Pesquisar este blog

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O Amazonas e a eleição da Dilma

O Amazonas foi o estado que, em termos percentuais, contribuiu com mais votos para a eleição de Dilma Roussef. Contribuiu muito bem, mas isso é relativo. Isto é, só ganho percentual não é suficiente para ganhar eleição. No Amazonas Dilma teve 80,57% dos votos válidos, contribuindo de forma líquida com a candidata petista com 866.274 votos; e o Rio de Janeiro obteve 60,48% dos votos válidos para Dilma, ou seja, 20% a menos, mas a sua contribuição líquida foi de 1.710.186 votos, quase o dobro. Não estou dizendo que o Amazonas não cooperou muito com a petista, nada disso. Estou dizendo que ganho percentual não é tudo. Vejamos o caso de Mato Grosso do Sul, onde Serra liderou recebendo 55,13% dos votos válidos. Sabe quanto isso representou de votos a mais do que os obtidos pela Dilma ? 127.022 votos.
A imprensa divulgou que Dilma ganhou nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste; Serra no Sul e Centro Oeste. Mas preste atenção nisso: no Nordeste Dilma teve mais de 10 milhões de votos a mais do que teve José Serra. E este teve somente 128.995 votos a mais que Dilma no Centro Oeste.
Excetuando-se os votos vindos do exterior; Serra, em 11 estados, teve 3.543.278 votos a mais que Dilma. E ela teve nos outros 15 estados + o DF 15.402.871 votos a mais que Serra.
À propósito, a cidade que mais contribuiu, percentualmente, para vitoria de Dilma foi Calumbi, Pernambuco, onde Dilma obteve 96,51% dos votos válidos. Serra teve seu maior percentual em Porto Acre, com 80,33%.
Ganha uma passagem a pé para Itacoatiara, com direito a acompanhante, quem disser, quais foram as cidades que Dilma e Serra tiveram os menores índices percentuais. Promoção válida até meia noite de hoje.
Enquanto isso em Calumbi:
"Os fogos de artifício já estavam prontos e os veículos das lideranças políticas posicionados no Centro da cidade para uma carreata de comemoração. Às 17h30 do domingo, pulos e gritos de euforia explodiram. 'É Calumbi, de novo', diziam os moradores. Pela segunda vez, Calumbi - município pernambucano no Sertão do Pajeú, a 360 quilômetro do Recife - deu a maior votação proporcional a presidenta eleita Dilma Rousseff (PT). 96,5% dos votos válidos, o equivalente a 4.142 pessoas contra 150 de José Serra, do PSDB (3,4%). Já havia conquistado esse mesmo feito no primeiro turno da eleição presidencial (94.8%) e almejava mais." escreveu o Diário de Pernambuco (http://www.diariodepernambuco.com.br/2010/11/02/politica2_1.asp).
Na verdade, Calumbi perdeu para Havana, Cuba. Lá Dilma teve 97,64% ou 248 votos. Seis eleitores votaram em Serra.
Dilma Rousseff ganhou em todos os municípios de Pernambuco, Maranhão, Amazonas e Amapá. No Ceará, somente Viçosa do Ceará deu vitória ao tucano José Serra, onde teve 51,36% dos votos válidos.
Isso não caiu do céu. Em Pernambuco, o neto de Miguel Arraes, Eduardo Campos (PSB) arrebentou nas urnas, reelegendo-se no primeiro turno com 82,84% dos votos válidos, derrotando Jarbas Vasconcelos, ex-prefeito, ex-governador - que ano passado fez severas críticas as irregularidades de seu próprio partido - e membro da ala do PMDB que não apoiou Dilma. O resultado das urnas também aposentaram Marco Maciel, que perdeu a reeleição para o Senado.
No Ceará Dilma contou com o apoio de Cid Gomes, também do PSB, governador candidato a reeleição, cujo coordenador da campanha foi seu irmão, Ciro Gomes. Venceram com 61,27% dos votos válidos. Lula deverá dá-lhes um agrado por terem desempregado Tasso Jereitassi.
Estados que mais contribuiram percentualmente com Dilma Rousseff:
1 -Amazonas = 80,57%
2 -Maranhão = 79,09%
3 -Ceará = 77,35%
4 -Pernambuco = 75,65%
5- Bahia = 70,85%
6- Piauí = 69,98%
Estados que mais contribuiram com votos líquidos para a vitória de Dilma Rousseff:
1- Bahia = 2.788.495
2- Pernambuco = 2.344.718
3- Ceará = 2.325.841
4- Minas Gerais = 1.797.831
5- Rio de Janeiro = 1.710.186
6- Maranhão = 1.687.697
7- Amazonas = 866.274
Pernambuco e Ceará preparam a fatura para entregar a Dilma. O Maranhão já teve sua recompensa, o PT nacional peitou o PT local e apoiou Roseana Sarney que foi reeleita; na Bahia, o governador reeleito, Jacques Wagner é do PT. O Rio de Janeiro, como no Maranhão, o governador é do PMDB, portanto, já faz parte do governo. E o Amazonas ? De quem é o mérito desses votos todos ? Quem vai cobrar essa fatura? Em 2002, Serra contra Lula, o tucano teve votos 311.175; oitos anos depois Serra contra Dilma, os votos dele encolheram para 275.333. Há oitos anos nós não sabíamos como o governo Lula trataria o Amazonas, agora já sabemos.
Acabou-se o tempo em que quem ganhava em São Paulo, ganhava no Brasil. O Estado deu uma vantagem de 1.846.036 votos a Serra. Minas Gerais praticamente anulou isso. O segundo colocando no ranking de Serra foi o Paraná com uma vantagem de 633.130. Lá o governador eleito, Beto Richa (PSDB) - que entrou na justiça e ganhou, para que as pesquisas de intenção de voto não fossem divulgadas na impressa - prometeu um milhão de votos de diferença pró-Serra, mas não cumpriu o prometido.
Retirando São Paulo, a soma dos outros dez estados em que Serra ganhou somam 1.697.242 votos. O Maranhão sozinho tirou essa diferença. E depois os PSDBistas querem colocar a culpa no Aécio. Como disse Zé Dirceu ontem a noite no programa "Roda Viva": "Agora é crise no partido porque eles estão praticamente empurrando o Aécio Neves para fora do partido. E quem autoriza isso está querendo que ele saia." Ele sai num dia, noutro o Lula marca um encontro com ele. Não creio que Lula o convide para o PT, mas vai querer "ajudá-lo" a decidir para qual partido deva ir. Não acredito que saia. Se sair leva a metade do PSDB e Minas inteira junto. Esperemos acalmarem-se os ânimos.
Com a vitória de Dilma abre-se um novo posto de trabalho para as mulheres no Brasil. Mas em outros paises da América Latina isso não é novidade. Dilma Roussef será a 11ª mulher a ocupar o esse cargo. Oitos foram eleitas: Isabel Péron, Argentina (1974-1976); Lídia Tejada, Bolivia (1979-1980);Violeta Chamorro, Nicaragua (1990-1997);Rosalia Arteaga, Equador (1997);Mireya Moscoso,Panamá(1999-2004); Michelle Bachelet, Chile (2006-2010); Cristina Fernández, Argentina (desde 2007); Laura Chinchilla,Costa Rica (2010). Janet Jagan da Guiana (1997-1999) e Ertha Pascal-Trouillot do Haiti (1991) não chegaram ao poder pelo voto direto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário