Escrito por Thomaz Nogueira
Lucas, meu filho, hoje no teu aniversário quero te falar do meu pai.
Lucas, meu filho, hoje no teu aniversário quero te falar do meu pai.
Os que não o conheciam de perto viam nele um sujeito sempre sério e mesmo sisudo. Além da seriedade e sisudez, havia um coração imenso. Duvido que alguém tenha recebido mais beijos e afagos que os filhos do Brígido.
Hoje a mamãe lembra que quando eles decidiram ter “os filhos que Deus lhes desse”, também decidiram que trabalhariam o que fosse necessário, para que não faltasse pão e educação. Talvez, não imaginassem que seríamos quinze, mais nossas três primas-irmãs. Não faltou pão, não faltou educação e não faltou afeto.
Quando me tornei pai da Mariana, da Rebeca e de ti, me perguntava como eles faziam? Quantas horas tinham os dias? Nunca
faltaram as reuniões, que eram noturnas, na escola. Davam palestras.
Participavam de uns tantos movimentos dentro e fora da igreja (Cursilhos de Cristandade,
TLC, Escola de Pais, Equipes de Nossa Senhora, Diálogo, Cursos de Noivos, Ministério da Eucaristia, etc.).
Era a música da Necchi BU [sua máquina de costurar] funcionando noite adentro. Crescemos ouvindo a Necchi BU sendo tocada pela mão habilidosa do velho Brígido, transformando gabardine, cambraia, tropical e tudo quanto era tecido, em ternos bem cortados e feitos sob medida. Ver cortar e alinhavar o pano e dali sair um terno, ah! Impressionava um menino..
Não apenas as
roupas dos clientes, mas nossas roupas. Ele fazia nossas fardas da escola, as
roupas sociais, tudo. Não dá pra descrever quando ele nos chamava e começava a
tomar as medidas. A gente ficava ali parado, e ele ia medindo, media, colocava
a trena em volta do pescoço, anotava as medidas, voltava a medir, até concluir.
Meu terno de casamento foi o ultimo trabalho dele pra mim. Uma vez ouvir ele dizer: “Quando eu
era mais jovem fazia um terno em 48 horas.”
A régua curva é uma história a parte. Além de fundamental nas nuances da alfaiataria, também foi fundamental para corrigir nossas derrapagens. “Vá buscar a régua curva” tinha um significado especial, a correção vinha a caminho. Nunca a régua curva zumbiu na minha mão sem que eu não merecesse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário