Meu
querido Babá.
Eu
leio os teus textos, que alguns erradamente dizem ser
anticlerical (El Che Papa). Eu não concordo com isso. Eu sou da mesma idade que o Públio
Caio. Na realidade, sou exato dois meses mais velho. Eu falei mamam e papa, antes dele. Nossa participação,
quando jovens na Igreja, se deu conjuntamente, no nosso clube de jovens da
igreja Nossa Senhora Aparecida. Portanto, sendo contemporâneo dele, sou
formado, como disseste, pela doutrina do papa gordo e bonachão.
Consequentemente, sou pós-Vaticano II, também, mais condescendente com as pessoas
que não rezam pela nossa cartilha, a Bíblia; ou não rezam de forma nenhuma.
Acompanho a tua caminhada de libertação... Esse assunto mal resolvido que deve
estar preso no teu coração todos esses anos. E ao invés de pagares 200, 300
reais por uma consulta com um terapeuta, compartilhas conosco os teus
sentimentos, ou fantasmas: "Eu fiquei mais amargo, rancoroso e ressentido." Conte sempre comigo, pois se escreves e divides
conosco, certamente, esperas que entendamos as tuas ideias e pontos de vista;
que sabes muito bem, que não é uma verdade universal, e nem é compartilhado por
todos. Mas estamos aqui para te entender. Esse é o dever de todo cristão: amar
e tentar entender o próximo, mesmo quando não concordamos com suas ideias, mas
vamos tentar ter um pouco de empatia. Santo Agostinho orava: “Ajudai-me Senhor
a suportar o que o próximo tem de incômodo.” Isto é, nem sempre o que os outros
dizem nos agrada. "É que Narciso acha feio o que não é espelho."
Em
muitíssimas coisas avançaste com o tempo. Evoluíste do rádio a válvula, com
muita estática, para a Internet. Em outras coisas avançaste mais que o tempo. Espero
que esses textos cuja figura central é o Papa ou a Igreja, (O PAPA NO BECO DA BOSTA: http://www.taquiprati.com.br/cronica.php?ident=1020) te ajudem a avançar
também. Te ajudem a colocar pra fora, a desbloquear a tua mente, na figura
papal, ou no papa da tua infância, e consigas, como conseguistes em outras
áreas, passar para o estágio seguinte... ou para o papa seguinte, o bonachão.
Escreve,
continua escrevendo, e conta com as minhas orações. Se lembrar da
Cruzada te causa um certo mal estar, te liberta dela. Nós somos pessoas
diferentes, e absorvemos as coisas de forma diferente. Meus quatro filhos me
mostram isso todos os dias. Eu ensino as mesmas coisas aos quatro, e cada um reage de uma forma totalmente diferente. Lamento que a Cruzada tenha sido para ti uma
coisa desastrosa; espero e rezo que essa experiência negativa desapareça da tua mente. Felizmente, nem todos que dela participaram têm o mesmo sentimento, nem todos a consideram " uma aberração, que usava crianças para o exercício da intolerância."
Quando éramos crianças e estudávamos no Colégio Nossa Senhora Aparecida, todas às vezes que encontrávamos com um aluno do Grupo Escolar Cônego Azêdo, digo, Cônego Azevedo, nós praticávamos o que hoje se chama de bullying. Será que estávamos sendo usados por alguma freira (que nem se encontrava por perto) e não sabíamos? Ou era apenas traquinagens e peraltices infantis ?
Seja como for, todos devem respeitar a tua experiência; e talvez um possível trauma que
isso possa ter te causado. Provavelmente muitos dos teus e meus irmãos e
irmãs, e amigos vossos que dela participaram, gostariam muito de voltar aos
tempos da Cruzada na Igreja de Nossa Senhora Aparecida. Muitos relembram com
água nos olhos, as orações, os cânticos, a inocência e os amigos. Mas todos
têm que respeitar, se o teu sentimento não é o mesmo. Ah! Como eles adoraram
terem sido enganados pelo Papa. Azar deles de não terem a tua inteligência. Ou
seria paradoxalmente sorte deles? Porque até hoje não tiveram a percepção de
que foram enganados, e assim sendo não sofrem, mas vivem de uma lembrança que
muitos consideram uma infância feliz.
Hoje
é um lindo dia: “O dia que o Senhor fez para nós”. Dia de São José, meu santo
favorito. Patrono Universal da Igreja Católica e Padroeiro do Canadá. O dia
começou lindo, todo branco. Em dois dias estaremos, aqui no hemisfério norte,
na primavera; para muitos a mais linda das estações; aí, vocês, no outono. E na nossa
querida Manaus, a continuação do chuverno. Dia lindo, frio e muita neve. Pneu
furado. Estou trocando o pneu numa situação terrível, digo, um dia lindo e abençoado.
Um sujeito, um vizinho do nosso prédio, que nunca vi mais magro, para o carro,
abre a mala, tira um macaco hidráulico, uma parafusadeira elétrica, e me ajuda
a trocar o pneu. E diz: “às 17 horas eu volto do trabalho, eu levo esse pneu na
borracharia de um amigo, e consertamos o pneu.” Ele vai embora e a tempestade de
neve continua.
Um dia lindo, dia do glorioso São José. Em Montreal encontra-se
o maior templo do mundo dedicado ao santo. Grandioso, no alto do Mont Royal, ou
Mont Real. Na base do monte, o seminarista Manoel Bessa Filho estudou.
Juntei
tudo isso: A solidariedade daquele homem e as palavras do Pope Francis ou
François (por essas bandas ele é chamando assim) ditas hoje: "Hoje em meio a tanta escuridão
precisamos ver a luz de esperança e sermos homens e mulheres que TRAZEM
ESPERANÇAS PARA OS OUTROS. Proteger a criação, proteger cada homem e cada
mulher, olhar por eles com ternura e amor, é abrir um horizonte de esperança, é
deixar um raio de luz atravessar nuvens pesadas." Por isso decidir me
solidarizar contigo.
Gostei muito desse Papa
Chiquinho. Olha aí de novo: percepções diferentes da mesma realidade.
Ops ! No terceiro milênio Francisco não é mais Chico, é Fran; me corrigiu no face, a Ângela Dile Bessa Freire. Mas quando penso na Igreja, não é na figura papal que me apego (tão somente). Penso no glorioso São José, em madre Tereza de Calcutá, irmã Dulce, São Francisco de Assis, em João Paulo II, que ajudou a derrubar o Muro de Berlin (como escreveu seu fiel escudeiro e biógrafo, Cardeal Dziwisz). Penso em Puebla e Medellin com suas opções preferenciais pelos pobres. Penso no Brígido Nogueira, na Eliza Bessa Freire. Penso naqueles que se fizeram cabocos e abandonaram o Primeiro Mundo há mais de sessenta anos atrás para viver no Quarto Mundo, cheio de mosquitos e carapanãs, tudo para ir até os confins do mundo pregar o Evangelho. Penso na irmã Nete, amiga nossa que se mandou para morar na África, num vilarejo que não tem absolutamente nada além de malária. Penso numa religião exigente, de um Cristo exigente; que não me deixa fazer o que eu quero. O Cristo que manda que eu ame os meus inimigos. Penso num Cristo que diz: “Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, entrará no reino do céu, mas quem faz a vontade do meu Pai que está no céu.” Penso numa Igreja que errou muito (nada pior que a Inquisição) constituída de homens santos e pecadores, mas cujos pecados, não servirão para eu negociar com Cristo a redução da minha pena. Penso numa igreja fundada por Pedro, Paulo e apóstolos. Numa Igreja que tem de fazer tudo que o seu Mestre mandar; como disse Maria nas Bodas de Caná. Penso numa Igreja, que veio com um manual de instrução; desta forma, gostemos ou não, alguns preceitos são inegociáveis.Penso numa religião monogâmica (isso não tem o menor sentido na era do Viagra). Penso em me tornar muçulmano. Penso numa Igreja que diz “ Deus nunca cansa de nos perdoar, nós é que cansamos de pedir perdão.” Numa Igreja que divulga o perdão ao Filho Pródigo (Evangelho de 9.3.13), uma Igreja que diz: “Quem não tiver pecado atire a primeira pedra.” ( Evangelho de 16.3.13). Penso em Cristo vivo na Eucaristia, e definitivamente penso na mãe dele, na nossa mãe, em Maria Santíssima.
Babá Jesus te ama, eu te amo e o Fran (vixe ! vixe !) também.
Uma abençoada Quaresma, e uma feliz Páscoa.
Cláudio.
Ops ! No terceiro milênio Francisco não é mais Chico, é Fran; me corrigiu no face, a Ângela Dile Bessa Freire. Mas quando penso na Igreja, não é na figura papal que me apego (tão somente). Penso no glorioso São José, em madre Tereza de Calcutá, irmã Dulce, São Francisco de Assis, em João Paulo II, que ajudou a derrubar o Muro de Berlin (como escreveu seu fiel escudeiro e biógrafo, Cardeal Dziwisz). Penso em Puebla e Medellin com suas opções preferenciais pelos pobres. Penso no Brígido Nogueira, na Eliza Bessa Freire. Penso naqueles que se fizeram cabocos e abandonaram o Primeiro Mundo há mais de sessenta anos atrás para viver no Quarto Mundo, cheio de mosquitos e carapanãs, tudo para ir até os confins do mundo pregar o Evangelho. Penso na irmã Nete, amiga nossa que se mandou para morar na África, num vilarejo que não tem absolutamente nada além de malária. Penso numa religião exigente, de um Cristo exigente; que não me deixa fazer o que eu quero. O Cristo que manda que eu ame os meus inimigos. Penso num Cristo que diz: “Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, entrará no reino do céu, mas quem faz a vontade do meu Pai que está no céu.” Penso numa Igreja que errou muito (nada pior que a Inquisição) constituída de homens santos e pecadores, mas cujos pecados, não servirão para eu negociar com Cristo a redução da minha pena. Penso numa igreja fundada por Pedro, Paulo e apóstolos. Numa Igreja que tem de fazer tudo que o seu Mestre mandar; como disse Maria nas Bodas de Caná. Penso numa Igreja, que veio com um manual de instrução; desta forma, gostemos ou não, alguns preceitos são inegociáveis.Penso numa religião monogâmica (isso não tem o menor sentido na era do Viagra). Penso em me tornar muçulmano. Penso numa Igreja que diz “ Deus nunca cansa de nos perdoar, nós é que cansamos de pedir perdão.” Numa Igreja que divulga o perdão ao Filho Pródigo (Evangelho de 9.3.13), uma Igreja que diz: “Quem não tiver pecado atire a primeira pedra.” ( Evangelho de 16.3.13). Penso em Cristo vivo na Eucaristia, e definitivamente penso na mãe dele, na nossa mãe, em Maria Santíssima.
Babá Jesus te ama, eu te amo e o Fran (vixe ! vixe !) também.
Uma abençoada Quaresma, e uma feliz Páscoa.
Cláudio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário