Contra-indicado a e-leitores sensíveis aos componentes do texto.
Depois de três anos como superintendente da Suframa, Thomaz Nogueira deixou a cargo na última quarta-feira, num dos dias
mais felizes de sua vida. Não posso afirmar muita coisa sobre o sentimento de
outrem, mas esse eu posso. Foi o dia do casamento da sua filha mais velha.
Mas esse é um assunto dele. Rei morto, rei posto. Nosso assunto é outro: o novo e o futuro superintendente da Suframa.
O atual e interino, até que se decida ao
contrário, é o funcionário de carreira, Gustavo
Adolfo Igrejas Filgueiras, que era o superintendente adjunto de Projetos.
Está merecidamente no lugar certo. Tem o perfil desejado: é técnico, não é político (requisito
necessário segundo as associações empresariais); conhece muito bem a
instituição que dirige; conhece bem a Zona Franca de Manaus. Não sei se entende de guerra fiscal. Não estou
insinuando que não entenda. Estou dizendo que desconheço.
Pelo perfil técnico seria muito bom se fosse efetivado no cargo, mas não
creio que vá ser.
O super para atender os anseios
da sociedade amazonense, e não somente os do Planalto, leia-se, Ministério do Planejamento, Orçamento & Gestão e Ministério
do Desenvolvimento Indústria & Comércio Exterior, é necessário que não tenha apego ao
poder. Desta forma, sendo servidor concursado, Gustavo Filgueiras pode ter uma certa
independência, se não tiver medo de perder o cargo. Mas isso só funcionaria,
disse e repito, se não for apegado ao poder, e não se importar de volta a
trabalhar em outra função subordinada depois de ter sido efetivado como titular.
No momento deve estar certo de que é interino.
Diário Oficial da União - 10.11.14 |
Para ser o super da Suframa é necessário ser rico?
Não. Mas para não dizer sempre amém ao Planalto é necessário que o candidato
não se importe de perder o emprego. Foi por isso que o Thomaz Nogueira não temeu
sair da Suframa; pois há 35 anos é funcionário de carreira da Sefaz.
Vamos deixar as coisas bem claras. Não é função do
super peitar o Planalto. Mas para os nossos interesses amazonenses e para resguardar
a própria instituição é necessário que a pessoa tenha coragem de contestá-lo de
vez em quando.
Mas vamos voltar a Rebeca Garcia.
Se ela tem intenção de concorrer a Prefeitura de
Manaus em dois anos (vai ser difícil bater o Arthur Neto, principalmente, se os
200 milhões de dólares que pediu emprestado forem liberados), ela precisa estar na mídia.
O que pesa contra ela é que vai ter de agradar ao Eduardo Braga, que deve ser quem vai patrocinar a sua candidatura; e este tem
de agradar o Planalto, pois o seu futuro político passa pela Dilma.
Ele também corre o risco de ficar esquecido. Vai
precisar asfaltar a BR 319, conseguir verbas para prefeitos (vai virar porteiro),
e outras coisas mais, para chamar atenção para a sua pessoa. Deverá enfrentar
uma pedreira chamada Arthur em quatro anos, se decidir concorrer ao governo do
Estado. Resumo da ópera: nem Braga, nem Rebeca terão coragem de dizer que o rei
está nu, quando for necessário. Ou seria a Rainha? Não. São os reis dos ministérios, segundo
Nogueira, o outro. Rainha, só se for a do Planejamento.
Além do que, o mais óbvio, o governador José Melo
não deverá concordar que uma concorrente vá para um cargo tão importante. Para
quem não se lembra, o PROS é da base aliada e estava na cédula de votação (expressão
antiga, pois isso nem existe mais) da presidenta Dilma nas últimas eleições.
Eu como o FHC (será que ele vai me processar por
causa disso?) só escrevo para gente inteligente e bem informada. Por conta
disso, ¿ preciso escrever quais os motivos o Praciano na Suframa não atende os
nossos interesses? Ele abriu não, a pedido do partido ou do Planalto, de uma reeleição certa, para concorrer, contra ao Omar Aziz, ao Senado. Ganhar era missão quase impossível. Deverá receber alguma recompensa, acredito eu.
Ok. Vamos dar aos governistas federais que querem
assumir a Suframa o benefício da dúvida e deixar que indiquem o novo super (José Melo não
permitirá sem contestar). Vamos (a)creditar que a proximidade com Planalto os
torne mais capazes de terem suas demandas atendidas. Tudo é possível. Mas
antes é necessário que tenham coragem de reivindicar. Lembram-se da instalação da fábrica de
tabletes (no vernáculo mesmo) da Foxconn em Jundiaí ? Quem reclamou por nós ?
O ungido pode até ser um técnico, mas escolha é
política. Há bons nomes para assumir o posto, obedecendo os critérios de
conhecer bem o modelo, serem competentes e não terem apego ao cargo: Rodemarck
Castelo Branco, José Seráfico, Serafim Corrêa (seu apoio a José Melo foi
decisivo, mas o PSB apoiou o Aécio), Denis Minev, Jaime Benchimol, Admilton
Salazar, Afonso Lobo e Francisco Mourão para citar alguns.
Atenção! A lista é minha, não perguntei isso a eles.
Talvez não tenham interesse nenhum no cargo. Contudo, uma coisa é ter
interesse, outra é ser convidado e aceitar o desafio.
Também
colocaria nesta lista, o titular da SEMEF, Ulisses Tapajós, mas não creio que o
prefeito Arthur Neto o liberasse (talvez
atendendo a um pedido do governador), e
o Planalto aceitasse.
Nada contra Gustavo Igrejas, tudo a favor. Posso
estar errado, mas não creio que advogasse que o CBA se desmembrasse da Suframa.
Pois todo funcionário que conheci da instituição, com raríssimas exceções, acha
que aquilo é deles. E desde quando a Suframa foi criada para administrar uma
instituição como o CBA? É igual ao pai que nunca deixa o filho sair de casa.
Nós estamos falando de a própria Suframa advogar o
desmembramento do CBA para que se torne num novo INPA ou EMBRAPA, dentro das
suas funções, é claro. Contudo, super nenhum tem poder de fazer esse
desmembramento, isso tem de ser decidido em Brasília.
Só nos resta aguardar. A escolha do titular da Suframa pode ser decidido
a qualquer hora. Afinal tanto a presidenta Dilma quanto o governador José Melo não
precisam esperar 1o de janeiro para assumirem o poder.
Cláudio Nogueira
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