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terça-feira, 29 de março de 2011

Desmatamento de Manaus

Dia 26, sábado último, assisti a palestra do ex-presidente americano Bill Clinton, em um dos auditórios do Centro Universitário do Norte - UniNorte. A quase-universidade, que tem trinta e um mil alunos, há alguns poucos anos passou a pertencer a Laureate International University. Dona de uma série de universidades em 21 países, com um total de 600 mil alunos, segundo informou o seu presidente, ao fazer a introdução de Clinton. Mr. Clinton matou dois assuntos numa só viagem: veio a Manaus na qualidade de chanceler da Laureate e para participar do II Fórum de Sustentabilidade. E pelo que li na imprensa, ele disse quase a mesma coisa nas duas palestras. No Brasil já havia visitado a Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo, e está indo para Natal visitar a Universidade Potiguar, depois para o Peru e Colômbia. Quando estava esperando para a palestra começar aproveitei para puxar conversar com um vizinho de assento, por ser um ambientalista (Marina Silva também estava presente), e para reclamar sobre o desmatamento do igarapé do Franco, aquele que corre entre as duas pistas da avenida Brasil. Reclamei que toda vez que fazem uma obra lá, derrubam o muro e um bocado de árvores. Reconstroem o muro, mas não replantam as árvores. Há partes que estão inteiramente sem árvores. Eu me preocupo muito com isso. Eu fico realmente bastante irritado com isso. Há tempos vivo pedindo aos amigos que têm acesso a imprensa para fazerem uma reportagem sobre esse assunto: o desmatamento oficial em Manaus e a falta de árvores em muitos lugares da cidade. Deem uma olhada na avenida Torquato Tapajós, perto do Clube Municipal, só para ficar com um exemplo. Tem canteiro que poderia ser colocado árvores mais não tem nenhuma. O mesmo acontece com a av. Noel Nutels ou Max Teixeira, na Cidade Nova.

Encontros de Ambientalistas e a falta de árvores

Os "nossos ecologistas" estavam todos lá no Hotel Tropical, no fim de semana, no Fórum, com Clinton, Cameron, Exterminador do Futuro e várias outras estrelas. E o nosso futuro como é que fica ? Somos os paladinos do meio ambiente, mas não fazemos o dever de casa. Vou repetir: as obras públicas desmatam área urbana que já tem poucas árvores e não replantam nada. E as obras do Prosamin ? Um programa social altamente elogiável. Acabou com várias favelas, o que é muito difícil; mas não plantaram uma única árvore. Me mostre as obras do Prosamim, que eu te mostrarei a inexistência de árvores. Deus abençoe que fez a obra do Prosamin no início da avenida Brasil. Facilitou muito o trânsito para quem vai para São Raimundo, Glória, São Jorge, Compensa, Santo Agostinho e Ponta Negra. Na fim da av. Caco Caminha e início da Brasil, onde foi construída a nova ponte, localizada onde a avenida divide Santo Antônio do São Jorge; onde está sendo construindo mais um Centro de Convivência da Família, tem um campo, um gramado lindo, um pasto lindo, dá até para criar gado. Uma área enorme, sem uma única árvore plantada lá. Há espaço livre nas duas margens da avenida para se fazer uma arborização bonita. O terminal das balsas no porto de São Raimundo ficou bonito, mas e arborização no local ? Nada, absolutamente nada. E um calor infernal. Eu seria capaz de escrever umas cinco páginas sobre a falta de árvores em Manaus e o desmatamento provocado por obras públicas na área urbana. O cidadão comum para derrubar uma árvore tem de pedir autorização, mas os órgãos municipais ou estaduais não. Usam e abusam deste direito. Olhe para o início da rua Ferreira Pena. No trecho que vai até a praça da Saudade, você passa debaixo de um túnel de árvores, que coisa maravilhosa. Veja como é bonito a arborização da av. Getúlio Vargas e do boulevard Álvaro Maia. Passeie na estrada do Turismo, ou na via de acesso ao aeroporto pela Torquato e olhe para o termômetro do carro, de noite a temperatura cai até quatro graus Celcius. Lá, isso não causa muita admiração, temos parte da selva intacta. Mas observe o termômetro do seu carro quando estiver subindo a ladeira de são Jorge, vindo da av. Constantino Neri, que você vai ver a temperatura cair quando estiver lá pela frente do CIGS, Centro de Instrução de Guerra na Selva do Exército. Do lado direito temos o quartel, com uma mata linda intacta. As instalações prediais do quartel foram construídas longe da avenida, ficando uma mata entre o quartel e a pista. Do lado esquerdo fica a vila Militar (uma delas) e, por toda a margem da pista um bosque de árvores. Que beleza é aquilo ali. Eu espero que não tenha de dizer num futuro breve que aquilo lá era uma beleza.

A Selva do Cigs

Isso que estou escrevendo aqui comentei com a pessoa que sentou-se ao meu lado antes da palestra, mas que depois foi convidado a senta-se na primeira fila do auditório, onde se sentaram os vips. Ela (a pessoa) me disse que essa mata preservada do CIGS corre o risco de desaparecer, porque o EB fez um acordo de permuta com uma construtora: esta entrega apartamentos funcionais para o Braço Forte, Mão Amiga, e este entrega aquela área para que seja construído prédios residenciais. É o fim da picada! Das trilhas e outras coisas que lá existem. Eu que nunca entrei na lista dos agraciados com a Medalha do Pacificador, devo entrar na relação das medalha de delator. Mas deveríamos pedir a Unesco para declara a mata virgem do CIGS como patrimônio mundial dos Manauaras. Ou ao governo para tornar aquilo uma unidade de conservação federal. Senão corremos o risco com o fim das áreas verdes, de transformarmos o Inferno Verde, em somente Inferno. Contudo, creio haver algum equívoco nessa história. Consultei os assessores jurídicos do blog, e eles me disseram que a permuta, embora não seja impossível, não é muito provável, porque é uma coisa juridicamente muito trabalhosa;e quem autorizaria, por serem terras federais, não seria, nem o Exército, nem o Ministério da Defesa, mas o SPU, Serviço de Patrimônio da União. Então deixemos a permuta de lado, por falta de provas. Parece que é alarme falso, e voltemos a falta de árvores em Manaus.

Verde que te quero verde

E o que é que eu entendo de arborização ? Vou ser obrigado a dizer isso, vou ser chamado de borçal. Agradeço todos os dias a Deus por isso, mas digo que não sei quantas cidades no mundo eu conheço. Solteiro até os 40, com casa, comida e roupa lavada, o dinheiro só fazia acumular. Morei em Atlanta, Baton Rouge/Nova Orleans, Fukuoka, Kumamoto,Tóquio, Paris, White Plains/Nova York City, Miami e Ottawa. Já visitei muitas outras, posso dizer que sei o que é uma cidade arborizada. Já visitaram João Pessoa ? Pois, eles deveriam. E eu sei o que o turista estrangeiro acha que vai encontrar em Manaus. O nacional também. Não raro um conhecido que nos visita expressa a decepção pela falta de árvores em algumas áreas da cidade. Nós medimos o desmatamento da floresta, meçamos o desmatamento urbano. Esse não apresenta o menor índice de redução. Protestar às vezes funciona. Houve quem reclamasse da construção do Manauara Shopping. Não foi inútil a reclamação, eles preservaram uma área de buritis localizada dentro do shopping.

A Copa do Mundo e a cidade

A Copa do Mundo de 2014 está na nossa porta, temos de melhorar, embelezar a nossa cidade. O nosso aeroporto está aquela vergonha. Fico imaginando Bill Clinton, Arnold Scharzenegger, James Cameron apresentando o passaporte no desembarque internacional: um quiosque fureca, onde ficam os agentes federais. Uma vergonha. Como Clinton mencionou, somos a sétima maior economia do mundo, com prazo já determinado para nos tornamos a quinta. No próprio CIGS - possivelmente por falta de verbas e apoio - o zoológico, praticamente, não existe mais. Quando é que realmente vai cair a ficha e nos darmos conta que vamos ser anfitriões de um evento que pode encher a cidade de alemães, italianos, ingleses ? Tudo é possível, se considerarmos que o sorteio da FIFA é honesto. Contudo, os turistas felizes ou mal dizendo vem e vão embora, mas somos nós que vivemos e amamos Manaus que sofremos com as consequências da péssima arborização da cidade. E o que deve ser denunciado agora é o crescente desmatamento urbano, a falta de áreas verdes. Isso é necessário porque a cidade não vai parar de crescer.


PS 1. O nosso querido coronel comandante aluno da turma do CMM de 1978, a primeira a estudar todas as séries do Colégio, é hoje coronel do Exército Brasileiro e trabalha com o comandante do EB. Espero que ele não tenha ficado chateado comigo. Deve ter outra solução para o EB conseguir mais residências para o seu pessoal. É que Manaus está se tornando em uma cidade mais quente do que sempre foi. O mundo está mais quente. Contra o global warming, precisamos de um global warning.

3 comentários:

  1. NOGUEIRA,

    ATIRASTE NO QUE OUVISTE E ACERTASTE NO QUE NÃO SABES.

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  2. "Contra o global warming, precisamos de um global warning". É isso aê professor tou contigo e não abro!!
    Adm. Samara Castro

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  3. Venho acompanhado as suas analises e elas sao sempre muito proveitosas. Mas sinto falta da politica estadual, vc tem alguma analise sobre a proxima reengenharia politica do Amazonas? Eduardo vs Omar ou Omar e Eduardo vs outros? Abracos. meu email é lourencomestrinho@hotmail.com

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