𝐎 𝐏𝐀𝐏𝐀 𝐄́ 𝐂𝐎𝐌𝐔𝐍𝐈𝐒𝐓𝐀...𝐆𝐑𝐀𝐂̧𝐀𝐒 𝐀 𝐃𝐄𝐔𝐒 !

 “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida por suas ovelhas. Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e as minhas ovelhas conhecem a mim, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Dou a minha vida por minhas ovelhas.” João 10, 13-15 

Habemus Papam !

 Depois de dezessete dias de sede vacante, os cardeais escolheram um substituto à altura do insubstituível Papa Francisco: o cardeal peruano-americano Robert Francis Prevost, que já carrega Francisco em seu segundo nome.

É muito significativo que seu ministério tenha começado em um Ano Jubilar, e que seu primeiro domingo tenha sido o do Bom Pastor: Habemus Pastorem! Hallelu Yah! Laudate Dominum!

Se eu, simples mortal, percebi essa coincidência, muito mais o próprio Papa. Na sua mensagem do domingo do Bom Pastor, 11 de maio, ele disse aos fiéis na Praça de São Pedro, no Vaticano: “Considero um dom de Deus que o primeiro Domingo do meu serviço como Bispo de Roma seja o Domingo do Bom Pastor.”

Se ele tivesse adotado o nome Francisco II, não seria o primeiro Papa a usar o próprio nome, além de deixar claro uma continuidade. No entanto, ele foi mais além. Ao escolher o nome Leão, fez questão de apresentar seu cartão de visita. Ele mesmo explicou aos cardeais, dois dias após sua eleição, os motivos por trás dessa escolha.

“Pensei em adotar o nome Leão XIV. Há várias razões, mas a principal é que o Papa Leão XIII, com a histórica Encíclica Rerum Novarum enfrentou a questão social no contexto da primeira revolução industrial; e hoje a Igreja oferece a todos a riqueza de sua doutrina social para responder a outra revolução social e ao desenvolvimento da inteligência artificial, que trazem novos desafios para a defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho.”

Como um Bom Pastor ele está atento ao ganha-pão de suas ovelhas.

A Encíclica que determinou o nome do novo Papa.

 Rerum Novarum: De condicione operariorum”. Em português seria “Das coisas novas: Sobre a condição dos operários” escrita pelo Papa Leão XIII, publicada em 15 de maio de 1891. É considerada o documento fundador da Doutrina Social da Igreja Católica. Ela aborda as questões sociais e econômicas da época, especialmente em relação à classe operária, e responde aos desafios da Revolução Industrial, destacando as condições de vida dos trabalhadores, a desigualdade econômica crescente e a exploração nas fábricas.

O Papa Leão XIII defende a dignidade do trabalho, o direito dos trabalhadores a uma remuneração justa, a criação de sindicatos e a responsabilidade social tanto do Estado quanto dos empregadores. Além disso, a Encíclica reforça a importância da justiça social e da intervenção da Igreja nas questões sociais, propondo uma solução baseada na solidariedade, na justiça e na aplicação dos princípios cristãos nas relações de trabalho.

Ela foi a primeira resposta sistemática da Igreja às mudanças trazidas pela Revolução Industrial. Também inspirou diversas outras encíclicas e documentos sociais, como: Quadragesimo Anno (1931), do Papa Pio XI; Mater et Magistra (1961), de João XXIII;  Populorum Progressio (1967), do Papa Paulo VI; Laudato Si (2015) e Fratelli Tutti (2020) do Papa Francisco.

O Estadão não publicou isso.
Foto manipulada publicada nas redes sociais.

    Observe as palavras sublinhadas. Há um povo muito santo, santíssimo, mais católico que o Papa - zelotas da hipocrisia - que por muito menos chamava o Papa Francisco de “comunista”, “porque o Papa não deveria se meter nesses assuntos”.

Por causa da Rerum Novarum, o Papa Leão XIV escolheu esse nome. Esse Papa também é comunista ?

Os neo-fariseus, que criticaram as encíclicas do Papa Francisco, estão comemorando as redes sociais a sua partida e festejando a chegada de Leão XIV. Estou achando que eles desconhecem a Rerum Novarum – talvez por isso estejam felizes com a morte do Papa Francisco e celebrando a eleição de Leão XIV. 

Se o novo Papa admira a encíclica de Leão XIII a ponto de escolher seu nome em homenagem a ela, e se o Papa Francisco escreveu documentos com temas semelhantes aos da Rerum Novarum, é bastante plausível que ambos compartilhem uma visão social similar.

Na matemática, se A é igual a B, e B é igual a C, então A é igual a C. Logo, é possível que Leão XIV também seja considerado “comunista”.

O que as encíclicas Fratelli Tutti (Todos Irmãos), que tanta crítica recebeu dos legalistas de púlpito, e a Rerum Novaro tem em comum ?

Rerum Novarum (1891) e Fratelli Tutti (2020) compartilham fundamentos essenciais da Doutrina Social da Igreja, especialmente a defesa da dignidade da pessoa humana e a centralidade do bem comum. Ambas denunciam sistemas econômicos que ferem a justiça social. Rerum Novarum critica tanto o liberalismo desregrado quanto o socialismo antipropriedade, enquanto Fratelli Tutti aponta os males do individualismo, do consumismo e do neoliberalismo. As duas encíclicas reconhecem o direito à propriedade privada, mas reafirmam que esse direito deve estar subordinado à função social dos bens, com vistas à solidariedade e à justiça.

Além disso, as encíclicas convergem na ideia de que o Estado e a sociedade devem proteger os mais vulneráveis e promover condições de vida digna para todos. Os cristãos de conveniência criticam qualquer menção ao “Estado” cuidando dos pobres, por associarem isso ao “socialismo”. Alegam que a Fratelli Tutti e outras encíclicas do Papa Francisco têm tom “marxista”, mesmo que estejam em continuidade com Leão XIII, João Paulo II (Centesimus Annus) ou Bento XVI (Caritas in Veritate).

Rerum Novarum foca na relação entre capital e trabalho, defendendo os direitos dos operários (“coisa de comunista”), enquanto Fratelli Tutti amplia essa visão para o cenário global, propondo a fraternidade universal como antídoto contra a exclusão, a xenofobia e a indiferença. Apesar das diferenças de linguagem e contexto, ambas expressam a mesma convicção cristã: uma sociedade justa só é possível quando fundamentada na caridade, na solidariedade e na responsabilidade mútua.

Já a Encíclica Laudato Si' (“Louvado Sejas”) foi inspirada no Cântico das Criaturas, de São Francisco, que neste ano comemora 800 anos: “Laudato si', mi' Signore, per sora nostra madre Terra...” (“Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã, a mãe Terra...”).

Ela marcou um ponto decisivo na Doutrina Social da Igreja, ao tratar do cuidado com a criação, da justiça social e da crise ecológica global. Para os cristãos de fachada da direita e extrema-direita católica, o Papa teria extrapolado sua autoridade espiritual ao se envolver com temas como políticas ambientais, estruturas econômicas globais e ciência climática. A Encíclica, ao abordar a crise ecológica em conexão com o sistema econômico mundial, foi vista por muitos como uma crítica ao capitalismo liberal: “coisa de comunista !”.

Outro ponto de atrito foi a aceitação do consenso científico sobre as mudanças climáticas, que o Papa Francisco assume claramente como responsabilidade humana. Para os inquisidores modernos, céticos em relação à ciência do clima, essa postura colocou a Igreja em linha com o que eles chamam de “agenda ambientalista globalista”. Esse posicionamento incomodou ainda mais pelo fato de o Papa dialogar positivamente com organismos internacionais como a ONU, tidos por esses grupos como promotores de pautas anticristãs.

Contudo, muitos dos seguidores desses críticos são “emprenhados pelo ouvido”. Repetem como papagaios o que escutam, sem qualquer senso crítico. Se você conhece alguém assim, peça que defina o que é comunismo - você verá que a pessoa ficará completamente perdida.

Opção preferencial pelos pobres.

 Diga essa frase para um neo-fariseu e observe o colapso: suor frio e  olhos arregalados. Para ele, isso soa como “comunismo puro” - mesmo que seja um princípio central da Doutrina Social da Igreja e do próprio Evangelho.

Papa Francisco e o padre Gustavo Gutiérrez

    Perguntei a uma conhecida brasileira o que ela achou do novo Papa. O motivo da pergunta foi porque eu conheço seu posicionamento político e sei que ela participa de encontros dos Arautos do Evangelho - aquele povo que anda de longas botas e veste-se fantasiado com roupas medievais - grupo católico fundado no Brasil com aprovação pontifícia, mas que nos últimos anos tem sido alvo de investigações vaticanas por questões relacionadas à governança interna, práticas litúrgicas e possíveis desvios doutrinários.

Em 2017, vazaram vídeos de reuniões internas em que líderes do grupo expressavam críticas severas ao Papa Francisco, e em alguns casos, rezavam pela sua “conversão”. Eles são herdeiros diretos da TFP (Tradição, Família e Propriedade), organização católica fundada por Plinio Corrêa de Oliveira, conhecido por seu reacionarismo e apoio à ditadura militar no Brasil. A TFP se destacou por seu ultraconservadorismo religioso e político, sendo um dos grupos católicos mais reacionários do Brasil no século passado.

Ela me respondeu: “Sim, gostei. Estava com medo de que ele se chamasse Francisco II, e também fiquei um pouco apreensiva porque ele vem do Peru, berço da Teologia da Libertação, mas acho que ele não segue essa teologia.”

Medo de que ele se chamasse Francisco II? A resposta está na forma que ela idealizou a Igreja Católica.

Minha amiga, vamos devagar com o andor porque o santo é de barro! Quem vê cara não vê coração. De onde você tirou essa certeza ? E se ele foi inoculado com a Teologia da Libertação, mas ainda não desenvolveu sintomas visíveis? Pode ser um caso típico de seguidor assintomático. E se os sintomas aparecerem no devido tempo ?

A Teologia da Libertação foi um movimento surgido dentro da Igreja Católica, nascido na América Latina, que teve seus momentos mais intensos nas décadas de 1960 e 1970. Buscava interpretar a fé cristã a partir da realidade dos pobres e oprimidos, defendendo que a Igreja deveria engajar-se na luta contra as injustiças sociais, econômicas e políticas, com foco na libertação dos marginalizados.

A Teologia propõe que a salvação não é apenas espiritual, mas também envolve transformação social, promovendo justiça, paz e igualdade. Inspirada nos ensinamentos de Jesus e numa análise crítica das estruturas de poder, a Teologia da Libertação busca uma sociedade mais justa e fraterna.

Minha amiga tem razão em ficar preocupada - segundo a visão de Igreja dela, é claro ! - afinal, o Peru é a terra do padre Gustavo Gutiérrez Merino Díaz (8 de junho de 1928 – 22 de outubro de 2024), teólogo, filósofo, sacerdote dominicano e figura central da Teologia da Libertação. Gutiérrez foi professor em universidades como Notre Dame, Harvard, Cambridge, Berkeley, São Paulo, Lyon, Montreal e Tóquio.

Sua obra mais influente, Teología de la liberación: Perspectivas (1971), propôs uma reflexão teológica que une fé e compromisso social, destacando a “opção preferencial pelos pobres”, que se tornou o coração da Teologia da Libertação e um princípio fundamental da ação cristã.

Seria Santo Afonso Maria de Ligório (1696–1787), bispo, doutor da Igreja, moralista e grande missionário popular, um “comunista” ? Ao fundar a Congregação do Santíssimo Redentor em 1732, em Nápoles, Itália, ele decidiu “evangelizar os pobres, especialmente os mais abandonados, promovendo a copiosa redenção oferecida por Cristo”. Isso não é uma opção preferencial pelos pobres ?

Vários santos, como Madre Teresa de Calcutá e São Vicente de Paulo, fizeram de seus ministérios uma opção preferencial pelos pobres.

São Francisco não apenas ajudava os pobres - ele se fez um deles. Sua opção não foi por ajudar “de cima para baixo”, mas por viver entre os pobres como um igual, imitando o Cristo pobre e crucificado.

“Francisco de Assis foi o homem da pobreza, o homem da paz, o homem que ama e cuida da criação… o homem que nos ensina a sair de nós mesmos para encontrarmos os outros, sobretudo os mais pobres.”- disse o Papa Francisco, ao justificar a escolha do seu nome após ser eleito.

Aqui estão algumas passagens bíblicas que inspiraram a Teologia da Libertação:

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres. Enviou-me para proclamar a libertação aos prisioneiros e a restauração da vista aos cegos, para libertar os oprimidos, para proclamar o ano da graça do Senhor.” (Lucas 4:18-19)

“Em verdade vos digo que todas as vezes que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Mateus 25:40)

“Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes;  estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me.” (Mateus 25:35-36)

“Porventura não é este o jejum que escolhi: soltar as ligaduras da impiedade [...] repartir o teu pão com o faminto...” (Isaías 58:6-7)

O compromisso com os pobres não é opcional: é central para o seguimento de Jesus. Gustavo Gutiérrez escreveu: “A teologia da libertação é um novo modo de fazer teologia. Não parte de uma reflexão abstrata, mas da prática de fé vivida no contexto da pobreza e da luta por justiça.”

A opção preferencial pelos pobres é uma continuidade da prática de Cristo, que fez dos pobres e marginalizados uma prioridade em sua missão. Ao adotar essa opção, a Igreja não apenas segue o exemplo de Jesus, mas também responde ao chamado divino para a justiça, a equidade e a salvação de todos - especialmente dos mais necessitados.

A opção preferencial pelos pobres se dá pelo fato de que os ricos têm como suprirem suas necessidades - sejam de ordem alimentar, habitacional, médica ou qualquer outro tipo - enquanto os pobres se veem muitas vezes desprovidos do mínimo, do essencial, para sobreviver. Esse contraste torna a realidade de quem tem e de quem não tem ainda mais desigual. Jesus lamenta a avareza de alguns ricos, pois o apego excessivo aos bens materiais impede que eles experimentem a verdadeira liberdade espiritual. Ele enfatiza que, enquanto a salvação é possível para todos, os ricos enfrentam um grande obstáculo, dado que a acumulação de riquezas tende a afastá-los de Deus e dos outros.

Jesus explicou a seus discípulos que “ é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus”. Quando os discípulos expressaram surpresa diante dessa afirmação, Ele insistiu ainda mais, apontando que, para aqueles que têm riquezas, é extremamente difícil entrar no Reino de Deus, pois o apego ao material pode ser um grande obstáculo. (Mateus 19:23-24, Marcos 10:23-25, Lucas 18:24-25)

No livro “Uma Vida com Karol,” escrito pelo cardeal Stanisław Dziwisz, secretário pessoal de João Paulo II durante todo o seu pontificado, publicado em português pela Editora A Esfera dos Livros (2007), ele relata que o Papa tinha dificuldade em compreender a inclinação para a esquerda da Igreja na América Latina, especialmente por ter ele vivido sob um regime comunista.

No entanto, segundo o cardeal, o Papa mudou de perspectiva quando teve a oportunidade de conhecer a favela de Alagados, na Bahia, e outras comunidades periféricas na Cidade do México. A partir dessa experiência, João Paulo II passou a entender a “opção preferencial pelos pobres” e reconheceu que essa escolha estava em profunda sintonia com os ensinamentos do Evangelho.

O cardeal Dziwisz menciona ainda que, após essa mudança de visão, o Papa passou a se referir a Dom Hélder Câmara como “meu irmão.”

Dom Hélder Câmara  e o Papa João Paulo II

 Dom Hélder Câmara (1909-1999), arcebispo de Olinda e Recife, declarou:

“Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto por que eles são pobres, chamam-me de comunista.” (“Hélder, o Dom: uma vida que marcou os rumos da Igreja no Brasil”, de Zildo Rocha, Editora Vozes, 2000).

   Ao questionar as causas estruturais da pobreza e a indiferença das pessoas em relação aos necessitados, ele era frequentemente rotulado de comunista. Esse rótulo servia para desviar a atenção da crítica, especialmente por parte daqueles que preferiam ignorar a realidade da miséria e pensar apenas em si mesmos.

     Essa frase foi lembrada em um discurso do Papa Francisco à Cúria Romana, quando se referiu a Dom Hélder como "aquele santo bispo brasileiro", destacando seu compromisso com a justiça social e sua opção pelos mais necessitados.

    Em 1987, estudei na Louisiana State University, em Baton Rouge. O diretor do ELOP (English Language & Orientation Program) pediu a alguns brasileiros que gravássemos um vídeo falando sobre o programa, para ser apresentado numa feira no Rio de Janeiro. Quando voltou, ele nos convidou para um almoço. Contou que um amigo padre o havia levado para visitar uma favela. Sua reação e comentário foram muito parecidos com os do Papa João Paulo II. Disse que agora compreendia por que a ideologia de esquerda tinha tanta força na América Latina. Não é uma ideologia de esquerda, mas sim a aplicação concreta das mensagens de Cristo, especialmente no mandamento do amor ao próximo e na opção preferencial pelos pobres."

Parte II

Quando o Diabo Ganha Voz: A Ruptura de Amizades e o Colapso Moral do Brasil

    Tinha amigos, queridos amigos. Católicos praticantes, pessoas que rezaram mais de uma vez na minha casa, que estiveram ao meu lado em momentos marcantes da minha vida. Fomos unidos pela mesma fé e religião. Amigos pessoais, e outros virtuais nas redes sociais, com quem mantinha uma convivência harmoniosa, afetuosa, respeitosa. Gente que, até pouco tempo atrás, eu considerava parte do meu círculo mais íntimo.

    Mas então o Brasil viu emergir das sombras uma figura que mudaria tudo – o “apóstolo do Diabo”. No momento não vou citar o nome: mesmo o leitor mais desatento reconhecerá de quem estou falando.

    Esse homem, eleito para proteger a vida, aliou-se à morte e zombou do sofrimento das famílias com escárnio. Foi negacionista por escolha, movido por seu mau-caratismo. Recusou-se a adquirir vacinas mesmo diante de ofertas disponíveis, recusando-se deliberadamente a oportunidade de salvar milhares de vidas. Disse que “não era coveiro” diante de milhares de mortos. Com cinismo, debochou da dor alheia.

  Desumano e diabólico: imitou, diante das câmeras, pessoas agoniadas morrendo por falta de ar - gesticulando de forma grotesca, rindo, encenando a agonia de quem sufocava nos corredores superlotados dos hospitais, enquanto familiares desesperados imploravam por atendimento. Fez escárnio de tanto sofrimento, como se a dor e a morte fossem uma piada. Ridicularizou o uso de máscaras, zombou das orientações médicas, e desencorajou abertamente a vacinação. Disse que “só as maricas” morreriam de Covid-19, que “quem é homem de verdade” não temia o vírus. Não era ignorância - era perversidade deliberada. Disse isso para provocar, manipular e induzir as pessoas a não levarem a sério o risco que corriam, mesmo diante de milhares de mortes evitáveis.

 Uma pessoa extremamente desprezível e repugnante. Defendia que a ditadura militar tivesse matado mais de 30 mil pessoas. Seu herói declarado: um torturador e assassino.

Enquanto o país chorava, ele promovia aglomerações - condenadas pelos cientistas - andava sem máscara no meio das multidões, abraçava apoiadores em motociatas e tratava a tragédia como uma oportunidade de palanque. Ironizava as vítimas, acusava médicos, atacava a ciência. Alegou que “todo mundo ia morrer um dia mesmo”. Disse que quem tomasse vacina viraria jacaré. Mandou jornalistas calarem a boca. Riu, sempre riu - enquanto corpos eram empilhados. Um sujeito assim não é gente, é bicho. Elemento execrável.

- Você já sabe de quem estou falando? É esse mesmo. Bingo!

- Como você sabe que é ele?

-“Porque tudo o que foi dito encaixa-se perfeitamente nele.”

Por que eu o considero o apóstolo do Diabo? Porque acredito que ele o seja.

Quando penso em Bolsonaro, lembro imediatamente do padre italiano Gabriele Amorth, amplamente reconhecido como o exorcista mais famoso do Vaticano, falecido em 2016. Vejo Bolsonaro como um dos personagens reais que poderiam ter sido tratados por ele, como os descritos em seus livros: O Último Exorcista; Maria, um Sim a Deus; Um Exército contra o Mal; Deus é Mais Belo que o Diabo; Seremos Julgados pelo Amor; O Evangelho de Maria: A Mulher que Venceu o Mal; Vade Retro, Satanás!; Investigação sobre o Demônio; O Sinal do Exorcista e Padre Gabriele Amorth: A Biografia Oficial.

O padre exorcista relata diversos casos e afirma que o Diabo não aparece como nos filmes, a menos que tenha sido provocado por um exorcista. "Ele está por aí, vivendo dentro de algumas pessoas" - e cita exemplos concretos.

Pessoas !? E existe mais de um ?

“Qual é o teu nome?” E ele respondeu: “Meu nome é Legião, porque somos muitos.” (Marcos 5:9)

Adoraria ver o padre Gabriele pegar na mão desse sujeito e dizer como disse para algumas pessoas: “Quem está aí ?”

Foi a ele que se uniu grande parte da direita e extrema-direita católica - rascunho de fascistas - embora não toda.

É muito importante que isso seja dito: nem toda pessoa que votou nesse indivíduo atacou a Igreja ou saiu chamando o Papa Francisco e os bispos brasileiros de comunistas nas redes sociais.

Em tempo: não gostar do Lula é direito de qualquer pessoa. Mas isso não obriga ninguém a admirar um psicopata.

Durante três anos, enquanto ele ainda era presidente do Brasil, uma amiga me enviava mensagens elogiando-o e atacando o Lula. Nunca, jamais, em tempo algum, conversei sobre política com ela. Durante mais de três anos, nunca comentei ou contestei suas mensagens quase diárias, porque não queria perder sua amizade. Para mim, a gota d’água foi quando ela me enviou uma mensagem afirmando que os bispos da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) eram comunistas. Logo ela que vai à missa diariamente, e adora postar no Facebook, naquela época e ainda hoje, fotos com autoridade eclesiásticas manauaras eméritas e presentes. Será que eles têm noção do que ela disse nas costas deles ?

Logo ela que perdeu parentes para a Covid. Negacionista a toda prova, condenava - e ainda condena - o uso da vacina. Alguém me responda, por amor de Deus: foi a esquerda que descobriu a vacina? A verdade é que o filho do pai da mentira, movido por um desejo mórbido de mais mortes, negou a vacina - e ela, desprezando completamente sua formação cristã, seguiu-o cegamente, como se dissesse: “Faremos tudo o que o diabo mandar.”

A mesma história se repetiu com outra amiga, que rezou o terço várias vezes na minha casa, com amigos e minha família. Apesar da distância, conversávamos com frequência pelo WhatsApp. Via de regra, o assunto era sempre algo religioso. Vou repetir: nunca falamos de política. Eu tinha ciência do seu posicionamento, sempre explícito nas postagens que fazia no Facebook.

Mas, apenas algumas horas depois que Lula venceu a eleição contra o sujeito desequilibrado, ela me mandou uma mensagem de áudio gritando - curiosamente, também completamente desequilibrada. Disse-me um bocado de impropérios. Meu ouvido não é esgoto.

Lembro-me bem que afirmou que Lula era um narcotraficante. Ora, que procure o Ministério Público e faça a denúncia! Já tinha ouvido muitos adjetivos não publicáveis sobre ele, mas "traficante" era novidade. Ela finge desconhecer que foram descobertos 39 quilos de cocaína no avião presidencial do Brasil, em junho de 2019, em um voo oficial da comitiva do presidente Jair Bolsonaro, que seguia para uma reunião do G20 no Japão.

Aos gritos coléricos e histéricos — quase em transe — ela rogava pragas contra Lula, e, segundo dizia, quem iria aplicá-las e devolver Bolsonaro ao poder seria ninguém menos que Nossa Senhora. Falava como se a Justiça Divina estivesse prestes a entrar em cena, vestida com uma toga celestial, para restaurar ao trono aquele sujeito moralmente desprezível.

Ouvi sandices atrás de sandices, numa sequência tão absurda que só faltou tocar a trilha sonora do Apocalipse. E eu ali, em silêncio, me perguntando: que culpa tenho eu, que nem votei em Portugal?

Foi aí que ela começou sua cruzada particular contra uma parte da Igreja. Desde então, vive praticamente em missão divina: atacar nas redes sociais todo e qualquer membro da Igreja que não tenha se rendido ao seu projeto político-messiânico. Uma verdadeira influencer da fé seletiva.

Sonhando com uma guerra civil - mortes, mais mortes, e ainda mais mortes! - Bolsonaro alimentava o desejo de ver todos os seus seguidores armados até os dentes. Defendia a liberação irrestrita de armas para a “gente de bem”, aquela que pensa e age exatamente como ele.

Em 12 de outubro de 2021, durante a missa solene em celebração ao Dia de Nossa Senhora Aparecida, o arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, fez uma crítica contundente e veemente ao armamentismo no Brasil, utilizando ironicamente o slogan “Pátria Amada” do governo federal.

Em seu sermão, Dom Orlando afirmou categoricamente: “Para ser pátria amada [como cita o nosso hino nacional], não pode ser pátria armada.”

Uma outra amiga, inseparável da mencionada acima, postou uma mensagem no Facebook criticando o arcebispo e acrescentou “que isso não será esquecido”.Ou seja, Deus não esqueceria de punir o arcebispo pela ousadia.

Esses são apenas três exemplos - e estão longe de ser casos isolados. Tenho uma verdadeira enciclopédia sobre isso, sobre o comportamento da direita e da extrema-direita católica, que se aliaram a setores reacionários da Igreja para atacar bispos e o Papa Francisco - e o fazem com uma agressividade impressionante.

Esse mérito ninguém pode tirar do filho do Capiroto: graças a ele, muita “gente de bem” saiu do armário. Eram lobos em peles de cordeiro.  Ele é o responsável pelo aparecimento dos "fariseuminions", pessoas que ostentam uma postura religiosa ou moralista (como os fariseus), mas ao mesmo tempo são seguidores fervorosos e acríticos do ex-presidente Jair Bolsonaro, também conhecidos por Bolsominions. Ou seja, um “fariseuminion” é alguém que se apresenta como defensor da moral, da fé cristã e dos "bons costumes", mas que atua com hipocrisia, intolerância, ou discurso de ódio, muitas vezes apoiando posturas políticas agressivas, antidemocráticas ou antiéticas — o que entra em contradição com os valores cristãos que diz defender.

Milhares se revoltaram com a Igreja porque ela não apoiou o candidato-símbolo do autoritarismo e da ultradireita brasileira. Por mais absurdo que pareça - algo surreal -, veem no seu segundo nome, “Messias”, não uma simples coincidência: acreditam estar diante de um defensor da moral e dos bons costumes, não importando o que tenha dito ou feito.

Antes de continuar e revelar quem abastece esse grupo com ideias reacionárias e ataques ao Papa e aos bispos — amplamente disseminados nas redes sociais —, é necessário um esclarecimento.

Como vimos acima, muitos católicos se revoltaram contra a Igreja por motivos políticos. Entre eles, há os que encontraram guarida em grupos reacionários e passaram a reverberar suas ideias.

Esses grupos, embora também movidos por interesses políticos, atacam o Papa principalmente por razões religiosas: por serem contrários ao Concílio Vaticano II, por defenderem que a missa deve ser celebrada exclusivamente em latim, entre outras posturas que exploraremos em breve.

Para introduzir o principal grupo reacionário do Brasil, preciso contar uma pequena história.

Lá em cima, mencionei que perguntei a uma “conhecida” o que ela achava do novo Papa. Desta vez, fiz uma pergunta a uma mulher desconhecida, frequentadora de uma das igrejas onde costumo assistir  missas.

Notei que, ao comungar, ela se ajoelha e recebe a hóstia na boca. Na celebração, estão presentes tanto o padre quanto o diácono - mas ela nunca comunga com o diácono. 

Comportamento típico dos neo-fariseus.

Conheço bem esse perfil: quase santo. Mas evitei um julgamento precipitado - nem toda pessoa que comunga dessa forma ataca o Papa. No entanto, muitas das que o fazem afirmam - e publicam - que o Papa Francisco é comunista.

Aproximei-me dela e iniciei uma conversa:

  - Você é brasileira, né?

Ela confirmou. Eu já sabia. Tinha ouvido ela falando “brasileiro”. Segui com a segunda pergunta:
   - O que você achou do novo Papa?

Ela disse que gostou. Então parti para a terceira - a pergunta onde eu realmente queria chegar:
 - E o que você achava do Papa Francisco?

Ela respondeu que gostava dele, embora não concordasse com algumas coisas. Incisiva perguntou se eu havia lido a encíclica Fratelli Tutti. Parecia discordar bastante.

Não me importei muito com a pergunta - e fiquei feliz por tê-la abordado, e até por ter me enganado -, pois assim evitei fazer um julgamento injusto.

Quando já estávamos fora da igreja, ela me chamou e perguntou por que eu havia feito aquelas perguntas.

Respondi que o modo como ela comunga me fez lembrar de pessoas que procedem da mesma forma e que costumam chamar o Papa de comunista - disse percebi que não era o caso dela, e deixei isso claro.

Acrescentei que conheço algumas pessoas que comungam assim e que gostam de criticar a Igreja - “narciso acha feio o que não é espelho”. Mais especificamente, mencionei uma que costuma criticar abertamente a Campanha da Fraternidade e divulgar vídeos de padres que inventam doutrinas que em nada acrescentam ao que está nos Evangelhos nem conduzem à salvação.Disse-lhe que, na minha opinião, seguir essas orientações não garante o céu, assim como não as seguir não leva ao inferno.

Comentei que uma dessas pessoas havia postado um vídeo de um padre proibindo que, ao rezarmos o Pai Nosso, abríssemos os braços. Segundo ele, esse gesto representaria Cristo crucificado e, por isso, deveríamos rezar com as mãos juntas.

Comentei que esse tipo de comportamento, por sua superficialidade, pode ser descrito como farisaico, pois revela uma moralidade que privilegia aparências e rituais externos em detrimento de ações verdadeiramente transformadoras e solidárias.

   A ideia de que simplesmente frequentar missa todos os dias, fazer peregrinações a santuários ou se considerar “bom” ou “do bem” por cumprir práticas religiosas - sem um comprometimento real com a justiça social - reflete uma postura que ignora as necessidades humanas mais profundas.

   “Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu, com as minhas obras, te mostrarei a minha fé.” (Tiago 2:18)

Não raro, esse tipo de religiosidade se associa a regimes autoritários e opressivos, que buscam controlar e manipular a fé para justificar o poder e a exclusão.

Ela me interrompeu com longas e duras críticas à Campanha da Fraternidade desse ano.

E então soltou esta pérola:

- A CNBB não representa a Igreja brasileira. A CNBB é apenas uma organização de bispos.

Em tempo: a Campanha da Fraternidade de cada ano é decidida pela própria CNBB.

Ela também criticou a encíclica Fratelli Tutti e disse que eu deveria me informar melhor. Sugeriu que eu procurasse o site do Centro Dom Bosco.

Quando ouvi isso, senti uma comichão no corpo todo. Ficamos discutindo por cerca de quinze minutos. A cada duas frases, ela repetia que eu estava “por fora” e que precisava consultar o Centro Dom Bosco, “para ser catequizado da forma correta” - não disse com essas palavras, mas estava nas entrelinhas.

Diante do susto, a única coisa que consegui dizer foi: Trata-se, por acaso, daquele centro frequentado pela atriz Cássia Kiss, conhecida por sua defesa do fundamentalismo religioso e de posturas alinhadas ao autoritarismo político?

A comichão veio exatamente porque eu sei muito bem o que é o Centro Dom Bosco - e sei também que não tem qualquer relação com a Congregação Salesiana.

É necessário explicar ao leitor o que é o Centro Dom Bosco e, especialmente para o leitor português, contextualizar o que é a Campanha da Fraternidade, e por que tantos católicos que chamam o Papa de comunista a odeiam.

A Campanha da Fraternidade (CF), iniciada em 1964,  é uma iniciativa anual da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) que propõe um tema ligado à fé cristã e à realidade social do país, incentivando a reflexão, a conversão e a ação concreta dos fiéis, especialmente durante a Quaresma.

Em 2025, a Campanha da Fraternidade teve como tema “Fraternidade e Ecologia Integral” e o lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).

Inspirada pelos 800 anos do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis, pelos dez anos da encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco e pela realização da COP 30 (30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) em Belém, Pará, a campanha deste ano convida à conversão ecológica e ao cuidado com a criação divina.Grupos de extrema-direita católica, como o Centro Dom Bosco e a Confraria Dom Vital, criticaram a Campanha da Fraternidade deste ano. Esses grupos argumentam que a campanha promove uma “agenda ideológica” alinhada ao ambientalismo secular e ao globalismo, distanciando-se, segundo eles, da doutrina católica tradicional.

Quem são esses grupos ?

Quando eu morava com minha família no Canadá, em 2012, fomos visitados por duas jovens mórmons, da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Permiti que entrassem e falassem livremente antes de apresentar qualquer contestação. Relataram que Joseph Smith, fundador de sua igreja, teria recebido a missão de restaurar a verdadeira Igreja de Jesus Cristo. Em essência, é essa mesma pretensão que norteia a atuação desses centros de ultradireita: a de restaurar - à sua maneira - o que consideram ser a verdadeira fé ou a verdadeira ordem.

Sobre outros grupos católicos reacionários, como os Arautos do Evangelho e a Tradição, Família e Propriedade (TFP), já comentei.

O Centro Dom Bosco é formado por leigos católicos tradicionalistas que se destacam nas redes sociais por sua retórica agressiva contra o Papa Francisco, a CNBB e documentos como Laudato Si’ e Fratelli Tutti. Alegam representar a “fé verdadeira” e promovem uma visão estreita de catolicismo, marcada por uma suposta ortodoxia que rejeita as reformas do Concílio Vaticano II.

A Confraria Dom Vital atua em linha semelhante, promovendo conteúdos ultraconservadores e incentivando boicotes à Campanha da Fraternidade. Os dois grupos defendem a volta da missa tridentina (em latim, com o padre de costas para o povo), desprezam o uso da língua vernácula na liturgia e têm grande apego a formas exteriores de piedade - como se gestos e posturas visíveis garantissem a salvação, independentemente do compromisso com a justiça, a caridade e o Evangelho vivido no cotidiano.

Ambos os grupos alimentam uma religiosidade farisaica, centrada em regras e aparências, e se alinham politicamente à extrema-direita, promovendo desobediência ao magistério da Igreja e hostilidade a toda forma de abertura ao diálogo com o mundo contemporâneo.

Criticavam o Papa Francisco quando ele defendia os direitos dos marginalizados, dos migrantes ou denunciava as causas econômicas da pobreza. Nos seus discursos costumam romantizar o sofrimento, exaltam a resignação e rejeitam qualquer crítica ao sistema que produz desigualdade.

Essa postura não só desvia o cristianismo de seus princípios mais humanistas, como também contribui para a manutenção de um sistema político e social que desconsidera os mais pobres e vulneráveis. O foco em rituais vazios, sem um compromisso com as mudanças necessárias para uma sociedade mais justa, transforma a fé em um instrumento de controle e opressão, em vez de uma força para a libertação e a igualdade.

Aqui em Portugal, conheço um senhor — ministro da Eucaristia, que vai à missa todos os dias - que postou, em um grupo de WhatsApp, onde defendeu a minha expulsão, a foto de uma família negra, com pais e filhos descalços, possivelmente imigrantes, e escreveu: “Portugal não merece isso.” Teria ele a mesma reação se fosse uma família ucraniana de olhos azuis ?

Trata-se de uma atitude claramente racista e de profundo desprezo pelos pobres. É o retrato de uma fé distorcida: reza, comunga, serve no altar - mas rejeita e desumaniza justamente aqueles com quem Cristo mais se identificou. Jesus disse: “O que fizerdes ao menor dos meus irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25,40). Essa contradição entre prática religiosa e exclusão revela um cristianismo apenas de fachada - o tipo que Jesus mais condenou: sepulcro caiado.

Achei triste, mas não me surpreendi. Pelas mensagens que costumava postar, trata-se de mais uma viúva da ditadura salazarista em Portugal - típico representante do catolicismo de extrema-direita.

Justiça seja feita: o pároco da igreja onde esse senhor serve, sempre que o tema da homilia envolve imigrantes, pede respeito e consideração. Nunca esquece que milhões de portugueses também emigraram para outros países.

“Ele,[Jesus] porém, lhes disse: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.” (Marcos 7:6)

Católicos de extrema-direita e fascistas têm DNA (ADN) compatíveis.

 Em muitos casos, o comportamento de católicos de extrema direita se aproxima de um comportamento fascista, conforme descrito por Jason Stanley no seu livro “How Fascism Works: The Politics of Us and Them” (Como o Fascismo Funciona: A Política do Nós e Eles). A adesão a uma moralidade superficial, focada em aparências e rituais externos em detrimento de ações concretas de transformação social, é uma das características centrais de regimes autoritários. Stanley argumenta que, ao criar divisões entre "nós" (os moralmente puros) e “eles” (os inimigos ou os marginalizados), o fascismo manipula a fé e os símbolos religiosos para consolidar seu poder. Da mesma forma, setores da direita religiosa frequentemente se apegam a uma visão punitiva e rigidamente moralista, ignorando as necessidades sociais mais profundas e resistindo a mudanças estruturais que promovam a igualdade. Essa postura não só distorce os ensinamentos cristãos, mas também fortalece a perpetuação de um sistema político e social desigual, refletindo, assim, comportamentos que ecoam práticas fascistas de controle e opressão.

Com o advento do novo Papa Leão XIV, tudo mudou. Felizes porque se livraram do Papa Francisco, os neo-fariseus já estão divulgando citações falsas, atribuindo a ele palavras que se encaixam em suas próprias narrativas. Vídeos com discursos falsos do novo Papa também estão circulando. Já assisti dois. O objetivo é claro: apagar a memória do Papa Francisco e moldar Leão XIV as suas imagens e semelhanças, “vendendo”  um Papa dos seus sonhos.

Eu detesto ser estraga-prazer, mas na Diocese de Chiclayo, no Peru, onde o bispo Roberto Prevost foi titular, havia Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), como em muitas regiões da América Latina; especialmente onde a Igreja Católica mantém forte atuação social e pastoral junto aos pobres.

Mensagem fake do Papa Leão XIV

    Originárias da América Latina, com impulso decisivo no Brasil, as CEBs consistem em pequenos grupos de cristãos, em sua maioria católicos, que se reúnem regularmente para refletir sobre as Escrituras, viver a fé em comunidade e discutir temas relevantes à realidade local, sempre à luz do Evangelho. Seu surgimento foi fortemente influenciado pelo Concílio Vaticano II e pela Teologia da Libertação.

No Peru, as CEBs tiveram papel marcante desde a década de 1970. Apesar da resistência de setores mais conservadores da Igreja, continuaram a expressar uma fé comprometida com a vida e a luta dos mais pobres.

Vale lembrar que o bispo Roberto Prevost também integrou a liderança da Cáritas Peru - organização católica voltada para a promoção humana e o serviço aos necessitados, com forte atuação junto a comunidades de base. Isso reforça seu envolvimento direto com práticas pastorais alinhadas aos movimentos populares e à Igreja dos pobres.

Estou começando a achar que o Papa Leão XIV tem raízes comunista. Graças a Deus

 Neste domingo, o Papa Leão XIV tomou “posse”, com uma missa pública na Praça de São Pedro no Vaticano. Em sua homilia o Papa lembrou a importância da fé em tempos de incerteza e disse que conduzirá a Igreja com “coragem, clareza e caridade”. 

Resta reconhecer o mistério que permeia cada eleição papal: “O Espírito Santo sopra onde quer” (João 3:8) - e assim foi escolhido Leão XIV.

Cláudio Nogueira 

 

PS1.   A ultradireita como sempre mentindo posta mensagens fake atribuídas ao novo Papa. Isso é só o início. Neste vídeo de conteúdo  fake o: "Papa Leão XIV surpreende o mundo ao citar Bolsonaro em discurso histórico | veja o que ele disse..."    

PS2. Steve Bannon é um ex-banqueiro e ex-diretor de mídia, conhecido por seu papel central na ascensão do populismo de direita nos Estados Unidos e em outras partes do mundo. Ganhou notoriedade por sua forte ligação com Donald Trump, tendo sido chefe da campanha presidencial de 2016. Foi estrategista-chefe da Casa Branca e conselheiro sênior do presidente Trump entre janeiro e agosto de 2017. Nesse mesmo ano, rompeu com a Casa Branca após declarações polêmicas sobre a família do presidente, publicadas em um livro. Atualmente, não ocupa nenhum cargo no governo.  

É considerado o guru dos filhos de Bolsonaro, especialmente de Eduardo Bolsonaro, que frequentemente o visita ou o cita publicamente.

Bannon manifestou receio que o cardela Robert Prevost fosse eleito Papa: 

"Bannon prevê que Robert Francis Prevost será eleito Papa."

"Eu acho que um dos azarões — e, infelizmente, um dos mais progressistas — é o cardeal Prevost. Não acho que ele esteja ganhando atenção. Mas ele certamente está na lista de favoritos. Acho isso bastante chocante, dado o desprezo que eles têm pela Igreja americana. A Igreja americana dá muito dinheiro. Eles têm medo de que ela tenha muito poder, então nunca querem um papa americano. Mas na minha compreensão Prevost é um dos mais próximos de Francisco ideolgicamente. E tem muita experiência na América Latina. Então ele é um dos favoritos", disse Bannon.

                                                                                                                                                                                                                                                                     

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           

𝐓𝐇𝐄 𝐏𝐎𝐏𝐄 𝐈𝐒 𝐀 𝐂𝐎𝐌𝐌𝐔𝐍𝐈𝐒𝐓...𝐓𝐇𝐀𝐍𝐊 𝐆𝐎𝐃 !

 " I am the good shepherd. The good shepherd lays down his life for his sheep. I am the good shepherd. I know my sheep, and my sheep know me, just as the Father knows me and I know the Father. I lay down my life for my sheep."(John 10. 13-15)

Habemus Papam!

After seventeen days of sede vacante, the cardinals have chosen a worthy successor to the irreplaceable Pope Francis: the Peruvian-American cardinal Robert Francis Prevost, who already carries Francis in his second name.

It is deeply meaningful that his ministry began in a Jubilee Year, and that his first Sunday was that of the Good Shepherd: Habemus Pastorem! Hallelu Yah! Laudate Dominum!

If I, a mere mortal, noticed this coincidence, how much more so must the Pope himself have. In his message on Good Shepherd Sunday, May 11, he said to the faithful gathered in St. Peter’s Square at the Vatican: “I consider it a gift from God that the first Sunday of my service as Bishop of Rome is Good Shepherd Sunday.”

Had he adopted the name Francis II, he would not have been the first Pope to use his own name, and it would have clearly signaled continuity. However, he went further. By choosing the name Leo, he made a point of presenting his calling card. Just two days after his election, he explained to the cardinals the reasons behind this choice.

“I considered adopting the name Leo XIV. There are several reasons, but the main one is that Pope Leo XIII, with his historic encyclical Rerum Novarum, addressed the social question in the context of the first Industrial Revolution; and today, the Church offers everyone the richness of her social doctrine to respond to another social revolution and the development of artificial intelligence, which bring new challenges to the defense of human dignity, justice, and labor.”

As a Good Shepherd, he is attentive to the livelihood of his sheep.

The Encyclical that determined the name of the new Pope.

Rerum Novarum: De condicione operariorum. In English: “Of New Things: On the condition of workers,” written by Pope Leo XIII, published on May 15, 1891. It is considered the founding document of the Social Doctrine of the Catholic Church. It addresses the social and economic issues of the time, especially in relation to the working class, and responds to the challenges of the Industrial Revolution, highlighting the conditions of life of the workers, the growing economic inequality, and the exploitation in factories.

Pope Leo XIII defends the dignity of labor, the right of workers to a just remuneration, the creation of unions, and the social responsibility of both the State and employers. Moreover, the Encyclical reinforces the importance of social justice and the intervention of the Church in social matters, proposing a solution based on solidarity, justice, and the application of Christian principles in labor relations.

It was the Church’s first systematic response to the changes brought about by the Industrial Revolution. It also inspired several other encyclicals and social documents, such as: Quadragesimo Anno (1931), by Pope Pius XI; Mater et Magistra (1961), by John XXIII; Populorum Progressio (1967), by Pope Paul VI; Laudato Si’ (2015) and Fratelli Tutti (2020), by Pope Francis.

Notice the underlined words. There is a very holy people, most holy - more Catholic than the Pope -zealots of hypocrisy, who for far less used to call Pope Francis a “communist,” “because the Pope shouldn’t get involved in those matters.”

Because of Rerum Novarum, Pope Leo XIV chose that name. Is this Pope a communist too?

The neo-Pharisees, who criticized the encyclicals of Pope Francis, are now celebrating his departure on social media and rejoicing in the arrival of Leo XIV. I get the feeling they’re unfamiliar with Rerum Novarum—perhaps that’s why they’re happy about Pope Francis’s death and celebrating the election of Leo XIV.

If the new Pope admires the encyclical of Leo XIII to the point of choosing his name in its honor, and if Pope Francis wrote documents on themes similar to those of Rerum Novarum, then it is quite plausible that both share a similar social vision.

In mathematics, if A equals B, and B equals C, then A equals C. Therefore, it is possible that Leo XIV may also be considered a “communist.”

Photo # 1 "One less communist on earth" 

What do the encyclicals Fratelli Tutti (“All Brothers”) - so heavily criticized by the pulpit legalists - and Rerum Novarum have in common?

Rerum Novarum (1891) and Fratelli Tutti (2020) share essential foundations of the Church’s Social Doctrine, especially the defense of human dignity and the centrality of the common good. Both denounce economic systems that violate social justice. Rerum Novarum criticizes both unbridled liberalism and anti-property socialism, while Fratelli Tutti points to the evils of individualism, consumerism, and neoliberalism. The two encyclicals recognize the right to private property, but reaffirm that this right must be subordinated to the social function of goods, with a view toward solidarity and justice.

Moreover, the encyclicals converge on the idea that the State and society must protect the most vulnerable and promote dignified living conditions for all. Convenience Christians criticize any mention of the “State” caring for the poor, because they associate it with “socialism.” They claim that Fratelli Tutti and other encyclicals by Pope Francis have a “Marxist” tone, even though they are in continuity with Leo XIII, John Paul II (Centesimus Annus), and Benedict XVI (Caritas in Veritate).

Rerum Novarum focuses on the relationship between capital and labor, defending the rights of workers (“that's so communist!), while Fratelli Tutti expands this vision to the global stage, proposing universal fraternity as an antidote to exclusion, xenophobia, and indifference. Despite differences in language and context, both express the same Christian conviction: a just society is only possible when it is founded on charity, solidarity, and mutual responsibility.

The encyclical Laudato Si’ (“Praise Be to You”) was inspired by the Canticle of the Creatures by Saint Francis, which this year celebrates its 800th anniversary: “Laudato si', mi' Signore, per sora nostra madre Terra...” (“Praise be to you, my Lord, for our sister, Mother Earth…”).

It marked a decisive turning point in the Church’s Social Doctrine by addressing care for creation, social justice, and the global ecological crisis. For the superficial Christians of the Catholic right and far right, the Pope had overstepped his spiritual authority by involving himself in matters such as environmental policy, global economic structures, and climate science. The encyclical, by addressing the ecological crisis in connection with the global economic system, was seen by many as a critique of liberal capitalism: “typical communist stuff!”

Another point of friction was the acceptance of the scientific consensus on climate change, which Pope Francis clearly assumes as a human responsibility. For the modern inquisitors, skeptical of climate science, this stance aligned the Church with what they call the “globalist environmentalist agenda.” This position was even more unsettling because the Pope engages positively with international organizations like the UN, which these groups see as promoters of anti-Christian agendas.

However, many of the followers of these critics are easily swayed by what they hear. They parrot what they hear without any critical thinking. If you know someone like that, ask them to define what communism is — you’ll see they are completely lost.

Preferential option for the poor.

Say that phrase to a neo-Pharisee and watch the meltdown: cold sweat and wide eyes. To them, it sounds like “pure communism” - even though it is a central principle of the Church’s Social Doctrine and of the Gospel itself.

I asked a Brazilian acquaintance what she thought of the new Pope. The reason for the question was that I know her political stance and that she takes part in meetings of the Heralds of the Gospel—those people who wear tall boots and dress in medieval-style costumes. It’s a Catholic group founded in Brazil with pontifical approval, but in recent years it has been the subject of Vatican investigations regarding internal governance, liturgical practices, and possible doctrinal deviations.

In 2017, videos from internal meetings were leaked in which leaders of the group expressed harsh criticism of Pope Francis and, in some cases, even prayed for his “conversion.” They are direct heirs of TFP (Tradition, Family, and Property), a Catholic organization founded by Plinio Corrêa de Oliveira, known for his reactionary views and support for the military dictatorship in Brazil. TFP was known for its ultraconservative religious and political stance, being one of the most reactionary Catholic groups in Brazil during the past century.

She replied to me: “Yes, I liked him. I was afraid he might call himself Francis II, and I was also a bit apprehensive because he comes from Peru, the cradle of Liberation Theology, but I think he doesn’t follow that theology.”

Afraid that he would be named Francis II? The answer lies in the way she has idealized the Catholic Church.

My friend, let’s take it slow because the saint is made of clay! You can’t judge a heart by a face. Where did you get that certainty from? What if he was inoculated with Liberation Theology but hasn’t yet developed visible symptoms? It could be a typical case of an asymptomatic follower. And what if the symptoms show up in due time?

Liberation Theology was a movement that arose within the Catholic Church, born in Latin America, and had its most intense moments in the 1960s and 1970s. It sought to interpret the Christian faith from the reality of the poor and oppressed, defending that the Church should engage in the struggle against social, economic, and political injustices, focusing on the liberation of the marginalized.

The theology proposes that salvation is not only spiritual but also involves social transformation, promoting justice, peace, and equality. Inspired by the teachings of Jesus and a critical analysis of power structures, Liberation Theology seeks a more just and fraternal society.

My friend has reason to be worried — according to her vision of the Church, of course! — after all, Peru is the land of Father Gustavo Gutiérrez Merino Díaz (June 8, 1928 – October 22, 2024), theologian, philosopher, Dominican priest, and central figure of Liberation Theology. Gutiérrez taught at universities such as Notre Dame, Harvard, Cambridge, Berkeley, São Paulo, Lyon, Montreal, and Tokyo.

Photo # 2 Pope Francis and Fr. Gustavo Gutiérrez

His most influential work, A Theology of Liberation: History, Politics, and Salvation (1971), proposed a theological reflection that unites faith and social commitment, highlighting the “preferential option for the poor,” which became the heart of Liberation Theology and a fundamental principle of Christian action.

Would Saint Alphonsus Maria de Liguori (1696–1787), bishop, Doctor of the Church, moral theologian, and great popular missionary, be considered a “communist”? When he founded the Congregation of the Most Holy Redeemer in 1732, in Naples, Italy, he chose to “evangelize the poor, especially the most abandoned, promoting the abundant redemption offered by Christ.” Isn’t that a preferential option for the poor?

Several saints, such as Mother Teresa of Calcutta and Saint Vincent de Paul, made the preferential option for the poor the core of their ministries.

Saint Francis not only helped the poor — he became one of them. His choice was not to help “from above downward,” but to live among the poor as an equal, imitating the poor and crucified Christ.

“Francis of Assisi was the man of poverty, the man of peace, the man who loves and cares for creation… the man who teaches us to go out of ourselves to find others, especially the poorest,” said Pope Francis, explaining the choice of his name after being elected.

Here are some biblical passages that inspired Liberation Theology:

“The Spirit of the Lord is upon me, because he has anointed me to bring good news to the poor. He has sent me to proclaim freedom for the prisoners and recovery of sight for the blind, to set the oppressed free, to proclaim the year of the Lord’s favor.” (Luke 4:18-19)

“Truly I tell you, whatever you did for one of the least of these brothers and sisters of mine, you did for me.” (Matthew 25:40)

“For I was hungry and you gave me something to eat, I was thirsty and you gave me something to drink, I was a stranger and you invited me in, I needed clothes and you clothed me, I was sick and you looked after me, I was in prison and you came to visit me.” (Matthew 25:35-36)

“Is not this the kind of fasting I have chosen: to loose the chains of injustice [...] to share your food with the hungry...” (Isaiah 58:6-7)

The commitment to the poor is not optional: it is central to following Jesus. Gustavo Gutiérrez wrote: “Liberation theology is a new way of doing theology. It does not start from an abstract reflection, but from the lived practice of faith in the context of poverty and the struggle for justice.”

The preferential option for the poor is a continuation of Christ’s practice, who made the poor and marginalized a priority in his mission. By adopting this option, the Church not only follows Jesus’ example but also responds to the divine call for justice, equity, and salvation for all — especially for those most in need.

The preferential option for the poor arises from the fact that the rich have means to meet their needs — whether for food, housing, medical care, or other necessities — while the poor are often deprived of even the minimum, the essentials to survive. This contrast makes the reality of those who have and those who have not even more unequal. Jesus laments the greed of some rich people, as excessive attachment to material goods prevents them from experiencing true spiritual freedom. He emphasizes that while salvation is possible for everyone, the rich face a great obstacle, since accumulating wealth tends to distance them from God and others.

Jesus explained to his disciples that “it is easier for a camel to go through the eye of a needle than for a rich person to enter the kingdom of heaven.” When the disciples expressed surprise at this statement, He insisted even more, pointing out that for those who have wealth, it is extremely difficult to enter the Kingdom of God, because attachment to material things can be a great obstacle. (Matthew 19:23-24, Mark 10:23-25, Luke 18:24-25)

In the book A Life with Karol, written by Cardinal Stanisław Dziwisz, personal secretary to John Paul II throughout his pontificate, he recounts that the Pope initially had difficulty understanding the Church’s leftward inclination in Latin America, especially since he had lived under a communist regime.

However, according to the cardinal, the Pope changed his perspective when he had the opportunity to visit the Alagados favela in Bahia and other poor communities in Mexico City. From this experience, John Paul II came to understand the “preferential option for the poor” and recognized that this choice was deeply in harmony with the teachings of the Gospel.

Cardinal Dziwisz also mentions that after this change in vision, the Pope began to refer to the Brazilian Archbishop Hélder Câmara as “my brother.”

Archbishop Dom Hélder Câmara (1909–1999), of Olinda and Recife, once declared: “When I give food to the poor, they call me a saint. When I ask why they are poor, they call me a communist.”

(Hélder, the Dom: A Life That Marked the Course of the Church in Brazil, by Zildo Rocha.2000)

By questioning the structural causes of poverty and people’s indifference toward the needy, he was often labeled a communist. This label served as a way to deflect criticism - especially by those who preferred to ignore the harsh reality of poverty and focus only on themselves.

This quote was recalled by Pope Francis in a speech to the Roman Curia, when he referred to Archbishop Hélder as “that holy Brazilian bishop,” highlighting his commitment to social justice and his option for the most vulnerable.

In 1987, I studied at Louisiana State University in Baton Rouge. The director of ELOP (English Language & Orientation Program) asked some of us Brazilian students to record a video about the program, which was to be presented at a fair in Rio de Janeiro. When he returned, he invited us to lunch and shared that a priest friend had taken him to visit a favela. His reaction and comments were very similar to those of Pope John Paul II. He said he now understood why leftist ideology had such strong appeal in Latin America.

But it is not a leftist ideology - it is the concrete application of Christ’s message, especially the commandment to love one’s neighbor and the preferential option for the poor.

Part II

When the Devil Gains a Voice: The Breakdown of Friendships and the Moral Collapse of Brazil

I had friends - dear friends. Devout Catholics, people who had prayed more than once in my home, who stood by me during defining moments in my life. We were united by the same faith and religion. Some were personal friends, others virtual acquaintances on social media, with whom I shared a harmonious, affectionate, and respectful relationship. People whom, until recently, I considered part of my closest circle.

But then Brazil saw a figure emerge from the shadows—one who would change everything: the "apostle of the Devil." For now, I won’t mention his name; even the most inattentive reader will know whom I’m talking about.

This man, elected to protect life, allied himself with death and mocked the suffering of families with scorn. He was a denier by choice, driven by his own moral rottenness. He refused to acquire vaccines even when offers were available, deliberately turning down the opportunity to save thousands of lives. He infamously said he “wasn’t a gravedigger” in the face of mass deaths. With cynicism, he made a mockery of other people’s pain.

Inhumane and diabolical: he mimicked, on camera, the gasping agony of people dying from lack of oxygen—grotesquely gesturing, laughing, performing the final moments of those suffocating in overcrowded hospital corridors, while desperate families begged for help. He mocked such suffering, as if death and pain were some kind of joke. He ridiculed masks, scoffed at medical guidelines, and openly discouraged vaccination. He said that “only sissies” would die from Covid-19, and that “real men” weren’t afraid of the virus. This wasn’t ignorance—it was deliberate cruelty. He said it all to provoke, manipulate, and lead people to dismiss the very real danger they faced, even as thousands of avoidable deaths mounted.

An utterly despicable and repugnant individual. He openly claimed that the military dictatorship should have killed over 30,000 people. His declared hero: a torturer and assassin.

While the country grieved, he encouraged mass gatherings—condemned by scientists—walked maskless through crowds, embraced supporters during motorcycle rallies, and used the tragedy as a political stage. He mocked the victims, blamed doctors, attacked science. He said, “Everybody’s going to die someday anyway.” He claimed that anyone who took the vaccine would turn into a crocodile. He told journalists to shut up. He laughed—always laughed—while the dead piled up. Someone like that is not a person. He’s a beast. A vile creature.

    - Do you already know who I’m talking about? That’s right. Bingo!

    - How do you know it’s him?“Because everything that was said fits him perfectly.”

    - Why do I consider him the apostle of the Devil? Because I truly believe he is.

When I think of Bolsonaro, I immediately remember the Italian priest Gabriele Amorth, widely recognized as the Vatican’s most famous exorcist, who passed away in 2016. I see Bolsonaro as one of the real-life characters who could have been treated by him, like those described in his books: The Last Exorcist; Mary, a Yes to God; An Army Against Evil; God is More Beautiful Than the Devil; We Will Be Judged by Love; The Gospel of Mary: The Woman Who Defeated Evil; Begone, Satan!; Investigation on the Devil; The Sign of the Exorcist and Father Gabriele Amorth: The Official Biography.

The exorcist priest recounts many cases and affirms that the Devil doesn’t appear like in the movies, unless provoked by an exorcist. “He’s out there, living inside some people,” he says—and even cites concrete examples.

People!? Is there more than one?

“What is your name?” And he replied: “My name is Legion, for we are many.” (Mark 5:9)

I would love to see Father Gabriele take this man by the hand and ask, as he did with others: “Who’s there?”

It was to him that much of the Catholic right and far-right allied themselves—rough sketches of fascists—though not all of them.

It’s very important to make this clear: not everyone who voted for that man attacked the Church or went on social media calling Pope Francis and Brazilian bishops communists.

For the record: not liking Lula is anyone’s right. But that doesn’t oblige anyone to admire a psychopath.

For three years, while he was still president of Brazil, a friend of mine used to send me messages praising him and attacking Lula. Never, not once, did I talk politics with her. For more than three years, I never commented or contested her almost daily messages because I didn’t want to lose her friendship. But the last straw for me was when she sent me a message claiming that the bishops of the CNBB (National Conference of Bishops of Brazil) were communists. And this, coming from someone who goes to Mass daily, and proudly posts photos on Facebook—then and now—with emeritus and current ecclesiastical authorities from Manaus. Do they have any idea what she said behind their backs?

This, from someone who lost family members to Covid. A diehard denier, she condemned—and still condemns—the use of vaccines. Someone please tell me, for the God's sake: was it the left who discovered the vaccine? The truth is that the son of the father of lies, driven by a morbid desire for more deaths, denied the vaccine—and she, completely disregarding her Christian formation, followed him blindly, as if to say: “We will do whatever the devil commands.”

The same story repeated itself with another friend, who had prayed the rosary several times in my home, with friends and my family. Despite the distance, we often talked via WhatsApp. As a rule, the topic was always something religious. I’ll say it again: we never talked about politics. I was aware of her political stance, always explicit in her Facebook posts.

But just a few hours after Lula won the election against that unhinged man, she sent me a voice message—screaming, and, curiously, just as unhinged. She hurled all sorts of insults at me. My ears are not a sewer.

I distinctly remember her claiming that Lula was a drug trafficker. Well then, she should go to the Public Prosecutor’s Office and report it! I had heard many unprintable adjectives used about him before, but “trafficker” was a new one. She pretends to forget that 86 pounds of cocaine were found on the Brazilian presidential plane in June 2019, during an official trip of President Jair Bolsonaro’s entourage to the G20 summit in Japan.

In angry and hysterical screams—almost in a trance—she was casting curses on Lula, and according to her, it would be none other than Our Lady who would carry them out and return Bolsonaro to power. She spoke as if Divine Justice were about to take the stage, dressed in a heavenly robe, to restore to the throne that morally despicable man.

I heard nonsense after nonsense, in such an absurd sequence that the only thing missing was the soundtrack of the Apocalypse. And there I was, in silence, wondering: what fault is mine, if I didn’t even vote in Portugal?

That’s when she began her personal crusade against part of the Church. Since then, she has been practically on a divine mission: attacking on social media every single member of the Church who hasn’t surrendered to her political-messianic project. A true influencer of selective faith.

Dreaming of a civil war—deaths, more deaths, and even more deaths!—Bolsonaro nurtured the desire to see all his followers armed to the teeth. He advocated the unrestricted release of weapons to “good people,” meaning those who think and act exactly like him.

On October 12, 2021, during the solemn Mass celebrating the feast of Our Lady of Aparecida, Archbishop Orlando Brandes delivered a strong and emphatic critique of the growing culture of armament in Brazil, ironically invoking the government’s slogan “Beloved Homeland.”

In his sermon, Archbishop Orlando stated categorically: “To be a beloved homeland, [as our national anthem says], it cannot be an armed homeland.”

Another friend, inseparable from the one mentioned earlier, posted a Facebook message criticizing the archbishop and added that “this will not be forgotten.” In other words, God would not forget to punish the archbishop for his boldness.

These are just three examples—and they’re far from isolated cases. I have a veritable encyclopedia on this: on the behavior of the Catholic right and far-right, which have allied themselves with reactionary sectors of the Church to attack bishops and Pope Francis—with astounding aggression.

No one can take this credit away from the Son of the Devil: thanks to him, a lot of so-called “good people” came out of the closet. They were wolves in sheep’s clothing. He is responsible for the rise of the “Phariseeminions” — individuals who display a religious or moralistic posture (like the Pharisees), but are also fervent and uncritical followers of former president Jair Bolsonaro, also known as Bolsominions. In other words, a “Phariseeminion” is someone who presents themselves as a defender of morality, Christian faith, and “traditional values,” but acts with hypocrisy, intolerance, or hateful rhetoric — often supporting aggressive, anti-democratic, or unethical political stances, which contradict the very Christian values they claim to uphold.

Thousands became enraged with the Church because it didn’t support the authoritarian and far-right Brazilian candidate. As absurd as it sounds—something surreal—they see in his second name, "Messias" (Messiah), not a mere coincidence: they believe they are in the presence of a defender of morality and good customs, regardless of what he said or did.

Before continuing and revealing who feeds this group with reactionary ideas and attacks on the Pope and bishops—widely disseminated on social media—it’s necessary to clarify something.

As we’ve seen, many Catholics became outraged with the Church for political reasons. Among them, some found refuge in reactionary groups and began to echo their ideas.

These groups, although politically motivated, primarily attack the Pope for religious reasons: because they oppose the Second Vatican Council, argue that Mass should be celebrated exclusively in Latin, among other positions we’ll explore shortly.

To introduce Brazil’s main reactionary group, I need to tell a short story.

Earlier, I mentioned that I asked an “acquaintance” what she thought of the new Pope. This time, I asked a question to a woman I didn’t know, who attends one of the churches where I usually go to Mass.

I noticed that, when receiving Communion, she kneels and takes the host on the tongue. Both the priest and the deacon are present at the celebration—but she never receives Communion from the deacon.

Typical behavior of the new Pharisees.

I know this profile well: almost saintly. But I avoided jumping to conclusions—not everyone who receives Communion that way attacks the Pope. However, many who do take that approach claim—and post—that Pope Francis is a communist.

I approached her and started a conversation:

— You're Brazilian, right?

She confirmed. I already knew. I had heard her speaking Brazilian Portuguese. So I moved to the second question:

— What do you think of the new Pope?

She said she liked him. So I went for the third question—really the one I was aiming for:

— And what do you think of Pope Francis?

She said she liked him, although she didn’t agree with everything. She pointedly asked me if I had read the encyclical Fratelli Tutti. She seemed quite opposed to it.

I wasn’t bothered by the question—in fact, I was glad I approached her, and even glad I was wrong about her—because I avoided making an unfair judgment.

When we were already outside the church, she called me and asked why I had asked those questions.

I replied that the way she received Communion reminded me of people who do the same and often call the Pope a communist—I told her I noticed that wasn’t her case, and I made that clear.

I added that I know some people who receive Communion that way and who like to criticize the Church—“Narcissus finds ugly what isn’t a mirror.” Specifically, I mentioned one who frequently criticizes the Lenten Fraternity Campaign and spreads videos of priests who invent doctrines that add nothing to the Gospels nor lead to salvation. I told her that, in my view, following those teachings doesn’t guarantee heaven, just as not following them doesn’t lead to hell.

I mentioned that one of those people had posted a video of a priest forbidding us to open our arms during the Our Father. According to him, that gesture represented the crucified Christ and, for that reason, we should pray with hands joined.

I said that this kind of behavior, in its superficiality, can be described as Pharisaical, as it reveals a morality that favors appearances and external rituals over truly transformative and charitable actions.

The idea that simply attending Mass every day, making pilgrimages to shrines, or considering oneself “good” because of religious practices—without real commitment to social justice—reflects a posture that ignores deeper human needs.

“But someone will say: You have faith, and I have works; show me your faith without your works, and I will show you my faith by my works.” (James 2:18)

Not rarely, this type of religiosity aligns itself with authoritarian and oppressive regimes, which seek to control and manipulate faith to justify power and exclusion.

She interrupted me with long and harsh criticisms of this year’s Lenten Campaign.

And then she dropped this gem:

— The CNBB does not represent the Brazilian Church. The CNBB is just a bishop’s organization.

For the record: the themes of the Lenten Campaign each year are chosen by the CNBB itself.

She also criticized the Fratelli Tutti encyclical and said I should get more informed. She suggested I check out the Centro Dom Bosco's website.

When I heard that, I felt a shiver all over my body. We debated for about fifteen minutes. Every other sentence, she repeated that I was “clueless” and needed to consult the Centro Dom Bosco  “to be properly catechized”—not in those exact words, but the subtext was clear.

Stunned, the only thing I managed to ask was: Are you referring, by any chance, to that center frequented by the actress Cássia Kiss, known for her defense of religious fundamentalism and alignment with political authoritarianism?

That shiver came precisely because I know exactly what the Centro Dom Bosco is—and I also know it has no relation to the Salesian Congregation.

It’s necessary to explain to the reader what the Centro Dom Bosco is, and especially for Portuguese readers, to contextualize what the Lenten Campaign is, and why so many Catholics who call the Pope a communist hate it.

The Fraternity Campaign (Campanha da Fraternidade), started in 1964, is an annual initiative of the CNBB (National Conference of Bishops of Brazil) that proposes a theme related to Christian faith and the country’s social reality, encouraging reflection, conversion, and concrete action during Lent.

In 2025, the theme was “Fraternity and Integral Ecology” and the motto was “God saw that it was all very good” (Gen 1:31).

Inspired by the 800th anniversary of St. Francis of Assisi’s Canticle of the Creatures, the 10th anniversary of Pope Francis’s encyclical Laudato Si’, and the upcoming COP 30 (UN Climate Change Conference) in Belém, Brazil, this year’s campaign invites ecological conversion and care for God’s creation. Far-right Catholic groups such as the Centro Dom Bosco and Confraria Dom Vital criticized this year’s campaign. They argue that it promotes an “ideological agenda” aligned with secular environmentalism and globalism, distancing itself from traditional Catholic doctrine.

Who are these groups?

When I lived with my family in Canada, in 2012, we were visited by two young Mormon women from the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints. I let them in and allowed them to speak freely before challenging anything. They told us that Joseph Smith, founder of their church, had received the mission to restore the true Church of Jesus Christ. In essence, this same claim underlies the actions of these far-right Catholic centers: the idea of restoring—in their way—what they consider to be the true faith or true order.

I've already commented on other reactionary Catholic groups, such as the Heralds of the Gospel and Tradition, Family and Property (TFP).

The Centro Dom Bosco is composed of traditionalist lay Catholics who stand out on social media for their aggressive rhetoric against Pope Francis, the CNBB, and documents such as Laudato Si’ and Fratelli Tutti. They claim to represent the “true faith” and promote a narrow vision of Catholicism, marked by a supposed orthodoxy that rejects the reforms of the Second Vatican Council.

The Confraria Dom Vital operates in a similar way, promoting ultra-conservative content and encouraging boycotts of the Lenten Campaign. Both groups advocate a return to the Tridentine Mass (in Latin, with the priest facing away from the congregation), scorn the use of vernacular languages in the liturgy, and cling to external forms of piety—as if visible gestures and postures could guarantee salvation, regardless of one’s commitment to justice, charity, and living the Gospel.

Both groups foster a Pharisaical religiosity focused on rules and appearances, and politically align with the far right, promoting disobedience to the Church's Magisterium and hostility toward any openness to dialogue with the contemporary world.

They criticized Pope Francis when he defended the rights of the marginalized, migrants, or denounced the economic causes of poverty. In their discourse, they romanticize suffering, exalt resignation, and reject any critique of the system that creates inequality.

This stance not only strays from Christianity’s most humanistic principles, but also helps sustain a political and social system that disregards the poor and vulnerable. The focus on empty rituals, without commitment to necessary societal changes, turns faith into an instrument of control and oppression, rather than a force for liberation and equality.

Here in Portugal, I know a man—a Eucharistic minister who goes to Mass every day—who posted, in a WhatsApp group where he advocated for my expulsion, a photo of a Black family—barefoot parents and children, possibly immigrants—and wrote: “Portugal doesn’t deserve this.” Would he react the same way if it were a blue-eyed Ukrainian family?

This is clearly a racist attitude and a deep contempt for the poor. It is the image of a distorted faith: he prays, receives Communion, serves at the altar—but rejects and dehumanizes those with whom Christ most identified. Jesus said: “Whatever you did for the least of these brothers and sisters of mine, you did for me.” (Mt 25:40). This contradiction between religious practice and exclusion reveals a facade of Christianity—the kind Jesus most condemned: a whitewashed tomb.

I found it sad, but not surprising. From the messages he usually posts, he’s just another widow of the Salazar dictatorship in Portugal—a typical representative of far-right Catholicism.

To be fair: the parish priest of the church where this man serves always asks for respect and consideration whenever his homilies address immigrants. He never forgets that millions of Portuguese people also emigrated to other countries.

“He replied, ‘Isaiah was right when he prophesied about you hypocrites; as it is written: This people honors me with their lips, but their hearts are far from me.’”(Mark 7:6)

Photo #3. Fake message from the Pope. Translation below

Far-right Catholics and fascists share compatible DNA.

In many cases, the behavior of far-right Catholics closely resembles fascist behavior, as described by Jason Stanley in his book How Fascism Works: The Politics of Us and Them. The adherence to a superficial morality, focused on appearances and external rituals rather than concrete actions of social transformation, is one of the core features of authoritarian regimes. Stanley argues that by creating divisions between “us” (the morally pure) and “them” (the enemies or marginalized), fascism manipulates faith and religious symbols to consolidate power. Likewise, sectors of religious conservatism often cling to a punitive and rigid moralism, ignoring deeper social needs and resisting structural changes that promote equality. This stance not only distorts Christian teachings but also reinforces the perpetuation of an unequal political and social system—thus echoing the practices of fascist control and oppression.

With the advent of the new Pope Leo XIV, everything changed. Happy to be rid of Pope Francis, the new Pharisees are already spreading false quotes, attributing to him words that fit their own narratives. Fake videos with speeches by the new Pope are circulating. I’ve already seen two. The goal is clear: to erase Pope Francis’s memory and reshape Leo XIV into their own image and likeness—to sell the Pope of their dreams.

I hate to spoil the party, but in the Diocese of Chiclayo, Peru, where Bishop Roberto Prevost once served, there were Base Ecclesial Communities (CEBs), as in many regions of Latin America—especially where the Catholic Church maintains strong social and pastoral work with the poor.

Originating in Latin America, with decisive momentum in Brazil, the Base Ecclesial Communities (CEBs) consist of small groups of Christians, mostly Catholics, who meet regularly to reflect on the Scriptures, live out their faith in community, and discuss issues relevant to their local reality, always in the light of the Gospel. Their emergence was strongly influenced by the Second Vatican Council and Liberation Theology.

In Peru, the CEBs have played a significant role since the 1970s. Despite resistance from more conservative sectors of the Church, they have continued to express a faith committed to the lives and struggles of the poor.

It’s worth noting that Bishop Robert Prevost was also part of the leadership of Caritas Peru — a Catholic organization dedicated to human development and serving those in need, with a strong presence among grassroots communities. This highlights his direct involvement with pastoral practices aligned with popular movements and the Church of the poor.

I’m starting to think that Pope Leo XIV has communist roots. Thank God.

This Sunday, Pope Leo XIV "took office" with a public Mass in St. Peter's Square at the Vatican. In his homily, the Pope emphasized the importance of faith in times of uncertainty and said he will lead the Church with “courage, clarity, and charity.”

We are left to acknowledge the mystery that surrounds every papal election: “The Spirit blows where it wills” (John 3:8) — and thus Leo XIV was chosen.

Cláudio Nogueira

PS1. Photo #1 is real. It was published by the newspaper O Estado de São Paulo, nicknamed Estadão. It reported the death of Pope Francis. The photo was used by haters who wrote on it: "One less communist on Earth" and shared it on social media. Several similar messages were posted on social networks.

PS2. Photo #3 contains a fabricated quote falsely attributed to the newly elected Pope. The message, which states "Communism has even penetrated Christian circles, disguised as solidarity. It is our pastoral duty to expose it," has been circulated on social media by certain Catholic groups seeking to project their own ideological views onto Pope Leo XIV.

PS3. As always, the far right is spreading lies by posting fake messages attributed to the new Pope. And this is just the beginning. In this fake video, titled:  'Pope Leo XIV shocks the world by mentioning Bolsonaro in a historic speech | see what he said...' (Content in Portuguese), the disinformation continues.

PS4. Steve Bannon is a former banker and media executive, known for his central role in the rise of right-wing populism in the United States and other parts of the world. He gained notoriety for his strong ties to Donald Trump, having served as the chief executive of the 2016 presidential campaign. Bannon was White House Chief Strategist and Senior Counselor to President Trump from January to August 2017. That same year, he broke with the White House following controversial remarks about the president's family, published in a book. He currently holds no government position.

He is considered a key ideological influence on Bolsonaro's sons, particularly Congressman Eduardo Bolsonaro, who frequently visits or publicly references him. (Click the link to watch the video)

Bannon predicts Robert Francis Prevost will be elected Pope