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sábado, 24 de julho de 2010

Voto Obrigatório,Facultativo e a Pesquisa Eleitoral

O voto deve ser obrigatório como no Brasil ou facultativo como nos Estados Unidos ? Quem vota quando o voto não é obrigatório ? Quem é consciente e não abre mão do direito de escolher, e para usar um mote atual: exercer a cidadania ? E não quis aproveitar o feriado ? Isto é, se a eleição não for no domingo, o que é improvável.

O que eu quero escrever hoje é que mesmo que o voto não seja obrigatório e o nível de abstenção seja elevado, o resultado da eleição reflete a vontade da maioria. Explico melhor: em uma determinada cidade, estado ou país, como o Brasil que tem mais de 100 milhões de eleitores (135.804.433 eleitores estão aptos, para ser exato), se apenas 30 milhões sufragaram um candidato e esse resultado for a maioria dos votos válidos, o candidato eleitor estaria, percentualmente muito próximo, para mais ou para menos, do mesmo resultado se todos os eleitores tivessem ido as urnas.

Se todos os eleitores tivessem ido as urnas, os votos do candidato eleito, os votos dos adversários, os nulos e brancos cresceriam na mesma proporção. Se isso não fosse verdade, as pesquisas como as expostas abaixo, não teriam validade, porque o número de "votantes" (pessoas pesquisadas) é extremamente pequeno. E estamos acostumados a ver que quando a pesquisa é séria, e diz, nas vésperas das eleições, que o candidato A ganha e o B perde, isso acontece, igual ou por uma pequena margem de erro para mais ou para menos.

Agora não acredite quando três dias antes das eleições o candidato A está bem a frente do candidato B, e no dia da apuração Fátima Bernardes e William Bonneco veem com a maior cara de pau dizer que B "virou" no dia das eleições, sem que nenhum fato extraordinário ou novo justifique isso. É pura mentira. O que foi dito antes da eleição era pura mentira, forçação de barra. Quem não se lembra de uma pesquisa para governador, que previa como resultado o seguinte: 1. Eduardo Braga, 2. Gilberto Mestrinho, e lá atrás, 3. Serafim Corrêa. Quando as urnas foram abertas, o Serafim estava em segundo e o Gilberto Mestrinho num terceiro lugar bem distante. O Serafim reagiu no dia da eleição ? Bobagem!

Deem uma olhada nas pesquisas abaixo, divulgadas com um dia de diferença entre elas:

"A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, lidera a disputa presidencial deste ano e aparece com 8 pontos de vantagem sobre o rival José Serra (PSDB) tanto no primeiro como no segundo turno, aponta pesquisa Vox Populi/Band/iG divulgada nesta sexta-feira. Dilma tem 41% das intenções de voto, enquanto Serra tem 33% e Marina Silva (PV) 8%. Segundo o Vox Populi, José Maria Eymael (PSDC) tem 1%.Os outros cinco candidatos não pontuaram. Os votos brancos e nulos somam 4% e 13% dos entrevistados estão indecisos. A margem de erro é de 1,8 ponto percentual para mais ou para menos."
Fonte: Portal IG (23.07.2010)


"Pesquisa Datafolha para presidente da República divulgada neste sábado (24) mostra uma situação de empate técnico entre os candidatos José Serra (PSDB), com 37% das intenções de voto, e Dilma Rousseff (PT), com 36%. Como a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, Serra pode ter entre 35% e 39% e Dilma, entre 34% e 38%."
Fonte: Portal G1 (24.07.2010)

http://g1.globo.com/especiais/eleicoes-2010/noticia/2010/07/datafolha-mostra-empate-tecnico-entre-serra-e-dilma.html

Uma presenta 8 pontos percentuais de diferença entre Dilma e Serra, a outra diz que estão empatados. O que pode-se chegar as seguintes conclusões, :

1 -Alguém está mentido (ou os dois);

2 - Alguém (ou os dois) não está fazendo a pesquisa dentro das regras científicas de inferência estatística; consequentemente, há erro no resultado obtido.

As duas coisas podem está acontecendo ao mesmo tempo, um é incompetente, o outro é mentiroso. Mas essa situação não acredito ser o caso.
Tudo depende do tamanho e da qualidade da amostra.
Como e-leitor !? Sim, claro ! Depende também da honestidade do instituto ou da pessoa responsável pela pesquisa.

Para se entender melhor como isso funciona, vamos compara a eleição como se fosse um bolo. Se o bolo tem 70% de farinha, 10% de manteiga, 10% de ovos e 10% de açucar (doceiras que me perdoem o chute), uma fatia ou duas de bolo, nesse caso representado a amostra perfeita ( e o resultado final seria sem erros) teria de ter a mesma proporção de farinha (7o%), manteiga (10%), ovo (10%) e açucar (10%); em quantidade menor, obviamente.

Por esse motivo, considerando que as duas pesquisas acima foram honestas, uma delas está, com certeza absoluta, errada, e pecou ou se perdeu na metodologia utilizada. É impossível as duas refletirem a verdade.

Eu me lembro de um candidato, muitas eleições atrás, para governador, chamado Deuzamir Pereira. Quando as pesquisas era divulgadas e o nome dele parecia mal cotado; no seu programa de televisão, ele alegava, que a pesquisa era feita na hora que os jovens "seus eleitores" estavam na escola. Só faz uma afirmação desta quem não entende de estatísticas, ou para tentar mudar a opinião do eleitor, ou para evitar o voto válido, etc. etc.

Uma amostra bem feita, para refletir a verdade tem de ter gente de Eirunepé a Cabedelo, de são Gabriel da Cachoeira ao Chuí, preto e branco, pobre e rico, novo e velho, gay e hetero, católicos e macumbeiros, e assim por diante. Em resumo, um pouco de cada, uma representação nuclear da sociedade brasileira. E uma das duas pesquisas acima errou nesse conceito elementar.

Então, juntando dois assuntos interligados, o candidato eleito com o voto facultativo, ou eleição com grande abstenção, é tão legítimo quanto ao eleito com o voto obrigatório. Aqueles que foram para as urnas no dia da eleição, representam uma amostra de toda a sociedade brasileira. Quem ficou em casa, foi representado ali. Obviamente (1), há situações em que um candidato pode perder porque um número elevado eleitores de um "curral eleitoral" ou de uma área não votou por algum motivo.Mas isso é outra história. Obviamente (2), tem uma força política muito maior se o sujeito for eleito com 48% dos votos válidos, em uma eleição com comparecimento em massa, do que em uma eleição com grande abstenção.

Veja bem! A primeira pesquisa diz que foram entrevistados 3.000 eleitores e a segunda 10.905. Vamos tomá-la como verdadeira, para fazer uma exemplicação apenas. Observe que isso corrabora o que eu afirmo, mesmo que o número de eleitores que vão espontanemente a urna seja bem menor quando comparado com a população (chama-se população em estatística o universo total). Foram pesquisados 10.905 eleitores num universo de 135.804.433 de eleitores, e a pesquisa pode está correta. Então, se apenas 45 milhões eleitores fossem as urnas, com uma abstenção de mais de 90 milhões, como na pesquisa eleitoral, essa votação representaria - e com um grau de precisão extraordinaria - a vontade da maioria. Obviamente, o eleito não teria a mesma força política. Mas dizer, quando a abstenção é alta, que aquela eleição não reflete a vontade popular está matematicamente incorreto.

Eu utilizei a segunda pesquisa, mas o mesmo raciocínio serve para a primeira; se considerarmos, separadamente, que cada uma está correta, desconsiderando a outra. Somente, vendo como elas foram feitas pode-se dizer qual está correta. Dependendo da qualidade da amostra, 3.000 ou 10.000 entrevistados, não levariam, sobre hipótese nenhuma, a um diferença tão grande de resultados, e sim uma margem de erro de +/- 2%. No mais pode-se repetir que uma das duas está errada. Não pode-se afirmar que o futuro dirá quem está certo, porque isso é dinâmico e reflete o momento atual. Mas me parece que a pesquisa da Data Folha foi divulgada, para mostrar que era, exatamente, diferente e discordava daquela divulgada pela Vox Populi, IG e Band.

Um bom domingo e não se abstenha de votar.




2 comentários:

  1. Gostei muito desta apresentação,pois essas pesquisas no meu ponto de vista estão muito erradas....e estão confundindo a cabeça das pessoas...causando até mesmo a manipulação dos votos,pois tem gente ignorante que vota em quem esta ganhando.

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  2. Errou na eleicao para o governo em 2002, as pesquisas acertaram naquele ano, Eduardo, Gilberto e Serafim(colados), mas nessa ordem. O erro mesmo ocorreu em 1996, com Alfredo, Serafim e em terceiro Gilberto, e o maior erro de todos, em 1988, Artur e Gilberto. Abs.

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