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sábado, 8 de maio de 2010

O Fim da Manaus Antiga, Início da Manaus Moderna

Os jornais noticiaram que a Prefeitura vai acabar com a Manaus Moderna.Que beleza ! Que maravilha! Aquilo ali pode se tornar em um dos mais bonitos cartões postais de Manaus, até mesmo da região norte. Dependendo do que for feito, o Amazonino pode entrar para história da cidade, como entrou Eduardo Ribeiro (infelizmente isso não aconteceu).
Aquilo lá de moderno não tem nada. A Manaus Moderna, naquela área poderá está nascendo agora, dependendo do que lá for feito, insisto. Aquilo é a Manaus intermediária, ou atrasada, porque a Manaus antiga, com a arquitetura do mercado municipal Adolpho Lisboa era muito bonita.
Em 2000, passei dois meses no Japão fazendo um curso sobre desenvolvimento e projetos industriais. Tínhamos aulas em Tóquio, mas nos deslocavamos com frequência para outras cidades, para visitar empreendimentos públicos e privados. E um dos projetos que recebemos informações detalhadas foi a revitalização da área portuária de Yokohama. Quem esteve lá, para a final da Copa de 2002, possivelmente, conheceu uma parte muito bonita da cidade chamada Mirato Mirai 21, ou Porto do Futuro 21 (http://www.japan-guide.com/e/e3200.html), em referência ao novo século que se aproximava. Lá tem um prédio bastante alto, no formato de um barco a vela, que mais tarde foi imitado, e também pode ser visto em Dubai.
A área, segundo a administração do consórcio que a revitalizou, tinha a forma de um U. Em uma das pontas, o porto, na outra a estação ferroviária, que no Japão são sempre bem movimentadas. E no meio, nada. Nada que prestasse. Desvalorização imobiliária, prostituição, degradação material e humana, marginalidade, cheiro de urina, drogas, e tudo mais que conhecemos muito bem.
O que foi que o governo fez ? Um novo bairro ? Sim, essa é a resposta deles. A minha é que fizeram uma mini cidade dentro de Yokohama, com shopping centers, centro de convenções, museus, hoteis, supermercados, a torre mais alta do Japão, Landmark Tower; o Cosmo Clock 21, um parque de diversões e uma infinidades de prestações de serviços.
Como fizeram isso? Criaram uma empresa, cujos sócios eram os governos estadual e municipal, empresas privadas, algo parecido com a nossa PPP, parceria pública privada. A empresa comprou a área, fez a infraestrutura e os prédios que desejava fazer e revenderam o resto. Depois que a iniciativa privada soube o que iria ser feito, não faltou comprador, assim ajudou a financiar o investimento. O resultado foi espetacular.
O consórcio, como eles chamam a empresa, recebe empresas, governadores, prefeitos, executivos, estudantes e curiosos, do mundo inteiro para conhecer como se deu o processo, e explicam tudo nos detalhes.
Com vasto material, voltei para o Brasil empolgado com a idéia. A área que tinha em mente era justamente a da Manaus Moderna, sempre achei que aquela bagunça e sujeira tinham de sair dali. Mandei o material para o vice-governador Samuel Hanan, depois falei com o prefeito Alfredo Nascimento, a quem entreguei pessoalmente em seu gabinete, que imediatamente, na minha presença, passou para o Paulo Jacob, seu assessor. Não posso críticá-los, cada governo tem suas prioridades. Apesar de ser um passado recente, a situação era outra. Ontem mesmo éramos devedores do FMI, hoje somos credores, vamos emprestar US$ 286 milhões para a Grécia via Fundo Monetário, noticiaram os jornais essa semana. Mas não posso deixar de elogiar a atitude da atual administração.
Resultado de imagem para feira da banana manausEntreguei o material que possuía, juntamente com um texto explicativo,números e valores e fazia referência as outras áreas, cidades e países, e quão bonito a frente de Manaus poderia se tornar.
De que estamos falando? De derrubar o mercado/feira (e feira da banana- Babá Bessa, me empresta aí o teu vixe! Vixe!) do local e fazer uma praça bonita ? Que pobreza! Isso é pensar pequeno. Falo de algo como, o bastante conhecido dos amazonenses: Bayside Market Place, em Miami; ou do Vieux Carré, em Nova Orleans; Puerto Madero, em Buenos Aires, Riverside de Atlantic City, em Nova Jersey e assim por diante. No nosso caso seria um beira-rio.
De onde viria o dinheiro? Do orçamento próprio da Prefeitura, do governo do Estado, do Banco Mundial, da Corporação Andina de Fomento (que já financiou viadutos), do Banco Interamericano de Desenvolvimento, do Ministério das Cidades, do Ministério do Turismo, do BNDES, dos parceiros privados, das revendas de lotes comprados, etc.
É trabalhoso, mas é possível e viável. Brasília foi tudo isso e muito, muito mais; em uma dimensão muito maior.
De que estamos falando ? Estamos falando de um mega projeto, arrasa-quarteirão, no sentido figurado e físico. Para quem fez o Prosamim, faz a ponte sobre o rio Negro (R$ 1,1 milhões), vai fazer a nova Arena esportiva (R$600 milhões), o monotrilho (?) (R$1,3 bilhão), fazer a verdadeira Manaus Moderna não seria nenhum bicho de sete cabeças.
E o que fazer com o povo que trabalha na velha Manaus Moderna ? O povo que trabalha lá vem de longe, da periferia. Portanto, se deslocar, é com eles mesmo. E o povo que compra também.
Quando era adolescente fui muitas vezes com o meu pai fazer compras no CEASA, que fica também fica perto do rio Negro, e está entregue as baratas. Muda esse povo para lá. Ou outra opção seria a estação de passageiros da balsa são Raimundo-Cacau Pireira recém inaugurada (hoje fechada). Qual será a utilidade dela depois da inauguração da ponte ? Com certeza, gestores e legisladores públicos estão muito mais capacitados do que eu para encontrar  uma solução. A função deles é encontrar soluções, a minha é dar palpite. E se a medida de fechar a Manaus Moderna já foi anunciada, é porque o novo local já existe.
É tudo uma questão de vontade política, já dizia JK. Quem sabe na nova “ação conjunta” entre Estado e Prefeitura o meu pedido seja atendido, e construam a verdadeira e nova Manaus Moderna. Para mim o importante é ser construído, seja pelo atual ( essa opção está descartada), ou um novo prefeito.
Seja como for, não posso deixar de elogiar a iniciativa da atual administração de acabar com a feira/mercado na frente da cidade; herança de uma época que já acabou, como ainda se ver em várias cidades do interior,localizadas nas margens dos rios onde elas foram fundadas. Na beira-rio, encontra-se o mercado, e mais adiante a igreja.

Vamos substituir a velha Manaus Moderna por algo que o turista lá de dentro do transatlântico se admire e os manauaras sintam orgulho.

Cláudio Nogueira

3 comentários:

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  2. Gostei muito da idéia e apesar de não ser de Manaus, gostaria muito de ver uma obra desta implantada. Não entendo nada de arquitetura e paisagismo, mas por que não colocar também nesta área, um espaço, lógicamente apropriado e bem construído, para o comércio popular(shopping dos camelos)? Digo isto porque acho um absurdo o que vemos na Eduardo Ribeiro com relação ao incorreto uso das calçadas pelo comércio popular, que o fazem pela falta de um espaço apropriado.

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  3. Grande ideia, Claudio. Excelente seu artigo. Que, em si, poderia se transformar numa debate da sociedade sobre o assunto. Você cita o exemplo do Japão. Hong Kong fez igual. A China está fazendo o mesmo, assim como a Coreia do Sul, Malásia, Indonésia e até o Vietnã, que, de inimigo transformou-se em sócio do Tio Sam.
    À exemplo da Manaus Moderna, temos também a área de nosso histórico Manaos Harbour, hoje, sucateado, está entregue ao deus dará. As autoridades de nosso Estado, por conveniência, confiam em todo mundo, menos nos técnicos locais.
    Grande abraço.

    Marcos

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