosseti,prof. Ernando Marques, prof. Ayssor Mourão, Sgt. João Dantas Cyrino, prof. Eduardo Riker, Cap. Arnaldo Natividade FLEURY Curado, Cap. Estevão Alves CORRÊA NETO, profa. Helena Soares da Cruz, Cap. Luiz Felipe FRAGOSO de Albuquerque,Sgt. Primo FANELLI e Sgt. PAULO Farias.

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