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terça-feira, 31 de maio de 2011

Tiger, Tiger

Quando estava, em fevereiro, surfando por alguns jornais, encontrei no site do New York Times, um comentário sobre um livro recém lançado nos States : Tiger, Tiger de Margaux Fragoso, professora universitária, PhD em escrita criativa, que usou seus conhecimentos teóricos para escrever sobre a sua vida, suas memórias, dos sete anos aos vinte e dois anos.
E o que tem de especial nisso ? O intrigante da história dela é que nesse período ela se relacionou amorosamente com um homem. Quando a relação começou ela tinha 7 anos e ele 51 anos, quando acabou ela tinha 22 anos e ele 66.
A história acontece na cidade de Union City no Estado de Nova Jersey, onde tem uma colônia de porto riquenhos, como o seu pai. Apostei que seria uma leitura interessante, e comprei o livro, não me decepcionei.
Ao dizer para a Fabiana, que seria um filme e tanto, ela exclamou: "Como é que uma história dessas pode ser interessante ?" Outra pessoa me disse: "Nem me conta, nem me conta, não quero saber".
A pergunta da minha senhora não me causou surpresa, era esperada. Mas ela pergunta porque não leu o livro.
O que aprendi com isso ?Aprendi que pedófilo não tem cara de pedófilo, muito menos cara de mau sujeito, nem comportamento anti-social. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas, não é mera coincidência.
Eu queria saber sim... saber como é a lábia de um sujeito desses, o que faz para conseguir os seus objetivos e ter a cumplicidade de uma criança, que mesmo quando crescida, entendia que ele era um pedófilo - até chegou a chamá-lo de molestador de crianças - mas mesmo assim não o abandonava. Entender porque as pessoas em volta não percebiam aquele relacionamento, e qual o campo fértil que contribui para que isso aconteça.
Na realidade, algumas pessoas estranhavam a eterna companhia um do outro. Foram denunciados. Ela, já com 16 anos, ajudou-o a se livrar das acusações feitas por uma assistente social enviada pelo Estado, para verificar o relacionamento deles.
O livro é um perigo, um manual para aprendiz de pedófilo, ou para quem deseja aprimorar a técnica.
O sujeito era um monstro. Para ter a atenção da criança, se tornou o seu melhor amigo, um anjo protetor, o único que a entendia e lhe dava carinho, usou a seu favor a carência causada por um pai violento, e uma mãe doente mental; juntando-se a isso o perfeito conhecimento de que uma criança gosta de ver e brincar, além de um micro zoo na sua casa.
Conquistou também a mãe, dizendo-lhe tudo que ela gostaria de ouvir, um perfeito ouvinte da suas lamentações, da vida de inferno que ela tinha em casa, com o marido.Ele era a personificação do bom moço, lobo em pele de cordeiro, que apesar dos senões, conseguiu enganar até o pai de Margaux, que era sempre muito desconfiado de tudo, e se julgava muito esperto. Até dinheiro deles, ele conseguiu tirar.
É uma história cheias de personagens, é uma coisa surreal. Casado, convence a (segunda) esposa a acabar o relacionamento amoroso, e permitir que ele permaneça dentro da casa, junto com o enteados. Convive pacificamente com o namorado de sua ex-esposa, a qual leva todos os domingos para passear, causando um enorme ciúme em Margaux. Adota crianças para molestá-las, e confessar a Margaux que molestava suas filhas, sendo denunciado pela primeira esposa. Confessa também... Não eu não vou contar todo o livro aqui, né ?
Após sua morte - sim o desgraçado morre, comete suicídio se jogando de um penhasco - Margaux pergunta de sua mãe, onde é que ela acha que ele está agora, ela responde : "No céu...". E completa: "Eu acho que ele era a reencarnação de Jesus Cristo". O cara era um profissional.
O livro não é exatamente um livro sobre sexo. Quem disse isso não foi eu, mas concordo plenamente. Embora, ela descreva algumas coisas em detalhes chocantes.
O meu prezado e-leitor e a minha prezada e-leitora já percebeu que eu recomendo a leitura do livro, principalmente para aqueles que têm filhos pequenos, para estudantes e profissionais da psicologia, sociologia, antropologia e outras orgias. Se estudássemos somente as madres teresas de calcutás, como entenderíamos a mente e a alma humana? Como saber o que é certo, se não tivermos o errado para comparar?
O livro, ainda sem edição em português, pode ser adquirido no site do Amazon.com, ou ser comprado e baixado pelo livro eletrônico Kindle, também da Amazon.com, ou baixado pelo Ipad ou qualquer tablete.
No final - a autora, que em nenhum instante se comporta como "tadinha-de-mim", já casada e mãe de uma menina - em um texto escrito em outubro de 2010, portanto, já com 32 anos, explica porque escreveu o livro. Cita um doutor especialista no assunto, e a pesquisa que fez depois da morte de Peter Curran, comprovando com documentos da Justiça que houve processo contra ele por abuso sexual de crianças adotadas.
No site http://www.arlindo-correia.com/230411.html tem os comentários dos mais importantes jornais de língua inglesa sobre o livro. Se você tiver a última versão do Microsoft Internet Explorer 9.0, basta clicar no canto superior direito que todos os comentários são traduzidos para o português.
Boa leitura.

PS 1. Tablet ou tablete ? Eu estava doido por uma oportunidade para escrever tablete, ou invês de tablet. Lembro-me de um colega de trabalho no início dos anos 80 me corrigindo porque falei "interface", do jeito que está escrito em português, porque a palavra existe na nossa língua. Ele prontamente me corrigiu, dizendo que a pronúncia era interfeici. Se existe aqui, vou dizer interfasse, e lá interfeici. Lá pode ser tablet, aqui, at least for me, é tablete. Não tem gente escrevendo em livros aprovado pelo MEC: nóis foi, nóis vai e nóis era ? Então!? Qualquer coisa o Taqui Pra Ti me defende (Os Xerifes da Língua, no site: http://www.taquiprati.com.br/cronica.php?ident=918)


3 comentários:

  1. Renato Parrela Tostes2 de junho de 2011 às 08:52

    Assunto interessante, deve acontecer situações destas aos milhares, mas a gente nem se dá conta

    O blog também tá muito bom.

    Renatoabc

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  2. Ola Claudio,
    a tua descricao eh perfeita. Cada coisa que acontece neste mundo ne....lendo teu comentario me lembrei do caso na Austria, o pai que manteve a filha no porao e teve nao sei quantos filhos com ela, e a esposa morando na casa, e disse nao saber de nada...
    Eu tambem gostaria muito de entender a logica destes seres (?) humanos (?)
    abs,
    Anne

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  3. Euu quero muiiito Ler esse livroo!

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