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domingo, 24 de outubro de 2010

A candidata da esquerda e o candidato da direta

Nessa eleição presidencial tínhamos dois candidatos de esquerda, ou centro esquerda. Mas o Serra virou candidato da direita, por isso está perdendo votos, como mostram todas as pesquisas feitas pelos maiores institutos/televisões/jornais do Brasil.
Eu tenho mais de três centenas de amigos que não gostam de nenhum dos dois; uma centena deles gostaria de ver o deputado federal militar Bolsanaro como candidato à presidência, mas como não votam em branco, estão fazendo campanha para o Serra. Simplesmente porque odeiam a Dilma, ou odeiam o PT. Esse nicho de votos o Serra já tinha assegurado. Já era dele.
A grande maioria dos votos da Marina - dados por um eleitor mais esclarecido, como foi apontado pelas pesquisas - migraram para o Serra. Principal motivo: não querem ver mais o PT no poder. O representante deste eleitor verde é o deputado federal Fernando Gabeira, que foi deputado petista, saiu, voltou e saiu novamente. É o voto-magoado com o PT, porque o programa petista e a história de vida do sujeito está muito mais perto do PT do que do programa do PSDB.
Agora, o Serra cai nas pesquisas. Ele tentou abocanhar um market share do eleitorado que já era dele, e se afastou do eleitor de esquerda e de centro: "Na passagem para o segundo turno, a direita serrista trouxe seu arsenal tradicional. Aborto, criancinhas, Deus, terrorismo, ética na política…. Serra é do bem, todo o resto é do mal. Uma receita lacerdista completa." Com direito a santinho e tudo.
Os eleitores da Marina (a ex-petista) seguem Serra até um determinado ponto, a partir do qual entram em crise de consciência. Por isso votos de Marina começam a migrar para a Dilma.
Quando o PSDB escolheu o Índio da Costa do DEM, para ser vice de Serra, não foi somente porque o senador Álvaro Dias, que recusou o cargo, foi mais fiel ao irmão, candidato ao governo do Paraná pelo PDT, e apoiado pelo PT, do que ao partido. A escolha do silvícola foi também um afago a direita orfã. Pelo mesmo motivo foi que Lula escolheu José Alencar para ser seu vice: para acalmar a direita e dizer que tinha até empresário de "peso" lhe apoiando. Deu certo com Lula, mas os resultados desta eleição mostram que o grande perdedor foi o DEM. O partido ficou bastante encolhido; portanto, esse Índio não vai ajudar muito.
Em resumo, a direita já estava garantida, mas os marqueteiros de Serra empurram a campanha mais para a direita, assustando o eleitor de centro-esquerda, e até o eleitor onde-tem-pt-sou-contra.
Além do que o eleitor descobriu que Serra não é santo, apesar de não poder ver um culto ou missa em andamento que faz cara de madre Teresa e entra mesmo sem permissão, como aconteceu na festa de são Francisco no Ceará, onde levou uma mijada pública do padre. "Jereissatti, descontrolado, passou a gritar que o padre era um petista e tentou subir no altar."
E ele mente também. Também porque todo mundo mente, mas nós não somos candidato(a)s a nada, O Serra é. Assinou um termo se comprometendo a não deixar a prefeitura de São Paulo, para concorrer ao governo do Estado. Como diria Orlando Silva: "jurou, mas não cumpriu". Mas isso foi, para um santo, um pecado pequeno, venal. Agora, dizer que não conhecia o Paulo Preto; ser ameaçado pelo sujeito e voltar atrás; se foi um pecado grande eu não sei, mas o resultado está aí. O Paulo Preto é o Erenice do Serra. Muito pior. Dilma nunca disse que não conhecia a Erenice. E Paulo Preto está envolvido, do ponto de vista da Justiça Eleitoral, em pecado mortal, passivo da pena capital: Caixa 2. Dizem que o sujeito deu sumiço em apenas 4 milhões da campanha tucana. E a filha do Preto trabalhava no gabinete do tucano. Com essa Serra teve a santidade revogada.
Outras verdades vieram a tona: "O sigilo [bancário que até hoje ocupa grande espaço da mídia] não foi quebrado pela turma da Dilma, e sim por um repórter de O Estado de Minas, acionado porque o deputado [tucano] Marcelo Itagiba estaria levantando informações contra Aécio Neves." Colocaram a culpa na Dilma, mas era tucano espionando tucano. Aqui está o fac símile da declaração completa do jornalista Amaury Ribeiro Jr. à Polícia Federal: http://www.estadao.com.br/especiais/2010/10/documento_amaury.pdf
Agora é a bolinha de papel. A mise en scène foi forte demais. Virou motivo de gozação no Twitter. Só quem acreditou no rolo de fitas foram os marqueteiros do Serra, ele, a mulher dele, a Globo, o Molina e os que vão votar nele de qualquer jeito. Viram que a repercussão foi um tiro no pé, tanto que ontem não tocaram mais no assunto.
Essa é a última semana da campanha, e promete ser emocionante. Dilma está com 12% dos votos válidos na frente do Serra, mas vale lembrar que cada 1% de votos que Serra conquistar, a diferença entres eles diminui 2%. Então a luta de Serra é para crescer 6%, o que é difícil mas não impossível. É melhor não contar que essa eleição já está decidida. Afinal para que serve um bom escândalo!?

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